1949.02.12 - Na Memória Descritiva e Justificativa do "Projeto da Cozinha Económica e Obras de Caridade Acessórias a construir na Covilhã", os arquitetos Manuel Fernandes de Sá e Joaquim Areal, então funcionários da Direção de Edifícios e Monumentos do Norte, sediada no Porto, apresentam o programa e os aspectos técnicos e arquitetónicos relacionados à construção. No rés-do-chão, situam-se a "cozinha com capacidade para confecção de 1.000 refeições diárias", um "posto de distribuição de refeições gratuitas" e um "reduto nas traseiras do prédio com entrada para carros com géneros e para a entrada de socorridos pobres a receber refeições gratuitas, por forma a não serem vistos do público que transita", além de depósito de combustíveis e gêneros. No 1º andar, ficam "dois refeitórios com entrada pela fachada principal" e "possivelmente, pousada para 16 camas em móveis de duas, sobrepostas, para mendigos de passagem". O 2º andar é dedicado ao "alojamento das freiras, composto de pequeno oratório, alojamento para 5 serviçais com sanitários e alojamento em clausura para 4 freiras, além de uma "pousada para mulheres mendigas com cinco camas - uma para a vigilante - e sanitários".

Ainda de acordo com os arquitetos, "Analisando os vários serviços que compõe o programa, sua independência funcional e solução necessária a obter imposta pela finalidade do edifício, se adotou o partido de planta que se apresenta, de composição simples e condicionada à natureza do edifício. (...) O aspecto arquitetónico das fachadas é de composição simples e clara, com caráter moderno e adaptando-se bem à finalidade do edifício. Os refeitórios francamente iluminados por janelas sobre a rua serão agradáveis e alegres. O alojamento das freiras e pousadas caracterizar-se-ia por alçados de aspecto recolhido e íntimo."

O projeto organiza~se em torno de um longo eixo que atravessa dois volumes de dois e três pisos e ajuda a separar homens, mulheres e crianças; no centro, a cozinha propriamente dia e refeitórios especializados. Nos andar superiores, ficam os dormitórios coletivos e pousadas e por cima destes os quartos das religiosas e salas de trabalhos, rouparia, corte e costura.