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Casa da Criança de Arganil

A Casa da Criança de Arganil surge da aplicação do Projeto tipo para Casa da Criança concelhia desenvolvido pelo Arquitecto Luís Benavente (ANTT), adaptado aos declives e características do terreno pelo Arquitecto Alfredo Duarte Leal Machado (Jerónimo, 2013).

"Tendo o projecto sido assinado pelo Arquitecto Alfredo Duarte Leal Machado, tratava-se, contudo, de uma construção que seguiu de forma fiel o projecto-tipo concebido cerca de 15 anos antes por Luís Benavente, pelo que a sua concepção não trazia novidade. Em1944, teve início o processo de obtenção das comparticipações necessárias à sua edificação, o que se arrastou até meados de 1948, altura em que finalmente principiou a construção em terreno cedido pela Santa Casa da Misericórdia de Arganil. A sua inauguração, em 14 de Maio de 1950, revelou-se especial, devido a dois factores marcantes. Em primeiro lugar, esta Casa da Criança foi designada, de forma simbólica, D. Joaquina Barreto Rosa, a mãe de Bissaya Barreto que veio a falecer em 17 de Março de 1952 e cuja figura era absolutamente inseparável da sua estruturação mental e afectiva." (Ricardo Jerónimo Silva, 2013, pp.276).

De acordo com testemunhos locais (2023), a Casa da Criança de Arganil foi a primeira que mandou construir o doutor Bissaya Barreto e a primeira do género a ser construída, sendo posterior a Casa da Criança de Côja.

A comparticipação foi concedida à Junta de Província da Beira Litoral em 1944 e reforçada em 1945 e em 1947 (Portaria MOP - CD “Obras Municipais - Diversos”).

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Notas

Data de Conclusão
1950
Importância, Particularidades, Similaridades, Posição Relativa (Geografia e Cronologia)

"É de referir ainda que a promoção desta obra vem no seguimento do desafio anual lançado por Bissaya Barreto aos presentes na reunião do Conselho Provincial para que criassem ou ajudassem a criar uma Casa da Criança no seu Município. No discurso de inauguração, afirmava o Presidente da J.P.B.L. que “se dependesse do nosso esforço, do nosso trabalho, ou de qualquer intervenção pessoal nossa” faria erigir em todos os concelhos uma Casa da Criança e que, “quando todos os concelhos estivessem servidos, iríamos ao encontro das crianças pobres e desprotegidas das freguesias.” (BARRETO,1970, p. 177) Neste caso, foi o processo impulsionado por Eduardo Francisco Filipe, ex-representante de Arganil naquele organismo da Província, onde era Vogal, e que encabeçou a Comissão de Angariação de Fundos para a obra". (Ricardo Jerónimo Silva, 2013, pp.277).

Algumas das pessoas com quem falámos em 2023 lembram-se da inauguração da Casa da Criança de Arganil, nomeadamente de um momento particular. O doutor Bissaya Barreto foi à inauguração da Casa da Criança de Arganil. Ele e o doutor Fernando Valle -médico e figura política de grande renome entre a população- eram amigos desde a juventude. No momento da inauguração da Casa da Criança, Bissaya Barreto e Fernando Valle abraçaram-se. E isso foi interpretado como um gesto de superação das diferenças políticas que então os separariam.

Um participante do encontro “Memórias Fotográficas de Arganil” (2023) permite-nos compreender a importância deste lugar na memória da infância. Este participante lembra-se que, quando deixou a Casa da Criança para ir para a escola, ele saía da escola e ia para a Casa da Criança, para ler, porque tinha muitas saudades.

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

"O projecto era de apenas um piso, existindo ainda uma cave, aproveitando o facto de o edifício se localizar numa zona elevada do terreno, no entanto, a solução construída acabou por dispensar o andar inferior. A sua implantação, na zona central e mais estreita do alongado lote de terreno a ocupar, determinou todo o conjunto, ficando a entrada da Casa da Criança a eixo. Entre o portão de entrada e o edifício foram colocados alguns canteiros ajardinados e, na parte traseira, previstos um espaço de mata, outro de plantações e outro de campo de jogos." (Ricardo Jerónimo Silva, 2013, pp.276)

"Assim como a Casa da Criança do Luso, também a de Arganil reabriu, após uma importante renovação, no ano de 2006. As obras de ampliação consistiram na duplicação volumétrica, com a adição de um novo corpo a poente. O coberto rectangular foi abolido e internamente a disposição dos espaços foi completamente alterada." (Ricardo Jerónimo Silva, 2013, pp.277-278)

Programa
Assunto

Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)

Atividades

Localização

Comunidade
Localização
Lugar
Bairro do Prazo
Morada
Estrada Nacional 342
Distrito Histórico (PT)
CoimbraDistrito Histórico (PT)
Contexto
InteriorContexto
PeriurbanoContexto

Estado e Utilização

Utilização Inicial
Estado
ConstruídoEstado da Obra
Proprietário
Utilizador

Documentação

Registos e Leituras 2

A informação constante desta página  é fruto do trabalho de Diego Inglez de Souza, entre Junho e Outubro de 2023 e de Ivonne Herrera Pineda em fevereiro de 2024 e foi reunida através de fontes documentais e bibliográficas e dos diversos contributos e testemunhos que pudemos recolher em Arganil. Conta ainda com a preciosa informação partilhada pelos vários participantes do evento “Memórias Fotográficas de Arganil” realizado em setembro de 2023 na Biblioteca Municipal de Arganil, com a colaboração do Arquivo Municipal de Arganil e a Biblioteca Municipal de Arganil, sobre o tema dos edifícios públicos do século XX de Arganil. Atividade facilitada pelos investigadores Ivonne Herrera Pineda e Diego Inglez de Souza.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Casa da Criança de Arganil. Acedido em 03/12/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/1097/casa-da-crianca-de-arganil

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).