Pesquisar por

Objeto

Agentes

Atividades

Documentação

Testemunho de Arménio Rodrigues Gomes, Miranda do Douro

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Título
Testemunho de Arménio Rodrigues Gomes, Miranda do Douro

Conteúdo

Registo da Observação ou Conversação

Entrevista realizada em dezembro de 2023 no gabinete do Arménio Rodrigues Gomes, vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Miranda do Douro. Entrevista realizada pelas investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo.

Hospital e saúde

"E para parir, para dar a luz, faziam aqui os partos! Tudo!... Agora para qualquer coisinha… Porto, Bragança, Vila Real. É um problema… Na gravidez tem aquelas consultas de rotina… mas nós qualquer coisinha as vezes: Zamora! “Olha, estava nas compras ali no shopping e senti-me mal”: cartão europeu, como está sempre atualizado, qualquer coisinha. É mais facil! Do que ir até Bragança, não?".

Outras questões- Antiga feira

O testemunho de Arménio permite-nos constatar a estreita relação entre a antiga feira e a agricultura. Este facto é interessante se pensarmos na nova etapa (de produção-distribuição) aberta pelos hipermercados:

Entrevistadora: Será que a gente deixou de produzir na agricultura?

Arménio: "Sim, a agricultura aqui já quase está… Porque não, não dá… vamos lá ver, as pessoas fabricam e depois onde vão vender?"

A feira era o local específico para a venda de produtos hortícolas: gado, galhinas, legumes... Também se encontravam ali profissionais ligados à agricultura: “Tudo o que era inerente à agricultura, havia sempre... e eram as profissões quase específicas: vou fazer uma coisa, outro fazia outra…”. Havia profissões que hoje já não existem mais: os ferradores, os albardeiros, os “lateiros” (que faziam artigos de lata de uso quotidiano, que depois serão substituídos pelo plástico)… Atualmente a feira é utilizada como local para venda de roupas, e alguns alimentos mais específicos como frutas ou queijo. Os vendedores já não são das aldeias perto de Miranda.

"E era um encontro também das pessoas que estavam nas aldeias, não é? Não havia Casas do Povo. E as pessoas aproveitavam sempre a dar um bocadinho de conversa, como é que está tudo, e era aí que.... Mais mais apareciam. E a gente gostava de ir à feira: "olha Fulano já morreu -Coitado…". Era era assim que funcionava!"

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Testemunho de Arménio Rodrigues Gomes, Miranda do Douro. Acedido em 31/10/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/notas-de-observacao-ou-conversacao/28580/testemunho-de-armenio-rodrigues-gomes-miranda-do-douro

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).