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Construção do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Soure

Processo composto por 2 pastas contendo documentação textual e gráfica:

- Capa de cartão verde com as inscrições “MPAT / SEALOT / DGOT” relativa ao processo n.º 271/M.U./57, do distrito de Coimbra e concelho de Soure, solicitado pela Associação Humanitária dos Bombeiros de Soure para construção do quartel dos Bombeiros Voluntários;

- Capa de cartão bege, com código de cor identificativo azul e verde, com carimbo no topo superior direito da “Repartição de Melhoramentos Urbanos / Projecto da Repartição n.º C. – 271/MU/57”.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Tipo de Processo
Anos Início-Fim
1957-1984
Localização Referida
Portugal ˃ Centro ˃ Coimbra ˃ Soure ˃ SoureLocal
Referência Inicial
271/MU/57

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1957.04.02
Última Data Registada no Processo
1984.04.11
Entidade Requerente / Beneficiária
Projeto de Arquitetura (Autoria)
Síntese de Leitura

1957.04.02: Ofício do presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Soure, Manuel Gonçalves Góis (?) solicitando inclusão da construção do novo quartel na Praça da República no próximo plano do Ministério das Obras Públicas e que seja concedida comparticipação. Já se mandou elaborar o projeto, que será enviado à Direção de Urbanização do Distrito de Coimbra assim que esteja concluído. As atuais instalações do casarão para recolha do material são péssimas, e a construção das casas dos magistrados da comarca vai levar à demolição da casa-escola.

1957.04.26: O diretor dos Serviços de Melhoramentos Urbanos, João Paulo Nazareth de Oliveira, informa que a obra não figura no plano de Melhoramentos Urbanos em vigor visto que o pedido não está acompanhado de estimativa orçamental ou projeto e não há antecedentes sobre o assunto.

1957.07.29: Memória descritiva do projeto do quartel, com assinatura ilegível (J. Pinto Fernandes?). O edifício terá dois pisos: no primeiro, ficarão o gabinete do Comando, oficina de material de incêndio, parque de viaturas e instalações sanitárias; no segundo ficarão o gabinete da direção, dormitório para o piquete de serviço, instalações sanitárias e sala de conferências “destinada a palestras educativas, culturais e de propaganda desta humanitária instituição”. Haverá uma varanda superior, e no terreno posterior a casa-escola para exercício da corporação. A planta procura satisfazer o programa da direção de forma económica. “Esteticamente procurou-se obter solução agradável e sobriedade de linhas e de planos, contrastando com as amplas aberturas”. O orçamento total é de 597.700$00. Inclui desenhos de arquitetura, assinados por um engenheiro civil (assinatura ilegível igual à memória descritiva).

1957.09.05: Manuel de Sá e Melo, engenheiro diretor-geral dos Serviços de Urbanização, envia o projeto ao diretor-geral da Administração Política e Civil, António Pedrosa Pires de Lima, que vem a responder com algumas alterações necessárias apontadas pela Inspeção de Incêndios da Zona Norte, como indicação da casa-escola e dimensões da parada.

1957.12.14: Informa-se o diretor-geral dos Serviços de Urbanização que a Associação Humanitária dos Bombeiros de Soure enviou as alterações solicitadas, concretamente eliminar a sala da oficina, passar o gabinete do comandante para o 1.º andar e situar o dormitório no rés-do-chão. Vêm a ser aceites.

1958.03.13: Ofício do presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Soure dirigido ao Ministro das Obras Públicas, em que relata o estado inadequado do barracão de recolha do material. Informa que o Subsecretário de Estado das Obras Públicas, Alberto Saraiva e Sousa, visitou Soure em 1950 e nessa altura “aconselhou então a elaboração do projecto”. Reforça o pedido de comparticipação para obra, referindo que a associação tem “já assegurada em dinheiro e materiais a sua cota parte na referida construção e tendo já adquirido o respectivo terreno cujo valor é superior a uma centena de mil escudos”. Frisa a indispensabilidade da construção do quartel para “conservação do óptimo material e à preparação técnica dos nossos Soldados da Paz”, servindo não só o concelho de Soure mas os concelhos vizinhos de Condeixa, Penela e Ansião, onde não existem serviços de incêndios.

1958.03.31: O diretor dos Serviços de Melhoramentos Urbanos propõe a inclusão da obra no futuro plano de 1959.

1958.10.25: O presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros informa que estão em condições de iniciar a construção do quartel no ano económico de 1959. O ofício possui despacho manuscrito de A. Saraiva e Sousa de 25.11.1958: “Determinei a inclusão no Pl. de 1959, por despacho de 10/IV/58. Prepare-se a proposta de comparticipação”.

1959.04.27: Proposta de comparticipação, assinada por técnicos do Serviço de Estudos da Direção de Urbanização do Distrito de Coimbra (DUDC), justificada pela atual instalação “numa casa que não oferece condições nem ao pessoal nem ao bom acondicionamento do material de incêndios”, sendo a construção da maior utilidade. Os Serviços Arquitetónicos do organismo prestaram um parecer favorável: a planta satisfaz as necessidades, e “os alçados de concepção singela e traça modernista, tem vincado carácter da função a que o edifício se destina”; propõem melhorias na conjugação do volume no topo. A construção da “casa esqueleto” não foi incluída por já estar construída. O orçamento dos trabalhos ascende a 560.000$00, propondo-se uma comparticipação no valor de 196.000$00.

1959.06.08: Autorização de comparticipação no valor de 105.000$00 até 31 de dezembro de 1962, considerando o orçamento da obra de 262.500$00.

1959.06.27: O engenheiro chefe da Repartição de Melhoramentos urbanos (RMU), Alfredo Fernandes, informa que a comparticipação se cinge ao quartel, ficando os encargos com a parte recreativa ou associativa ao cargo da entidade peticionária.

1959.06.29: Concessão de 105.000$00 de comparticipação pelo Fundo de Desemprego.

1959.06.30: O engenheiro diretor de Urbanização do Distrito de Coimbra (assinatura ilegível) considera que seja aberto concurso público para adjudicação por empreitada, tendo em conta o orçamento de 262.500$00 e a ausência de recursos técnicos da entidade peticionária.

1959.09.03: Foi autorizada a execução da obra em regime de administração direta.

1959.10.15: Ofício do presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Soure, João Albuquerque de Oliveira, dirigido ao subsecretário de Estado das Obras Públicas, no qual expõe que a casa escola foi demolida há dois anos, tendo-se iniciado a construção de uma nova, nos terrenos anexos destinados ao quartel, com auxílios financeiros particulares. Solicita comparticipação para a obra, que custou 60.000$00 no total.

1959.10.29: Visto que a obra da casa escola já se encontra executada não é possível beneficiar de comparticipação estatal.

1960.01.13: Relatório de visita de fiscalização à obra, dando conta do início e abertura de caboucos para as fundações.

1960.02.10: Auto de medição dos trabalhos n.º 1.

1960.02.12: Relatório visita de fiscalização, estando a obra no mesmo estado por se aguardar o estudo das fundações pelo autor.

1960.06.13: Proposta de comparticipação adicional de 20.000$00 para cobrir a necessidade de efetuar as fundações em betão armado devido ao terreno argiloso que não permite o previsto em alvenaria hidráulica, para quando haja disponibilidade.

1961.05.29: Proposta de comparticipação, assinada pelo agente técnico de engenharia civil do Serviço de Obras da DUDC, Octávio Cândido Rodrigues, para reforço destinado a trabalhos imprevistos, como a substituição das fundações, no valor de 90.441$00. Os trabalhos da 1.ª fase ascenderam a 225.800$00. Julga-se o prazo já fixado de 31.12.1962 como suficiente para realização integral da obra.

1961.06.08: A proposta anterior deve ser corrigida, pois o valor de 40% da comparticipação corresponde a 87.000$00. Vem a ser concedido esse valor, por se calcular uma despesa total de 503.300$00.

1961.09.05: Foram recomeçados os trabalhos na obra do quartel.

1962.06.06: Os trabalhos estão praticamente concluídos.

1962.07.31: Os trabalhos estão suspensos por dificuldades financeiras da associação.

1962.09.18: Informação com notas da visita ministerial ao distrito de Coimbra, assinadas pelo engenheiro diretor interino da DUDC, Leopoldo Faria de Gouveia. Estão construídas paredes exteriores e interiores, telhados, pavimentos de betão armado, alguns rebocos, mas as obras estão paralisadas. Considerando as dificuldades da associação para concluir “as instalações do rés-do-chão – Parque de viaturas, gabinete do comando, sanitários e oficina – que são indispensáveis para uso imediato da Corporação”, propõe-se a suspensão do desconto de 10% e concessão de comparticipação adicional para o salão de festas, e porventura a concessão de um subsídio pelo Conselho Nacional de Incêndios para conclusão do quartel.

1963.02.27: As obras estão atrasadas sobretudo pela falta de mão-de-obra especializada na região e pelos fracos recursos financeiros da entidade.

1963.03.15: Foi prorrogado o prazo da obra até 31 de outubro de 1964.

1963.06.23: A obra prossegue a ritmo muito lento.

1964.04.14: Portaria reforçando a comparticipação com 26.000$00.

1964.07.03: Pedido para alterar o parque de viaturas, transferindo o portão para o plano posterior do edifício, para melhor utilização do espaço. A proposta vem a ser aprovada.

1965.11.12. Proposta de inclusão de reforço de 15.000$00 para trabalhos adicionais no próximo Plano de Melhoramentos Urbanos, que vem a ser acedida.

1966.09.19: A obra encontra-se concluída, em regime de garantia.

1967.07.12: Auto de vistoria geral.

S.d.: Formulário da Repartição de Melhoramentos Urbanos da Direção dos Serviços de Melhoramentos Urbanos (DSMU), integrada na Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU), especificando as dotações atribuídas para a obra de construção do quartel dos Bombeiros Voluntários de Soure. Indica que os trabalhos foram iniciados em 4 de novembro de 1959 e concluídos em 26 de agosto de 1965.

1982.06.22: A associação apresenta ao presidente da Câmara Municipal de Soure o anteprojeto de ampliação das instalações, solicitando a devida licença.

1982.06.22: Memória descritiva do anteprojeto do quartel de Bombeiros Voluntários de Soure, assinada pelo arquiteto João Carlos Francisco Sarabando (o papel no qual está datilografada refere o Gabinete de Arquitetura e Urbanismo que este arquiteto tinha com Ricardo S. Gil da Costa, no Porto). As instalações chegaram a um “estrangulamento espacial e operacional”, e “as sucessivas próteses de cobertos e outras formas provisórias de ganhar espaço (…) chegou a um ponto de rotura”, o que obrigou a planear a sua ampliação. O estudo norteou-se pela questão se será “correcto, em termos de futuro, a ampliação das actuais instalações no local previsto”. A artéria urbana permite aceder rapidamente às vias emergentes da vila, ficando numa localização privilegiada e central; é possível recuperar as instalações para melhorar o funcionamento operacional. Procurou-se complementaridade entre o existente (que deve permanecer funcional) e as futuras instalações, evitando significativas demolições ou transformações. As instalações existentes correspondem ao corpo de saúde (a beneficiar, com reparações de coberturas e algumas modificações de função de espaços; será demolido a casa do quarteleiro), as novas ao corpo de fogo (com parque de viaturas); a casa escola será recuperada. As novas instalações aproveitam a inclinação a cobertura para reduzir visualmente a cércea real e se integrar na escala do existente. Procurou-se “o melhor aproveitamento territorial, bem como permitem circuitos de viaturas e pessoas com um máximo de funcionalidade”. Os volumes têm dois pisos principais e um intermédio, com comunicações verticais; prevê-se uma passarela que liga ao existente ao nível do 1.º piso. Incorporam camaratas, balneários, arrecadações, oficinas, secretaria e arquivo, salas de aulas, biblioteca, sanitários, salão polivalente, bar; sala de comando com posto de rádio, sala de reuniões e sala da fanfarra. O orçamento é de 29.840.000$00. Está acompanhado de desenhos de arquitetura.

1984.04.11: Envio do anteprojeto de ampliação das instalações dos Bombeiros Voluntários de Soure pelo engenheiro diretor da Direção de Equipamento do Distrito de Coimbra (DEDC), J. M. Donas Botto, ao engenheiro diretor-geral do Equipamento Regional e Urbano.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2025) Construção do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Soure. Acedido em 22/02/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/57963/construcao-do-quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-soure

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).