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Construção do Bairro para Pescadores em Santa Luzia, Tavira

Processo constituído por duas pastas originais da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU), correspondendo a mais antiga ao projeto que estava muito desorganizado e incompleto, faltando a maioria das peças escritas (esta pasta é do período do Ministério das Obras Públicas e Comunicação (MOPC:1932-46)) ; e outra pasta da DGSU - MU, pós 1946, com o processo administrativo da obra e algumas peças desenhadas relativas aos projetos de água e eletricidade. Ambas apresentam-se em relativo bom estado de conservação e com as capas parcialmente preenchidas.

A pasta com a documentação do projeto corresponde à cópia de trabalho da antiga "2ª seção: Faro" da Direção dos Serviços de Urbanização do Sul (DSUS), antecessora da DUF. Contém, duas plantas gerais do bairro, uma delas identificada e legendada; plantas, alçados e cortes dos tipos I (4 quartos - 2 pisos) e II (3 quartos - 1 piso) e uma peça desenhadas com perfis de arruamento do bairro. Contém também o programa de concurso e o caderno de encargos, organizados pela Câmara Municipal de Tavira (CMT) e o orçamento organizado na Seção de Melhoramentos Urbanos da DGSU e remetido à 2ª seção: Faro da DSUS.  Contem ainda o projeto de instalação elétrica para as casas do bairro, organizado na Direção dos Serviços de Salubridade (DSS) da DGSU, já em 1948 e remetido à então recém criada DUF, sucessora e herdeira da documentação da 2ª  Seção da DSUS. 

A pasta do processo administrativo tem manuscrita na capa a data de arquivamento do processo (prática habitual dos serviços). É constituída pela documentação processual (originais e cópias dos ofícios recebidos e remetidos) produzidas pelas entidades interveniente no processo, nomeadamente a Junta Central das Casas dos Pescadores (JCCP) e a CMT enquanto entidades Peticionárias (EP), a DGSU responsável pela assistência técnica, o MOP e o Comissariado do Desemprego (CD) responsáveis pela assistência financeira e a 2ª seção da DSUS e a DUF, consecutivamente intermediárias regionais do processo. 

A documentação consiste em informações com pareceres técnicos, propostas de comparticipações, portarias, relatórios de visita e fiscalização de obra, autos de medição, projeto de água e esgotos, autos de recepção provisória e auto de recepção definitiva e nota de arquivamento do processo.  

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Arquivo / Biblioteca
Tipo de Processo
Designação do Processo
Construção do Bairro para Pescadores em Santa Luzia, Tavira
Anos Início-Fim
1946 - 1952
Localização Referida
FaroDistrito Histórico (PT)
Referência Inicial
Processo n.º 217/MU/46
Outras Referências
Processo n.º 19 [Casa dos Pescadores de Tavira]
Produtor do Processo

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1946.02.12
Última Data Registada no Processo
1952.05.24
Entidade Requerente / Beneficiária
Projeto de Arquitetura (Autoria)
Outras Especialidades (Autoria)
Alberto da Silveira Ramos Engenheiro civilPessoa
Manuel Paiva Chaves Agente Técnico de EngenhariaPessoa
João Hermínio Machado Gomes Engenheiro Eletrotécnico 1948Pessoa
Repartição de Águas e Saneamento Planta da rede de águas e esgotos 1948Organização
Construção e Equipamento
Financiamento
Decisão Política
Síntese de Leitura

1946.12.23 - A Repartição de Melhoramentos Urbanos (RMU), em cujos serviços foi elaborado o projeto do bairro em regime de assistência técnica gratuita, remete superiormente o mesmo para apreciação do diretor-geral da DGSU. 

1947.01.15 - ofício 210: Informação ao Comissariado do Desemprego do despacho (de 2 jan 1947) do subsecretário de Estado das Obras Públicas autorizando a comparticipação à JCCP, no valor de 439.800$00 esc., para a execução da obra de construção de um bairro para pescadores, em Tavira (Santa Luzia).

1947.02.12 - Anúncio do concurso público para a adjudicação da empreitada de construção do bairro com a base de licitação de 879.000$00 esc., a realizar-se no próximo dia 6 de março, na sede dos serviços externos da DSUS em Faro, 2ª seção.

1947.02.17 - A RMU envia à JCCP a planta do bairro com a indicação da área a adquiri pela EP para a construção do bairro. 

1947.03.06 - auto de abertura das quatro propostas concorrentes, relativo ao concurso público para adjudicação da empreitada. Concorrentes: José de Sousa Gorgulho, José Martins Cordeiro, António Gonçalves Pereira e Francisco Dias Franco, todos admitidos a concurso com propostas entre os 1.054.800$00 e os 1.070.000$00, acima da base de licitação. 

Neste mesmo dia a 2ª seção (Faro) da DSUS remete superiormente o processo do concurso referindo as ligações de todos os concorrentes a obras pública em curso ou já executadas. 

A  DGSU adjudica a obra, por empreitada, ao empreiteiro Francisco Dias Franco que apresentou a proposta de menor valor, 1.054.800$00. Para cobrir a diferença relativamente ao valor base do concurso, a RMU propôs um reforço de 113.970$00 esc., para manter a comparticipação estatal de 50% do valor total da obra, sendo o mesmo autorizado por despacho ministerial de 15 de março de 1947. 

1947.04.12 - A DGSU solicita à CMT a expropriação do terreno onde irá nascer o novo bairro, cuja planta da parcela foi aprovado por despacho ministerial de 8 de maio seguinte. 

1947.05.14 - A DSUS, por intermédio da 2ª seção-Faro solicita à CMT a elaboração do projeto de urbanização do bairro, que contará também com comparticipação do Estado. 

1947.06.06 - Assinatura do contrato de empreitada da obra de construção do bairro, entre a JCCP e o empreiteiro Francisco Dias Franco. 

O empreiteiro exerceu, junto da 2ª Seção da DSUS, o seu direto de reclamação para que fossem considerados "trabalhos a mais" as cerca de 11 omissões, segundo ele, encontradas no caderno de encargos. Reclamação que segui para a DSUS, em Évora. Poucos dias depois volta a reclamar, desta vez pela indisponibilidade do terreno para dar início à obra dentro do prazo legal previsto. Pelo que, a 17 de julho de 1947, a DGSU notifica a JCCP para saber com estava o processo de expropriação do referido terreno. Em novembro do mesmo ano a situação ainda não estava resolvida e a obra começaria atrasada, embora a lei previsse que o prazo só começava a contar após a assinatura do auto de consignação dos trabalhos.  

1948.01.05 - Sem resolução à vista e sem orientação por parte da entidade local da DGSU que ameaça com a aplicação de multas pelo atraso no arranque da obra, o empreiteiro escreve diretamente à DGSU solicitando o desbloqueio da situação, expondo a situação critica em que se encontra. 

1948.04.14 - O ofício n.º 396 da Casa dos Pescadores de Tavira dá conta da aquisição do terreno. 

1948.04.30 - indicado pelo empreiteiro, como técnico responsável dos trabalhos da construção do bairro, o agente técnico de engenharia civil José Correia da Fonseca.

1948.05.05 - Pedido da 1ª Prorrogação do prazo para a conclusão da obra, com fundamento no atraso verificado na aquisição do terreno. 

1948.05.06 - Auto de consignação dos trabalhos, assinado por Manuel Marques Pinheiro (agente técnico de engenharia civil de 3ª classe da DGSU) enquanto delegado do Eng.º-Chefe da 2ª Seção-Faro da DSUS, por Henrique de Brito (capitão de fragata e presidente da Casa dos Pescadores de Tavira) enquanto delegado da JCCP e por Francisco Dias Franco (empreiteiro de obras) adjudicatário da empreitada. Início das obras. 

1948.06.07 - em representação da CMT o engenheiro civil, Alberto da Silveira Ramos, remente à 2ª seção-Faro da DSUS, os perfis dos arruamentos do bairro, que deverão incluir-se no projeto  de urbanização a elabora pela edilidade. 

1948.06.06 - Autorizada a implantação das primeiras casas dos bairro. 

1948.08.11- A RMU da DGSU remetem as primeiras peças desenhadas dos pormenores de carpintaria, cujo projeto esta sendo elaborado nos serviços desta Repartição. 

1948.08.17 - José do Nascimento, fiscal designado para acompanhar a obra, dá conta da inexistência de areeiros na região para prover as obras de areia boa: "Quanto à areia que estão a empregar no fabrico das argamassas ser da praia, ordenei ao empreiteiro para lavá-la convenientemente, se tiver qualquer vestígio de salitre (para confirmar se a a areia é ou não doce ou isenta de salitre, farei a experiência sempre que entre no local da obra qualquer quantidade)

Como acima tenho a honra de informar V. Ex.ª, verifiquei que o traço da argamassa 1/3, era um pouco fraco, em virtude da areia ser de praia e nesta região não haver areia de areeiro, chamei a atenção do empreiteiro, do facto, ordenando este ao encarregado dos trabalhos, para que passe o traço a ser de 1/2,5". 

1948.08.26 - Planta das redes de águas e esgotos elaborada nos serviços da Repartição de Águas e Saneamento (RAS) da DGSU, a pedido da RMU. 

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Construção do Bairro para Pescadores em Santa Luzia, Tavira. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/8033/construcao-do-bairro-para-pescadores-em-santa-luzia-tavira

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).