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Quartel dos Bombeiros Voluntários de ArganilSede da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Argus

"Foi em 1946 que se deram os primeiros passos ao fazer-se um sorteio que rendeu 30 contos. Em 1949, comprou-se o terreno onde hoje está construído o Quartel. A sua compra constituiu então um passo importante para tornar realidade o melhoramento. A necessidade da sua construção era cada vez mais sentida, mas os dirigentes, cientes do custo duma obra de tal envergadura, souberam esperar por melhores dias, mas sempre trabalhando no sentido da recolha de fundos que permitisse o arranque da mesma o mais rápido possível." (Alves in Castanheira, 1984)

"Em 21 de Junho de 1949, A Comarca de Arganil noticiava que fora dada continuidade à ideia de 1946, para a construção de um quartel-sede e que, (...) iria proceder-se à aquisição de uma parcela de terreno, junto ao Matadouro, local onde, futuramente, passaria a avenida que ligava a Fonte de Amandos ao Sapatinho. Esse terreno, com 150m2 (...) foi avaliado em 20 contos, empenhando-se nas negociações o presidente da Câmara, dr. António Luis Gonçalves, que autorizou, como contrapartida, a urbanização dos terrenos localizados à margem da projetada Avenida." (Ventura a Anacleto, 2009, p.74)

Em Maio de 1951, depois do processo de "legalização" o terreno para sede foi visitado pelo "arquiteto Edmundo Tavares, autor do projeto do edifício dos Bombeiros Voluntários de Coimbra". (Ventura a Anacleto, 2009, p.74) O início das obras teria que esperar pois, "Em comunicado enviado apenas ao Jornal de Arganil, Frederico Simões, relativamente à sua ação como presidente, reitera a posição de que "trabalharei desempoeiradamente, sem receios, tendo em vista a aspiração máxima da Associação que é a construção de sua sede." (Ventura a Anacleto, 2009, p.77)

"Era necessário fazer-se a sua construção, mas não havia fundos. Decidiu-se lançar mão de um grandioso sorteio, que felizmente resultou num êxito e a alegria de ver o quartel a construir-se foi enorme" (Castanheira, 1984)

Com a contribuição de beneméritos sediados em África e com o apoio dos jornais locais, através da promoção de eventos associativos e sorteios, a Associação procurou arrecadar fundos para a construção da sede, que foram reforçados com a comparticipação de 147 contos do Ministério das Obras Públicas anunciada pelo ministro Arantes e Oliveira e noticiada no jornal A Comarca de Arganil em 1957.07.30. "As obras da construção do quartel-sede tiveram início em 30 de Junho de 1959"  (Ventura a Anacleto, 2009, p.84-85).

"O Estado comparticipou a obra com 147 contos e com o saldo existente das direções anteriores, conseguiu-se uma importância de 650 contos. A obra importava em cerca de 750 contos, mas, apesar do encargo de cerca de 100 contos, foi decidido mandar iniciar a obra ao empreiteiro sr. António Lopes Simões, um arganilense de coração bondoso, pois além de ter revelado o maior interesse pela obra, ainda ofereceu 10 contos. A obra teve como orientadores técnicos os srs. eng. Leopoldo Faria de Gouveia e José Maria Donas Boto, da Direção de Urbanização de Coimbra,  e do sr. Arquiteto Edmundo Tavares, autor do projeto. (...) A inauguração do quartel, num clima de grande alegria e coletiva, ocorreu em 24 de julho de 1960, presidindo à cerimónia o sr. Governador Civil de então, eng. Horácio de Moura." (Alves in Castanheira, 1984)

Em 1966, a "direção projetara ampliar as instalações do quartel-sede, já exíguas para as atividades, ampliação que consistiu na construção de mais garagens e de uma residência para o contínuo". (Ventura a Anacleto, 2009, p.99)

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Notas

Data de Conclusão
1960
Importância, Particularidades, Similaridades, Posição Relativa (Geografia e Cronologia)

"No aspecto cultural registe-se a entrada em atividade, nas instalações da Associação, da Biblioteca da Fundação Gulbenkian (cujo funcionamento foi assegurado pelo sócio Francisco Carvalho da Cruz)" (Ventura a Anacleto, 2009, p.99).

Até 1984, funcionaram provisoriamente no quartel-sede a Escola Secundária de Arganil, entretanto transferida para edifício construído de raiz para o efeito. O Ministério da Educação concedeu então 5000 contos a título de compensação pelo uso, verba que foi utilizada na melhoria das instalações. "As obras então efetuadas, que orçaram em 7000 cintos, incidiram nas áreas onde funcionara a Escola Secundária, tendo sido construídas no rés do chão garagens, sala de comando, secretaria e central de telecomunicações. No 1º piso ficaram a chamada 'casa do quarteleiro', sala de formação e bar. O 2º piso foi destinado a apartamentos (quatro), que constituem uma fonte de receita para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Argus."  (Ventura a Anacleto, 2009, p.118).

Um participante do encontro "Memórias Fotográficas de Arganil" (2023) corrobora esta informação pois lembra de ter ido à escola secundária no ano 1973. De acordo com este testemunho, esta escola funcionou vários anos e estava na parte de trás dos anexos do edifício dos bombeiros.

Em relação às atividades dos bombeiros e a sua ligação com o tecido social, um participante do encontro "Memórias Fotográficas de Arganil" (2023) diz o seguinte: “A corporação dos bombeiros de Arganil não foi só a corporação de bombeiros. Ali nasceu o futebol, nós tivemos futebol […] Ali havia um sítio onde as pessoas conviviam, que era no primeiro andar, tinham uma televisão, um… Os bombeiros organizavam, desde sempre, pelo menos três gincanas em Arganil, naquela avenida faziam uma gincana de automóveis, uma gincana de motos, uma gincana de bicicletas. Portanto, os bombeiros de Arganil, não eram para nós, arganilenses, só bombeiros […] No resto do ano, organizavam muitas coisas e estavam metidos em quase tudo”.

Em conversa (2023), uma pessoa natural de Arganil reflete sobre a localização do quartel. Ela disse que nos anos 40, “aqui não havia Bombeiros, aqui não havia nada. Por tanto, só havia umas casas que davam para os quintais [...] também havia casas até a avenida [atual avenida José Augusto Carvalho]”.

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

"Mas este acontecimento (a inauguração do quartel dos Bombeiros Voluntários de Arganil), não trouxe apenas à Associação o sinal de modernidade, mas também se refletiu na malha urbanística da vila, pois o imóvel era o segundo (depois do Teatro) a ser erigido na artéria ainda não concluída (então denominada Avenida de Amandos) que, construída sobre o soterrado ribeiro do mesmo nome, viria a constituir a nova centralidade arganilense." (Ventura a Anacleto, 2009, p.85).

Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)

Atividades

Localização

Comunidade
Localização
Morada
Av. Bombeiros Voluntários Argus 14, 3300-416 Arganil
Distrito Histórico (PT)
CoimbraDistrito Histórico (PT)
Contexto
InteriorContexto
UrbanoContexto

Estado e Utilização

Utilização Inicial
Estado
ConstruídoEstado da Obra

Documentação

Registos e Leituras 2

A informação constante desta página é fruto do trabalho de Diego Inglez de Souza em janeiro de 2024 e de Ivonne Herrera Pineda em abril de 2024, e foi reunida através de fontes documentais e bibliográficas e dos diversos contributos e testemunhos que pudemos recolher em Arganil. Conta com a preciosa informação partilhada pelos vários participantes do evento “Memórias Fotográficas de Arganil” realizado em setembro de 2023 na Biblioteca Municipal de Arganil, com a colaboração do Arquivo Municipal de Arganil e a Biblioteca Municipal de Arganil, sobre o tema dos edifícios públicos do século XX de Arganil. Atividade facilitada pelos investigadores Ivonne Herrera Pineda e Diego Inglez de Souza.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Quartel dos Bombeiros Voluntários de Arganil. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/1104/quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-arganil

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).