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Hospital da Santa Casa da Misericórdia da CovilhãHospital Regional da Covilhã

O conjunto de edificações que compõe o Hospital da Santa Casa de Misericórdia da Covilhã integra edifícios construídos entre o final do século XIX e os anos 1970 e teve várias configurações e designações ao longo destas décadas, conforme se ampliavam os serviços prestados pela SCMC e, ao mesmo tempo, se estruturavam as políticas públicas para o campo da saúde. O primeiro dos edifícios, construído no Alto de Santa Cruz para substituir as primitivas instalações da SCMC, junto à Igreja da Misericórdia, foi inaugurado em 26 de junho de 1908 e ampliado a entre 1939 e 1941, de acordo com projeto do arquiteto Adães Bermudes.

Em 1946, o conjunto foi elevado à categoria de Hospital Regional, em consequência da reorganização nacional dos serviços hospitalares, o que deu lugar à realização de obras de ampliação do conjunto. Ao longo do eixo que parte do edifício inicial, foram sendo construídos entre os anos 1940 e 1970 uma série de pavilhões interligados por uma passagem coberta, destinados a abrigar os serviços de maternidade, Raio X, instalações para o pessoal, refeitórios e lavandaria, além de quartos particulares. 

Na parte mais alta do terreno, foi construído Pavilhão-Sanatório Doutor Antonino Vaz de Macedo, projetado pelo arquiteto Bernardino Coelho em 1932 e inaugurado em 13 de junho de 1943, destinado a abrigar os tuberculosos encaminhados pelo Dispensário da Covilhã, sob responsabilidade da Assistência Nacional aos Tuberculosos. O aumento do número de camas disponíveis para doentes pobres, por intermédio de acordos com a ANT, fez com que o Pavilhão fosse ampliado no começo dos anos 1950. Nos anos 1960, com a ampliação das vagas destinadas aos doentes encaminhados pela ANT no Sanatório dos Ferroviários, nas Penhas da Saúde, boa parte dos doentes em tratamento nas instalações do Pavilhão-Sanatório da SCMC passaram a ser atendidos ali, o que fez com que a SCMC acabasse por encerrar esta unidade de atendimento no final da década. A partir de 1970, começaram as negociações para transformar o Pavilhão em Centro de Saúde Mental sob a tutela do Instituto de Assistência Psiquiátrica, que funcionou até 1992, quando os doentes passaram a receber tratamento no novo Hospital Distrital da Covilhã, então recém construído.

Com a criação do SNS, as instalações hospitalares da SCMC foram requisitadas pelos serviços a cargo do Estado, passando a SCMC a ocupar-se das outras valências que oferece à população covilhanense, como os Infantários e a Cozinha Económica. Com a construção do novo Hospital Distrital da Covilhã, nos anos 1990, a SCMC pôde reaver a posse do seu património, hoje parcialmente devoluto. Além dos Serviços administrativos da entidade, que funcionam no primeiro pavilhão construído para abrigar o hospital, alguns dos blocos estão a ser reabilitados e adaptados à novas funções no campo da saúde, enquanto outros, como o Pavilhão-Sanatório, aguardam um novo uso.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Data de Conclusão
c. 1970
Comunidade

Localização

Lugar
Quinta do Pinheiro
Morada
Rua Viriato
Distrito Histórico (PT)
Castelo BrancoDistrito Histórico (PT)
Contexto
UrbanoContexto
InteriorContexto

Estado e Utilização

Estado
ConstruídoEstado da Obra
Utilização Inicial
Proprietário

Cronologia de Atividades

Atividades 3

Descrição Breve

Importância, Particularidades, Similaridades, Posição Relativa (Geografia e Cronologia)

De acordo com a documentação, a SCMC foi a primeira destas entidades a incorporar no seu conjunto um pavilhão dedicado aos doentes tuberculosos, de acordo com a tese defendida pelo Doutor Antonino Vaz de Macedo no Congresso das Misericórdias realizado em Setúbal em 1932. 

A história da construção, da ampliação e da transformação sucessiva do edificado ao longo de pouco mais de um século parece ser representativa da ação de muitos profissionais do campo da construção mas também da gestão hospitalar e das instituições assistenciais durante o século XX. Depois do projeto inicial das principais peças do conjunto - o edifício principal do Hospital, ainda de pé e o Pavilhão-Sanatório, desenhadas por arquitetos à serviço da Misericórdia local, o conjunto foi progressivamente ampliado pela ação de variados serviços públicos, mais tarde concentrados na Comissão das Construções Hospitalares, responsável por grande parte dos projetos para estas ampliações. A obra, de constituição variável ao longo do tempo, é produto do trabalho de muitos arquitetos, engenheiros e profissionais da construção que trabalharam direta ou indiretamente nestes serviços, que por sua vez sucederam-se ou integraram-se ao longo das décadas.

A transformação do conjunto e as novas valências que pode oferecer acabam por ser também um assunto de interesse para o contexto ampliado, uma vez que em muitas comunidades há um antigo hospital devoluto cuja função foi substituída por um edifício mais recente.

Durante um passeio sobre Assistência Social realizado como parte das "Jornadas Europeias do Património" (2023), várias pessoas lembram-se de subir uma rampa muito inclinada, que estava depois de entrar numa sala de espera pequena. No exterior, muito perto do edifício onde hoje são os serviços administrativos, aí paravam as ambulâncias, e depois saíam. Os utilizadores (especialmente pessoas idosas ou doentes em cadeiras de rodas) sentiam grande risco ao utilizar a rampa, devido à sua inclinação. Um participante do passeio brinca dizendo que: “aquela rampa é monumento nacional”. A rampa já não existe porque o edifício foi demolido.

De acordo com alguns dos participantes do passeio coletivo (2023), o edifício onde hoje são os serviços administrativos tem sido adaptado parcialmente, e mantém bastante semelhanças com o seu aspeto anterior. No entanto, alguns elementos, como as escadas, foram mudados levemente. Um participante do passeio aponta que as escadas eram de um desenho diferente: “acho que era mais bem redondo”. Um outro participante confirma esta observação: “sim, era mais aberto”.

Um participante do passeio [de 40 anos de idade aproximadamente], ao observar as escadas lembra-se de um concerto: “eu lembro-me que nós cantávamos aqui [os músicos nas escadas e as pessoas em baixo], estava tudo aberto e as pessoas ouviam”.

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

O conjunto de edificações que serviu tanto como hospital da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã quanto como Hospital Regional teve várias configurações ao longo de sua história. Se ao longo da primeira metade do século XX ele foi sendo sucessivamente ampliado com a construção de novas alas em torno de uma galeria coberta que organizava uma espécie de espinha dorsal do funcionamento do edifício, à semelhança de outros modelos de hospital amplamente difundidos. Sendo requisitado como Hospital Regional durante a constituição do Serviço Nacional de Saúde e tendo sua função sido substituída por um novo hospital construído de raiz nos anos 1990, o conjunto foi devolvido à Santa Casa de Misericórdia. Atualmente, parte dos edifícios está a ser intervencionada para receber novos serviços, enquanto que o Pavilhão-Sanatório Doutor Antonino Vaz de Macedo, depois de abrigar os serviços de saúde mental do Centro Hospitalar, está devoluto.

Materiais e Tecnologias

Estrutura
Betão ArmadoMateriais Construção

Documentação

Documentos

A documentação localizada nos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian foi recolhida e sistematizada por Rita Fernandes em 2022.

A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, em Setembro de 2023, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.

A recolha e incorporação dos testemunhos orais foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base num encontro público e coletivo (2023).

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã. Acedido em 18/09/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/1050/hospital-da-santa-casa-da-misericordia-da-covilha

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).