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Construção de um Mercado, em Miranda do Douro

Um volume de correspondência relativo ao processo de elaboração e apreciação de projeto e de concurso de obra. O processo encontra-se incompleto, terminando antes da adjudicação da obra.

4 volumes de projeto:

Vol. 1 - Anteprojeto de 1968: memória descritiva, peças desenhadas de arquitetura

Vol. 2 - Projeto definitivo: peças desenhadas de arquitetura e águas e esgotos, memória descritiva e justificativa, orçamento.

Vol. 3 - Aditamento ao projeto: memória descritiva e justificativa, peças desenhadas de arquitetura.

Vol. 4 - Processo de concurso, com anúncio, programa, caderno de encargos, memórias descritivas do projeto, cálculos e betão armado e rede elétrica, medições e orçamento, peças desenhadas do projeto de arquitetura e especialidades.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Tipo de Processo
Designação do Processo
Construção de um Mercado, em Miranda do Douro
Anos Início-Fim
1967-1979
Localização Referida
BragançaDistrito Histórico (PT)
Referência Inicial
Processo n.º 92/MU/68
Outras Referências
Processo provisório n.º 4/294

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1967.07.05
Última Data Registada no Processo
1979.06.11
Entidade Requerente / Beneficiária
Projeto de Arquitetura (Autoria)
Projeto Estabilidade (Autoria)
Outras Especialidades (Autoria)
Silvio Marques Engenheiro Eletrotécnico 1977Pessoa
Intervenção / Apreciação
Joaquim Duarte Carrilho Engenheiro Diretor DUB 1967Pessoa
Lévi Augusto Hortas da Silva Arquiteto Chefe 3ª ZUA. 1968Pessoa
Alberto da Costa Rodrigues Arquiteto DGSU 19681977Pessoa
António Campos Machado Engenheiro Eletrotécnico DGSU 1968Pessoa
Conselho Superior de Higiene e Assistência Social Apreciação do projeto 1968Organização
Mário Fernando da Costa Valente Diretor DUB 1977Pessoa
Manuel Maria Ferreira Rodrigues Arquiteto 2ª Classe da DUB 1977Pessoa
José Lopes Dias Diretor Geral da Saúde 1978Pessoa
Mário Ulisses da Costa Valente Diretor Geral DGPU 1978Pessoa
Manuel José Correia Engenheiro Civil DEB 1979Pessoa
Síntese de Leitura

1967.07.05 - Abertura do processo provisório n.º 4/294 pela Repartição de Melhoramentos Urbanos (RMU). Solicita-se à Direção de Urbanização de Bragança (DUB) que apresente um anteprojeto, acompanhado do parecer da Comissão Municipal de Higiene (CMH), “visto a obra figurar no Plano de Melhoramentos do Concelho de Miranda do Douro”.

A memória descritiva, de janeiro de 1968, é assinada pelos arquitetos João Vaz Martins e [ilegível], encarregados de elaborar o anteprojeto pelo presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro (CMMD). O programa, elaborado pelos mesmos arquitetos em 1966.09.20, prevê a localização do mercado num terreno com frente para o Largo do Castelo, organizado num edifício com dois pavimentos com entradas independentes. No primeiro, localizam-se as instalações do mercado, no segundo, quatro estabelecimentos, uma mercearia e três talhos. A memória expressa a intenção de não “prejudicar esteticamente tão característica cidade”, utilizando-se “materiais regionais combinados com uma estrutura de betão armado”. Estima-se o custo total do edifício em 1.532.700$.

1968.02.03 - Pedido de comparticipação da CMMD ao Ministro das Obras Públicas para a obra de construção do Mercado.

1968.03.11 - Apreciação do anteprojeto pelo Arquiteto Chefe da 3ª Zona de Urbanização e Arquitetura, Lévi Hortas da Silva, após visita ao local. Informa que, atualmente, a venda de produtos alimentares se realiza em “barracões desmantelados” sujeitos às “rigorosas condições climatéricas”. Nota-se que o programa é “omisso no respeitante a locais de preparação de géneros”. Quanto ao partido estético, considera-se que os volumes de integram nas características da cidade, mas que “o tratamento dado à relação de paramentos rusticados com os somente rebocados” deve ser revisto. Quanto ao partido funcional, refere-se que faltam instalações sanitárias nos talhos e que a localização dos serviços de exploração é deficiente.

1968.03.28 - Abertura do processo definitivo n.º 92/MU/68 pela RMU.

1968.06.20 - Aditamento à apreciação anterior, assinada pelo arquiteto Alberto Rodrigues e pelo engenheiro eletrotécnico A. Campos Machado, da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU). Consideram que existe “um certo divórcio entre a zona de lojas, no piso superior e as restantes zonas, no piso inferior, julgando.-se que haveria vantagem em haver algumas lojas com acesso pelo interior do mercado”. Aponta-se também que a solução em pátio pode não ser “a mais aconselhável para o rigoroso clima da região, admitindo-se que um edifício totalmente fechado” seria mais adequado. Refere-se que a área total, de 880m2, é “bastante inferior à que deveria ter segundo as Normas oficiais”. Tendo a freguesia de Miranda do Douro 5.867 pessoas segundo o recenseamento mais recente, o mercado deveria ter 1.173m2. Observa-se que o projeto deve prever parque de estacionamento, que as lojas deverão ter um mínimo de 25m2, que devem ser previstos vestiários e que “não é necessária a compartimentação estabelecida na zona de bancas”. Deve-se também rever a distribuição das zonas frigoríficas.

1968.07.31 - A RMU informa a DUB que o assunto se encontra pendente de parecer do Conselho Superior de Higiene e Assistência Social.

1968.11.30 - Parecer da Direção-Geral de Saúde, pelo Conselho Superior de Higiene e Assistência Social, considerando que o projeto deverá ser revisto e apresentado de novo ao Conselho. Refere-se- sobretudo, a ausência de vários elementos (plano de urbanização, referências às redes de iluminação elétrica e água e esgotos, localização de parques de estacionamento e vias de acesso, entre outros) e concordando com os reparos feitos pela DGSU.

Novo projeto de Novembro de 1976, de Carlos A. C. Garcia. A memória descritiva elabora sobre as condições em que se realiza o mercado, “no Largo do Castelo ao ar livre, sobre terra batida”, tendo os barracões de apoio sido fechados por ordem da CMMD. Quanto à localização do novo projeto, refere-se que se situa “entre a zona antiga e anova zona em expansão” que necessita de “apoio comercial e equipamento”, no maior terreno que a CMMD dispunha para construção e estando este urbanizado.

Alude-se ao 11º Recenseamento, de onde consta que, em 1970, a cidade de Miranda tinha 1.563 habitantes e o concelho 9.908. Refere-se que a população aumentou “com a criação do Liceu e Ciclo Preparatório” (cerca de 800 alunos), que se encontra em construção um novo Bairro para uma população de 600 pessoas.

Quanto ao programa, explica-se que não cumpre as Normas oficiais de áreas, “bastante standardizadas e que não servem os interesses da população”. O mercado de tipo misto, urbano-rural, “não abastecerá só a cidade, como todas as aldeias, cujos lavradores vêm fazer a feira”, sendo o transporte feito em veículos motorizados (“pelo que se deverá prever um parque privativo”). Prevê-se ainda um local exterior ao Mercado para terrados.

Quanto ao partido adotado, “procurou-se projectar um edifício que se integrasse na região, com base no terreno, no seu desenvolvimento, articulando as zonas, segundo as suas funções e procurando uma solução fechada, dado o rigoroso clima da região”.

Quanto ao aspeto funcional, refere-se o cuidado em implantar o edifício no desenvolvimento de uma artéria principal, “segundo a modelação natural do terreno”. Assim, projetam-se duas plataformas; na superior, cria-se uma zona de lojas e snack-bar, “com a finalidade de formarem a zona comercial do Bairro”; na inferior, organiza-se o programa principal do Mercado.

1977.05.16 - Apreciação do projeto de arquitetura pela DUB, recomendando revisão e apresentação de novo projeto, assinada pelo engenheiro diretor da DUB, M. Fernando C. Valente, e pelo arquiteto de 2ª classe, Manuel Maria Ferreira Rodrigues. Levantam-se questões relativas à ambição da solução, virada para o futuro, a áreas sem luz nem ventilação, ao excesso de envidraçados (“que vai certamente transformar-se numa estufa nos meses do verão Mirandês”), à composição em curva das vigas de betão, à ausência de elementos sobre redes de águas, esgotos e eletricidade. 1977.05.27 - Despacho de Álvaro Queiroz de Morais, concordando com o parecer.

Aditamento ao projeto de julho de 1977, apresentando-se as “alterações julgadas convenientes”. Esclarece-se sobre a ventilação dos espaços de arrecadação, sobre o envidraçado - cuja “caixilharia será movível”, podendo ser retirada durante o verão”. Propõe-se um orçamento de 8.998.000$.

1977.11.24 - Aprovação do projeto em reunião do GCOM, segundo ofício de 1977.11.28 da DUB e conforme despacho de Álvaro Queiroz de Morais.

1978.03.13 - A Direção de Equipamento de Bragança (DEB), pelo seu engenheiro diretor, M. Fernando C. Valente, informa a Direção-Geral do Equipamento Regional e Urbano (DGERU) (Direção dos Serviços de Equipamentos, DSE) que a “obra constou do plano de obras novas de 1977 e consta da minuta do plano de obras novas de 1978 pois a Câmara Municipal considera de muita urgência este empreendimento”.

1978.03.23 - Parecer favorável da Direção-Geral de Saúde, pelo seu diretor-geral, José Lopes Dias.

1978.10.13 - Parecer geralmente favorável da Direção-Geral de Planeamento Urbanístico (DGPU), pelo seu diretor geral, Mário Ulisses da Costa Valente, onde se indica que deve “ser revista a zona destinada a estacionamento”.

1978.11.29 - Ofício do responsável pela direção da DEB, M. Fernando Costa Valente (engenheiro civil), dirigido ao diretor geral da DGERU, informando que se aguarda a apreciação do projeto pela DSE para se propor a autorização de comparticipação prevista no Plano. Informa-se também que se aconselhou a CMMD a abrir concurso para a obra “e depois se veria o que havia a resolver”. Tendo aparecido apenas uma proposta, com um valor superior ao dobro do orçamento do projeto, a CMMD não concordou com a proposta e abriu novo concurso, aumentando 20% à base inicial.

1978.11.30 - Proposta de comparticipação da DSE, pelo arquiteto Alberto da Costa Rodrigues. Sendo o orçamento de 9.960.000 e uma comparticipação a 60%, propõe-se a comparticipação de 5.976.000$, sendo 700.000 pagos em 1978 e 5.276.000 em 1979.

1979.02.28 - Ata de reunião ordinária da CMMD, onde se refere que, no segundo concurso para adjudicação em obra, se recebeu uma proposta da firma Transnorte-Sociedade de Construções do Planalto, Lda., no valor de 19.941.100$35, muito acima da base de licitação. No entanto, considerando que o orçamento “está bastante baixo em relação aos valores actuais”, aguardam parecer da DGERU sobre se se deve aprovar esta proposta.

1979.06.11 - Parecer da DEB, pelo engenheiro civil Manuel José Correia, referindo que a proposta se encontra bem acima do valor considerado aceitável, excedento o custo/m2 de construção corrente da região. No entanto, embora considerando que a proposta não deve ser aceite, nota-se que existe falta de empreiteiros na região, que se tem verificado falta de interesse por empreiteiros de outras zonas e que é improvável que novo concurso resulte em propostas mais baixas.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Construção de um Mercado, em Miranda do Douro. Acedido em 22/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/4548/construcao-de-um-mercado-em-miranda-do-douro

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).