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Casa do Povo de Anha, Distrito de Viana do Castelo

Conjunto de documentação textual referente a inspeções realizadas à Casa do Povo de Anha, em Viana do Castelo.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Tipo de Processo
CorrespondênciaTipo de Processo
Designação do Processo
Casa do Povo de Anha, Distrito de Viana do Castelo
Anos Início-Fim
1944-1961
Localização Referida

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1944.05.27
Última Data Registada no Processo
1961.10.02
Financiamento
Fundo de DesempregoOrganização
Síntese de Leitura

1944.05.27 - Relatório de inspeção à Casa do Povo de Anha, elaborado pelo Escriturário de 1ª classe da Inspeção dos Organismos Corporativos (IOC), Amanias Faria dos Santos. PAG65

A Casa do Povo de Anha foi constituída em 1937.02.08, situando-se numa das maiores freguesias do distrito de Viana do Castelo, com uma população que atinge quase os 4.000 habitantes. Sendo um meio essencialmente agrícola (não possui qualquer indústria), trata-se de uma freguesia rica, produzindo milho, trigo, centeio, cevada, vinhas, frutas e madeiras, que se vendem, sobretudo nos dias de feira, em Viana do Castelo, Darque e Capareiros. Situa-se numa zona de fácil acesso à sede do concelho, e nota-se que as ruas da freguesia “estão não só cuidadosamente tratadas, como acusam escrupuloso asseio”. Embora não se considere o ambiente da freguesia mau, refere-se existirem ainda “núcleos do antigo Partido Democrático, que ao organismo opõem certa resistência”. Considera-se a sua ação “destituída de perigo, presentemente, pois o principal chefe da oposição - um importante lavrador da localidade - esteve cerca de 3 anos detido nas prisões da PVDE”. Este “exemplo foi útil, pois os acólitos do irrequieto “caudilho” desapareceram ou aquietaram-se.

A ação da Casa do Povo foi dominada pelo problema da construção do seu edifício-sede, iniciada e finalizada em 1940, por um custo total de 74.617$00 (incluindo mobiliário). A sede é um edifício de tipo A, tendo recebido comparticipação do Fundo do Desemprego (33.333$26). No entanto, nota-se que as entregas foram feitas com certo atraso, tendo sido recebida apenas a importância de 12.783$40 em 1940 e 18.837$57 em 1941. Em 1942/1943 foi feito o arranjo do terreno anexo, também com comparticipação do Fundo de Desemprego. A casa do Povo tem iluminação a petróleo, porque a freguesia não dispõe de luz elétrica. Da mesma forma, não dispõe de água canalizada, embora o posto médico e a casa de banho disponham de lavatórios. A Junta de Freguesia funciona também na Casa do Povo. O posto médico, que entrou em funcionamento em 1940.06.01, dispõe de bom mobiliário.

A Casa do Povo estabeleceu um acordo com o Grémio da Lavoura, de forma a que a Comissão de Abastecimentos faça entregas na sua sede dos contingentes de milho e de sulfato de cobre, fazendo-se aí a sua distribuição. Para além disso, a Casa do Povo tem vindo a adquirir cereais, que distribui pelos associados.

A Casa do Povo dispõe de um posto de ensino, que funciona, desde 1938, na antiga sede.

1954.11.10 - Relatório de inspeção à Casa do Povo de Anha, elaborado pelo Subinspetor da IOC, José Borges Linhares Coelho da Rocha.

Verifica-se um estado de conservação regular da sede, notando-se, no entanto, “a insegurança das suas portas e janelas”, através das quais a sede tem sido assaltada. Considera-se urgente a instalação de portadas interiores.

A Casa do Povo presta assistência médica, assegurada por um médico que dá consulta dois dias por semana, e concede subsídios por doença, morte, nascimento de filhos e invalidez.

Dispõe de um grupo cénico e de uma banda de música.

A Casa do Povo “tomou a iniciativa de criar, já há vários anos, duas escolas de instrução primária, além das oficiais”. Uma delas, masculina, funciona no lugar de Chafé. A outra, mista, funciona na sua sede. Em 1951, criou-se um curso noturno para os sócios, a funcionar na escola masculina.

A Casa do povo de Anha vem ainda “desenvolvendo esforços no sentido de resolver alguns problemas locais, como seja um distribuidor de correio local (já conseguido), um posto telefónico público (também já conseguido e que ficou instalado na Casa do Povo), ligação com Viana do Castelo por carreira diária de camionete, a criação de um posto municipal rural de bombeiros (em vias de estabelecimento) e a eletricidade”. Pensa-se construir instalações para o posto de bombeiros no terreno da Casa do Povo anexo à sua sede.

1961.10.02 - Relatório de inspeção ordinária à Casa do povo de Anha, elaborado pelo Subinspetor da IOC, Fernando Salvador Coelho.

Sobre a conservação do edifício-sede, indica-se que, em 1956, a Junta Central das Casas do Povo (JCCP) concedeu um subsídio de 15.000$00 para obras de conservação e reparação, tendo-se despendido, no mesmo ano, 14.664$10 para o efeito. Continuaram a despender-se verbas para obras de conservação nos anos seguintes, entre os 1.000$00 e os 4.000$00. No entanto, as portas e janelas continuam inseguras, sem portadas interiores. Considera-se que “só um substancial subsídio (…) permitirá que sejam levadas a efeito as necessárias obras”.

A assistência médica continua a ser prestada, agora três vezes por semana, mas não se tem concedido assistência farmacêutica. Têm sido concedidos poucos subsídios por doença, morte, nascimento de filhos e invalidez.

No que toca à função educativa da Casa do Povo, apenas sobra a banda de música. Ainda funcionam na sede os postos de correio e telefone público. Não se refere nada sobre o posto de bombeiros.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Casa do Povo de Anha, Distrito de Viana do Castelo. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/46612/casa-do-povo-de-anha-distrito-de-viana-do-castelo

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).