Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, Bragança
A antiga Biblioteca Calouste Gulbenkian de Bragança (onde funcionavam, em 2023, a Associação Coral Brigantino e a Secção do Nordeste Transmontano da Associação Nacional de Professores) é fruto de uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1966, para o financiamento de três bibliotecas em jardins. A primeira seria a construir na cidade de Bragança, com um subsídio de 250.000$00 e projeto elaborado pela respetiva Câmara Municipal. Mais tarde, seria proposta a construção das duas outras bibliotecas em Guimarães e na Nazaré.
Em janeiro de 1968, o Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian aguardava ainda envio do projeto de arquitetura e considerava cancelar o subsídio destinado à biblioteca de Bragança por excessiva demora na sua elaboração. O projeto finalmente enviado pela Câmara Municipal de Bragança um ano depois foi considerado “perfeitamente satisfatório, funcionalmente, além de apresentar um bom aspecto arquitectónico” pela Fundação.
Passado mais um ano, em janeiro de 1970, Abílio Leonardo, presidente da Câmara Municipal de Bragança, contactou a Fundação Calouste Gulbenkian com a proposta de construir, em vez da biblioteca de jardim, “um edifício para Biblioteca Municipal, Museu de Arte Contemporânea Calouse Gulbenkian equipado com uma pequena sala para palestras ou conferências”. A Câmara Municipal ficaria encarregada de ceder o terreno e elaborar o projeto, esperando a “usual comparticipação do Estado” e estimando o custo da obra em 2500.000$00. Em maio do mesmo ano, o pedido foi aceite pelo diretor do Serviço de Educação da Fundação, desde que a Câmara Municipal se comprometesse a ceder gratuitamente o uso de uma garagem para a biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian.
No entanto, apenas seis dias depois, a 19 de maio, a Câmara Municipal informava a Fundação da sua intenção de construir o projeto original, solicitando apenas reforço do subsídio para corresponder à proposta mais baixa recebida para realização dos trabalhos, de 520.000$.
Após rápida concordância por parte da Fundação, os trabalhos de construção da Biblioteca iniciaram-se em 17 de junho de 1970, tendo sido concluídos em julho de 1971.
Durante o período de construção da Biblioteca, a Câmara Municipal de Bragança solicitou ainda um subsídio de 50.000$00 para o arranjo urbanístico da envolvente do edifício, de forma a “realçar a beleza do enquadramento de tal iniciativa”. Não se enquadrando este pedido nos programas “superiormente aprovados” pela Administração da Fundação, foram concedidos subsídios de 30.000$00 para a construção de uma garagem para a Biblioteca Itinerante e 10.000$00 para a aquisição de material destinado ao parque infantil.
Notas
Embora a iniciativa onde se inseriu a construção da Biblioteca previsse a "construção de uma biblioteca fixa e de uma garagem num jardim público de Bragança", esta localiza-se não num jardim da cidade, mas no interior ajardinado do quarteirão em frente ao Paço Episcopal e Casa de Trabalho Doutor Oliveira Salazar. O edifício implanta-se paralelamente à antiga Rua da Estacada (posteriormente denominada Rua Fundação Calouste Gulbenkian), afastando-se da frente da rua e assim permitindo que o arranjo ajardinado do interior do quarteirão permeasse entre o edifício e a rua.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Estado e Utilização
Documentação
A documentação localizada nos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian foi recolhida e sistematizada por Rita Fernandes em 2022. A informação constante desta página foi redigida por Catarina Ruivo, em janeiro de 2024, com base nas diferentes fontes documentais encontradas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, Bragança. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/10008/biblioteca-da-fundacao-calouste-gulbenkian-braganca