Administração Florestal da Covilhã - Construção do edifício
Volume único composto de correspondência trocada entre o arquiteto Jorge Santos Costa, os serviços da DGEMN e a Administração Florestal, além do projeto de arquitetura da sede da entidade na Covilhã e pareceres sobre o projeto.
Identificação
Análise
Em documento não datado, intitulado "Programa a que deverão obedecer as obras a projetas no ano de 1950", o engenheiro silvicultor e Diretor Geral da Administração Florestal apresentou o programa que deveria orientar o projeto da sede da entidade a construir na Covilhã: "A concepção deste edifício, destina-se à criação de novas instalações para a sede da Administração Florestal já existente, devendo ter-se presente que a obra é para implantar em plena região serrana e porque ali as condições de aspereza de clima impõem precauções especiais contra ventos intensos e frequentes nevões". Além de 4 gabinetes, destinados ao administrador, dois ao serviço de contabilidade e arquivos e um para os "trabalhos de gabinete, em especial os que respeitam a levantamentos topográficos", o programa previa a construção da residência do administrador, dividida em dois pisos.
1950.09 - Na Descrição Sumária do Projeto, assinada pelo arquiteto Jorge Santos Costa, lemos que o "edifício que se desenvolve em três pavimentos e possui um aproveitamento da cobertura (...) que serve cumulativamente a Administração Florestal e a residência dos funcionários." No primeiro pavimento estavam localizados os serviços da entidade, enquanto no segundo e terceiro a residência do administrador; na cobertura "três quartos servidos por uma casa de banho provida de chuveiro e uma casa de jantar, (que) constituem de acordo com o programa fornecido, uma reserva imprescindível", destinada a "albergar os funcionários das várias Sedes da Administração do país em regime de prestação de serviços, na maioria estudos demorados como os de cultura de pastos, estudos sobre a erosão, novos sistemas de conservação do solo, etc". A respeito do aspecto arquitetónico, o arquiteto Santos Costa afirmou que o "exterior apresenta-se fortemente acentuado o aspecto da casa para a serra, com o seu rude envasamento de granito e os rebocos fortes e ásperos em contraste com as empenas guarnecidas com troncos de madeira. Ao autor não mereceu dúvidas neste caso especial, o emprego de madeiras em paramentos exteriores, não só porque ela abunda e poderá ser fornecida, e mais tarde conservada pelos Serviços Florestais sem mais encargos, como contribui poderosamente para o isolamento térmico da construção." O custo previsto para a construção era de 580.800$00. O projeto é composto de uma planta topográfica, plantas dos três andares, alçados e cortes.
1950.10.17 - No parecer da Comissão da Direção dos Serviços de Construção da DGEMN que analisou os projetos para as sedes da Administração Florestal em Viseu e na Covilhã, lemos que, com relação ao "aspecto", este último é "francamente bom e o partido adotado para o arranjo das fachadas poderá, de futuro, contribuir para que em novas construções a executar na Serra da Estrela, mesmo de particulares, se abandone o sistema normalmente seguido de construir edifícios sem as características próprias do local". Após fazer considerações a propósito da adequação das áreas ao programa, a Comissão recomendou a aprovação deste anteprojeto, ressaltando que faltavam elementos para considerar o projeto completo (cálculo de estabilidade, medições e orçamento, instalações e mapa de acabamentos).
1950.10.28 - Em despacho, o Subsecretário de Estado das Obras Públicas aprovou a alteração do anteprojeto do arquiteto Santos Costa, recomendando "ao autor do estudo a maior urgência na conclusão do projeto". O orçamento foi então fixado em 554.400$00.
1951.02.28 - A Comissão da Direção dos Serviços de Construção da DGEMN elaborou novo parecer acerca de uma nova versão do projeto em que refere que "o arquiteto tenha reduzido substancialmente as do primitivo estudo procurando dar satisfação ao determinado". Esta versão do projeto estava acompanhada dos cálculos de betão armado e orçamentos, "em condições de merecer aprovação". Na Memória Descritiva que acompanha o parecer, não datada, o arquiteto Santos Costa esclareceu que " suprimiu-se um andar e resolveu-se o programa apresentado pela Direção-Geral dos Serviços Florestais e Aquicolas", reduzindo a área total e passando as dependências destinadas para o rés-do-chão.
1951.09.19 - O Engenheiro Diretor Geral escreveu ao arquiteto para comunicar que, de acordo com determinação do Subsecretário, deveria apresentar o projeto da sede da Administração Florestal da Covilhã "até o fim desta semana, sob pena de lhe ser retirado o referido projeto".
1951.10.09 - Filipe Jorge Mendes Frazão, Diretor Geral dos Serviços Florestais e Aquicolas, escreveu ao Ministro da Economia para afirmar que considerava "imprescindíveis as dependências que na sede da Administração Florestal a construir na Covilhã permitiriam a instalação temporária de técnicos em serviço de inspeção ou de estudo". De acordo com o engenheiro, "As vantagens que essas instalações, no centro ou na proximidade dos serviços e onde se pode constantemente dispor de todos os elementos de trabalho tem trazido para a administração ou de ordenamento, de caminhos ou de correcção torrencial e ainda nos estudos para o Plano de Fomento Agrário e na própria inspecção dos serviços tem sido de tal ordem que se afigura a esta Direção-Geral compensarem largamente o pequeno aumento de despesa da sua construção no programa já extremamente reduzido que se apresentou".
1952.05.01- O Diretor da DGEMN encaminhou ao Subsecretário de Estado das Obras Públicas o projeto definitivo do edifício sede da Administração Florestal da Covilhã, elaborado pelo arquiteto Jorge Santos Costa. A Memória Descritiva que acompanha o processo, datada de 1952.05.01, repete os termos das versões anteriores.
1952.07.03 - A Comissão da Direção dos Serviços de Construção da DGEMN elaborou novo parecer acerca do projeto, em que destaca as qualidades do terreno em "excelente situação, bem orientado e dominando um vasto panorama de arvoredo e vegetação", além da "conceção geral dos alçados (...) bem traçada e com nítida intenção de caráter local", recomendando sua aprovação.
1952.09.04 - O Decreto n.º 38 893 autorizou a contratação de João da Costa Riscado para realizar a obra, pela importância de 410.000$00 e prazo fixado em 300 dias.
1952.10.24 - Foi celebrado o contrato entre a DGEMN e João da Costa Riscado para a construção do edifício sede da Administração Florestal da Covilhã pela importância de 410.000$00 e prazo fixado em 300 dias.
1953.09.12 - O construtor civil João da Costa Riscado escreveu ao Ministro das Obras Públicas para "mui respeitosamente rogar a V. Excelência lhe conceda a prorrogação do prazo de conclusão da referida obra para 31 de Dezembro de 1953".
1954.04.03 - Foi lavrado o Auto de Recepção Provisória da empreitada de Construção de um Edifício para a Sede da Administração Florestal da Covilhã, na presença dos engenheiros Álvaro Teixeira Morais Pinto de Almeida, Artur Martins Freire de Andrade Pimentel e do arquiteto Manuel Lopes de Montalvão, todos da Direção dos Edifícios Nacionais do Centro, além do adjudicatário da obra, o construtor civil João da Costa Riscado.
1954.04.14 - O Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Coelho abriu um Inquérito administrativo respeitante à empreitada de Construção de um edifício para a sede da Administração Florestal da Covilhã no intuito de facultar à "todas as pessoas que se acharem lesadas por quaisquer prejuízos, tais como: falta de pagamento de salários ou de materiais, apresentar as suas reclamações".
1954.04.29 - O engenheiro Álvaro Teixeira Morais Pinto de Almeida, Diretor dos Edifícios Nacionais do Centro, solicitou autorização ao Diretor-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais para entregar o edifício à DGSFA, uma vez que a obra estava concluída.
1954.05.09 - O Ministro das Obras Públicas Eduardo Arantes e Oliveira mandou que o edifício fosse inaugurado, "lavrando-se o respectivo auto de entrega à Direção Geral da Fazenda Pública".
1954.05.20 - Foi lavrado o "Auto de entrega à Direção Geral da Fazenda Pública e de cessão simultânea a título precário à Direção-Geral dos Serviços Florestais e Aquicolas", na presença dos representantes da DENC, da Direção de Finanças de Coimbra e da DGSFA.
1955.02.17 - Foi lavrado o "Auto de recepção definitiva da empreitada de Construção de um Edifício para a Sede da Administração Florestal da Covilhã", na presença dos engenheiros Álvaro Teixeira Morais Pinto de Almeida, Artur Martins Freire de Andrade Pimentel e do arquiteto Manuel Lopes de Montalvão, todos da Direção dos Edifícios Nacionais do Centro, além do adjudicatário da obra, o construtor civil João da Costa Riscado.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Administração Florestal da Covilhã - Construção do edifício. Acedido em 22/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/16730/administracao-florestal-da-covilha-construcao-do-edificio