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Projeto do Edifício do Grémio da Lavoura de Alandroal

Este processo faria parte da candidatura, pelo Grémio da Lavoura de Alandroal (GLA), a empréstimo por via da figura dos Melhoramentos Agrícolas, para construção do seu edifício-sede. Da capa apenas consta a designação do processo e a cota de arquivo (na lombada).

O processo (essencialmente um projeto de execução) está dividido entre peças escritas memória descritiva e justificativa, medições, preços simples, preços compostos, orçamento, programa de concurso, caderno de encargos e cálculos do betão armado – e peças desenhadas – planta de localização, plantas dos andares, alçados e cortes. Contém também um orçamento discriminado da parte do edifício referente a armazéns, “para efeitos do empréstimo a conceder pela Junta de Colonização Interna”.

Todas as peças escritas estão assinadas por Manuel Virgínio Ferreira Camarinhas. Embora as peças desenhadas não contenham nenhuma assinatura, podermos aferir que o autor do projeto de arquitetura é também Manuel Camarinhas.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Tipo de Processo
Designação do Processo
Projeto do Edifício do Grémio da Lavoura de Alandroal
Anos Início-Fim
1957-1958
Localização Referida
ÉvoraDistrito Histórico (PT)
Outras Referências
Processo 1674 (cota arquivo)
Produtor do Processo

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1957.10
Última Data Registada no Processo
1958.03.01
Promotor
Entidade Requerente / Beneficiária
Projeto de Arquitetura (Autoria)
Manuel Virgínio Ferreira Camarinhas Agente Técnico de Engenharia 19551958Pessoa
Projeto Estabilidade (Autoria)
Manuel Virgínio Ferreira Camarinhas Agente Técnico de Engenharia 19551958Pessoa
Financiamento
Legislação Relacionada
Intervenção / Apreciação
Alexandre Manuel Fernandes Presidente da Câmara Municipal de Alandroal 1957Pessoa
Síntese de Leitura

1955.03 – Data do projeto inicial.

1957.03 – Data do projeto de alterações.

1958.01.15 – Data do Orçamento do presente projeto, assinado pelo Agente Técnico de Engenharia Manuel Virgínio Ferreira Camarinhas, de Vila Viçosa, no valor de 510.000$00.

1958.01.18 – Data da Memória Descritiva e Justificativa do presente projeto, assinada também por Manuel Camarinhas, que nos dá um panorama geral do (relativamente longo) processo que culminou na elaboração do projeto final e na construção do edifício. Este documento refere a existência de um projeto anterior, do mesmo autor e datado de março de 1955, delineado segundo o programa definido pelo Grémio da Lavoura de Alandroal (GLA), programa esse que previa “o maior aproveitamento possível da área de construção para armazéns” no piso térreo, reservando o 1º andar para a Sede do Grémio. Escreve o autor, ainda em relação a esse projeto anterior, que esses estudos “foram sempre orientados de acordo com o ambiente local, de modo a obter-se uma solução que resultasse o mais económica possível, sem todavia esquecer aquele mínimo de comodidades, indispensável ao bom funcionamento dos vários serviços e funções que cabem aos Grémios da Lavoura”.

Continua o autor, referindo que esse projeto de 1955 foi aprovado pela Direção do Grémio e pela Direção-Geral dos Serviços Agrícolas, tendo sido posteriormente enviado à Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU). Parece poder aferir-se que a localização escolhida pelo GLA para construção da sua sede não foi aceite pela DGSU, uma vez que se afirma que “inicialmente, a área onde se projetava construir o edifício (…) não estava incluída no perímetro urbano da vila (…). Posteriormente, por proposta da REU [Repartição de Estudos Urbanos da DGSU], foi alterada a localização do edifício e incluído o respetivo terreno no perímetro urbano”.

O autor do projeto continua a descrição do processo no documento de 1958, referindo a existência de um projeto de alterações, em cuja memória descritiva se diz que “depois da sugestão apresentada pela REU, o Sr. Diretor de Urbanização do distrito de Évora, deslocou-se ao Alandroal e acompanhado pelos interessados e pelo presidente da Câmara, teve oportunidade de estudar e resolver o problema [da localização do edifício], resolução com que a Direção do Grémio concordou”. Terá sido este o projeto de alterações recusado pela DGSU em março de 1957, “por razões de ordem funcional e estética”. Continua Manuel Camarinhas que “como as alterações propostas [na informação da DGSU] modificavam profundamente o projeto inicial, entendeu a Direção do Grémio, acompanhada do autor do projeto, avistar-se com os Exmos. Senhores Diretor de Urbanização do Distrito de Évora e com o Autor da Informação [cujo nome não é referido], a fim de (…) tentar solucionar o problema sem ser necessário proceder à elaboração de um novo projeto”. Em nova informação da DGSU, transcrita ainda na mesma memória descritiva de 1958, refere-se que o aditamento ao projeto também não foi aprovado, pelas mesmas razões anteriormente invocadas, concluindo-se que “a fim de habilitar a entidade a solucionar convenientemente as observações constantes das informações, junta-se um esboceto elaborado nestes Serviços que poderá servir de base à elaboração do projeto definitivo”. No entanto, segundo Camarinhas, a solução final não foi uma simples transposição do referido esboceto: “a solução agora apresentada apresenta, em planta, poucas alterações, a principal das quais é a localização do corpo da escada e instalações sanitárias no extremo esquerdo do edifício. Já o mesmo não se dá com os alçados, em especial os alçados de frente e lateral esquerdo que foram profundamente alterados”. Esta proposta final foi aprovada pela Direção do Grémio e terá posteriormente seguido os trâmites habituais até culminar na construção do edifício, inaugurado em 1960.

A memória descritiva de 1958 descreve ainda o projeto, a respetiva estrutura (em betão armado), materiais interiores e exteriores, entre outros. De assinalar as seguintes passagens: “o alçado lateral esquerdo, terá parte da sua estrutura em mármore da região aparelhada a pico grosso. É natural que num futuro próximo se projete um baixo-relevo em mármore com o motivo alusivo à vida da lavoura [atualmente não há qualquer vestígio que indique que tal baixo-relevo alguma vez tenha sido realizado]”; “o alçado principal será pintado a tinta de água, nas cores a indicar pela Fiscalização, enquanto as restantes partes do edifício serão caiadas ao uso da região”.

1958.03.01 – Data do Orçamento Discriminado, no valor de 287.000$00, da parte do edifício referente a armazéns, “para efeitos do empréstimo a conceder pela Junta de Colonização Interna [JCI]”. Deste orçamento podemos talvez aferir que, neste caso, a JCI (através da figura dos Melhoramentos Agrícolas) apenas concedeu um empréstimo relativo a pouco mais de metade do empreendimento – “todo o r/c (…), incluindo a laje do pavimento do 1º andar, teto do r/c e a cobertura” –, enquanto que o restante edifício (correspondente à sede do grémio no 1º andar) terá sido objeto de comparticipação pela figura dos Melhoramentos Urbanos (Processo 172/MU/55), como demonstrado pelas entidades intervenientes no processo e pela Portaria 3231, de 23 dezembro 1957.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Projeto do Edifício do Grémio da Lavoura de Alandroal. Acedido em 22/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/17876/projeto-do-edificio-do-gremio-da-lavoura-de-alandroal

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).