Construção de Casas para Famílias Pobres, em Tavira
Processo constituído por duas pastas, correspondendo uma ao projeto e outra ao processo administrativo da obra. Ambas em relativo bom estado de conservação, sendo que a do processo administrativo está acondicionada numa pasta do Arquivo Geral da UAlg.
A pasta do projeto corresponde ao exemplar n.º 1 do projeto, organizado no Gabinete de Estudos de Habitação da Direção-geral dos Serviços de Urbanização (DGSU-GEH), constituído por peças escritas (memória descritiva e justificativa e resumo orçamental) e peças desenhadas (plantas de implantação, fundação, pisos e cobertura, alçados, cortes e pormenores e estrutura de betão armado).
A pasta do processo administrativo é a original e apresenta a capa parcialmente preenchida a duas mãos, nomeadamente ao nível do n.º de processo. É constituída pela documentação processual (originais e cópias dos ofícios, recebidos e enviados) produzida pelas entidades intervenientes no processo, nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia de Tavira enquanto entidade Peticionária (EP) e a Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU) por intermédio da sua direção externa - Direção de Urbanização de Faro (DUF).
Contém ainda, informações com pareceres técnicos, propostas de comparticipações, portarias, relatórios de visita e fiscalização de obra, autos de medição, autos de recepção provisória e auto de recepção definitiva relativos à 1ª fase de execução da obra, ou seja, a construção de 24 dos 96 fogos previstos.
Não consta a nota de arquivamento de processo.
Identificação
Processo n.º 24 (Santa casa da Misericórdia de Tavira)
Processo n.º A-14-5-24 (Gabinete do Plano Regional do Algarve)
DREMS
DGP
AHOTDU da DGOT (Processo de urbanização do Bairro)
Análise
1966.09.29 - Despacho, do subsecretário de Estado das Obras Públicas, autorizando a prestação de assistência técnica do GEH para a elaboração do projeto do bairro e comparticipação ao abrigo do DL nº 35578.
1966.10.25 - Deslocação do técnico do GEH, o arquiteto Ruy da Silbeira Borges, a Tavira para a recolha de dados inerentes à elaboração do projeto de construção de um bairro que a Santa Casa da Misericórdia de Tavira pretende construir com as assistências técnica e financeira do Estado em terreno cedido pela Câmara Municipal para o efeito.
1967.01.05 - Apresentação do projeto de um Bairro de Casas para as Classes Pobres em Tavira, elaborado pelo arquiteto Ruy da Silveira Borges e pelo engenheiro civil António Catarino Pereira, técnicos do GEH da DGSU, em regime de assistência técnica gratuita, a partir do projeto tipo EH LXII (3 quartos), escolhido pela entidade peticionária (EP).
"O projeto tipo escolhido (...) tem sido adoptado em inúmeras realizações no país (Lisboa - St.ª Maria, Mafra, Régua, Alcochete, etc) tendo-se no entanto procedido a pequenas alterações com o fim de integrá-lo na região."
O terreno cedido para a construção do bairro localiza-se em área de expansão urbana "...no extremo norte da cidade, em zona prevista no anteplano de urbanização para habitação e junto aos dois blocos habitacionais construídos pela Federação de Caixas de Previdência - Habitações Económicas."
Estão previstos 96 fogos de tipo único, distribuídos por 16 prédios de três pisos, dispostos em oito blocos de dois prédios/cada, a construir de uma só vez caso a EP consiga apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian ou das primeiras 60 habitações caso este financiamento não seja possível. Estando orçamentado em cerca de 67 contos/fogo.
"Quanto às caraterísticas (...) a prática tem demonstrado satisfazerem em absoluto se tivermos em consideração os condicionamentos imposto e o nível económico dos agregados familiares a que se destinam. (...) dispõem de um equipamento mínimo mas considerado suficiente.
1967-01-03 - Informação técnica do autor do projeto e submissão à aprovação superior do diretor-geral do GEH.
1967.01.06 - Apreciação e despacho do engenheiro diretor do GEH, Júlio José Netto Marques, e submissão à consideração superior do diretor-geral dos Serviços de Urbanização (DGSU), o engenheiro Alfredo Macedo dos Santos, com o despacho de que deve ser "incluído num plano na primeira oportunidade, pois tem a EP a possibilidade de imediata realização do empreendimento."
1967.01.25 - Despacho da DGSU em concordância com o disposto pelo GEH e submissão a aprovação ministerial.
1967.01.30 - Aprovação do projeto por Despacho do Subsecretário da Estado das Obras Públicas, em representação do Ministro das Obras Públicas (MOP).
1967-02-02 - Reencaminhamento do processo para a DUF, com cópia dos despachos superiores, acompanhados da cópia n.º 1 do projeto.
1967.03.21 - Proposta de Comparticipação de 600 contos para a construção da 1ª fase (60 habitações), a financiar em partes iguais pelo Fundo do Desemprego (FD) e pelo Orçamento Geral do Estado (OGE), escalonada em três anos, com data de conclusão da obra fixada a 30.01.1969.
1967.08.10 - Anúncio do concurso público para o envio de proposta à construção da 1ª fase do bairro (reduzida para 24 fogos) .
1967.11.07 - Na sequência de duas praças desertas a DUF informa a EP de que deverá "abrir concurso limitado por convites, disponibilizando para o efeito uma lista de seis "empreiteiros Idóneos" que merecem a confiança desta direção externa, de que responderam apenas dois: Carlos de Sá Martins de Lisboa e Aníbal de Figueiredo Coutinho de Armação de Pera.
1968.01.10 - despacho do diretor-geral da DGSU - Adjudicação da obra ao empreiteiro concorrente, Aníbal de Figueiredo Coutinho, pelo valor de 1.927.000$00 esc. .
1968.06.26 - Início da obra.
1968.04.08 - Auto de Medição n.º 1, cumprimento da portaria de 10 de abril de 1967 (DR 103, de 01.05.1967) que estipula a comparticipação pelo FD de 50% da primeira tranche (50.000$00 esc.). A partir deste momento e no decorrer da obra as portarias que definem os valores a comparticipar e os autos de medição que determinam os pagamentos passam a ser regulares, em consistência com o desenvolvimento dos trabalhos de construção que prosseguem dentro da normalidade e sem atrasos para além da data de início da obra, que obrigou a apenas um pedido de prorrogação do prazo (estendido por 10 meses até 31 de novembro de 1969)
1968.12.12 - Despacho do Subsecretário de Estado das Obras Públicas - Reforço da obra com 100.000$00 esc., a comparticipar em partes iguais pelo FD e pelo OGE, da verba disponibilizada no Plano Ordinário do GEH para a rubrica "Habitações para famílias pobres - DL 35578".
1969.05.03 - Conclusão da obra, por parte do empreiteiro.
1969.07.04 - Recepção Provisória da obra, na presença do eng.º João Luís Olias Maldonado (diretor da DUF), do agente técnico de eng.ª João R. M. Matamouros ( técnico adjunto da DUF) e de um representante da Santa Casa da Misericórdia, na presença do empreiteiro responsável pela obra.
1970.05.25 - Recepção Definitiva da obra, na presença do eng.º João Luís Olias Maldonado (diretor da DUF), do agente técnico de eng.ª João R. M. Matamouros ( técnico adjunto da DUF) e de um representante da Santa Casa da Misericórdia, na presença do empreiteiro responsável pela obra.
1971-01-05 - o último documento do processo é um ofício da EP, dirigido à DUF, manifestando intenção, e solicitando orientação, para avançar no presente ano com a 2ª fase de construção do bairro (mais 24 fogos), que não obteve resposta no âmbito do presente processo.
Do projeto original do GEH apenas foi concretizada a 1ª fase (24 fogos).
Este bairro foi construído no âmbito do programa de habitação com base no DL n.º 35578, de 4 de abril de 1946, que aumentou o número de casas destinadas ao alojamento de famílias obras, a construir por Corpos Administrativos e/ ou Misericórdias, nos termos do DL n.º 34486, de 6 de abril do ano anterior, prevendo-se assistência técnica gratuita e financeira estatal.
Recursos
Tem relação com o processo 205-MU-70 "Urbanização do Bairro de Casas de Renda Económica, em Tavira", que abrange o Bairro para as famílias pobres e o Bairro da Federação das Caixas de Previdência.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Construção de Casas para Famílias Pobres, em Tavira. Acedido em 24/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/6807/construcao-de-casas-para-familias-pobres-em-tavira