Parque Desportivo Eng.º Joaquim António Moreira Carneiro, ÉvoraPavilhão Polidesportivo do Sport Lisboa e Évora
O recinto do Sport Lisboa e Évora (SLE), a nascente do Bairro da Senhora da Saúde, tem a denominação oficial de Parque Desportivo Eng.º Joaquim António Moreira Carneiro. O equipamento foi promovido a partir do final da década de 1970, em terrenos adquiridos pelo clube ao proprietário José de Moura em 1979-1980, pelo valor de 550 contos. A ideia inicial envolvia a construção de um campo de futebol, um polidesportivo descoberto e uma piscina de aprendizagem de natação (nunca realizada).
A primeira fase seria a construção do polidesportivo descoberto, segundo projeto-tipo da Direção-Geral dos Desportos (DGD). Foi para esta fase que o clube, por intermédio do seu presidente da assembleia geral, Joaquim António Moreira Carneiro, pediu, em julho de 1980, comparticipação ao Ministério da Habitação e Obras Públicas (MHOP, processo n.º 191/ERU/80). O clube já tinha um parecer positivo da Câmara Municipal de Évora (CME), mas a sua pretensão foi posta em causa pela Direção de Serviços Regionais do Planeamento Urbanístico do Sul (DSRPUS), devido à sua localização. Argumentava este serviço que o acesso automóvel e pedonal da cidade ao recinto desportivo seria feito por uma passagem de nível, sem guarda, que atravessava a linha ferroviária. Na sequência deste parecer desfavorável, o processo de comparticipação foi arquivado em dezembro de 1982. Apesar desta situação, o SLE executou, até meados de 1984, algumas das outras estruturas do seu parque desportivo, nomeadamente o campo de futebol original em terra batida (incluindo a vedação), os balneários, a casa do guarda, o posto médico, um poço e a vedação do recinto.
O SLE pediu a reanálise do parecer desfavorável em maio de 1984, argumentando ter tido reuniões positivas com a equipa de técnicos que estava encarregue do Plano Diretor de Urbanização da Cidade de Évora, e que este plano incluía a supressão do troço de linha férrea do Ramal de Vila Viçosa na parte junto à cidade, deixando, portanto, de existir uma passagem de nível junto ao recinto. O clube alegava também que o seu parque desportivo era o único localizado na zona Este da cidade, servindo uma população de dez a doze mil habitantes, predominantemente jovens, e oferecendo condições para a prática dos seguintes desportos: futebol, basquetebol, badminton, ginástica, judo, karaté, esgrima e pesca desportiva.
O processo de pedido de comparticipação acabou por ser reaberto em novembro de 1984, sendo que o projeto a ser apoiado financeiramente – então apreciado pela Direção de Equipamento do Distrito de Évora (DEDE) – já não se tratava apenas de um polidesportivo descoberto (de pavimento cimentado), mas também das bancadas em volta do campo de futebol e das sapatas e pilares de betão armado de suporte da futura cobertura do equipamento. Estas estruturas compunham a 1.ª e a 3ª fases do projeto-tipo (polidesportivo evolutivo da DGD). A 2.ª fase (balneários) não seria construída nesse momento, uma vez que o parque desportivo já dispunha de balneários no seu recinto. No entanto, estava previsto que os balneários e a cobertura do polidesportivo (4.ª fase) fossem construídos mais tarde.
Nesse momento, tinha o projeto pareceres favoráveis da Delegação de Évora da DGD, da CME, da Direção Regional de Agricultura do Alentejo e da DSRPUS. O orçamento da obra era de 5500 contos, sendo a comparticipação proposta de 3300 contos (60%). O projeto teve de ser remodelado para responder a questões levantadas pelos técnicos da Direção-Geral do Equipamento Regional e Urbano (DGERU), sendo posteriormente aprovado, em janeiro de 1985, com um valor orçamental atualizado de 7000 contos, e sendo com este valor incluído no PIDDAC/88 (Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) da Direcção-Geral de Ordenamento do Território (DGOT). O clube teve ofertas de materiais e de mão de obra, bem como do empréstimo de máquinas pela CME. O protocolo (34/88) entre o SLE e, a DGOT e a Comissão de Coordenação da Região do Alentejo (CCRA) foi assinado entre maio e julho de 1988, prevendo a comparticipação de 4200 contos (60% do orçamento então atualizado). O clube solicitou ainda a majoração deste valor – passando-o para 70% –, pretensão que foi secundada pela CCRA. A majoração, no valor de 700 contos, foi autorizada em junho de 1988 pela Secretaria de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território (SEALOT). O projeto foi então incluído, também, no PIDDAC/89.
Notas
O Parque Desportivo Eng.º Joaquim António Moreira Carneiro localiza-se a nascente do centro histórico de Évora, na Estrada dos Aliados, junto ao Bairro da Senhora da Saúde e ao Bairro Garcia de Resende (ampliação da Zona de Urbanização n.º 1), onde o Sport Lisboa e Évora tem o seu edifício-sede. É composto por vários equipamentos de prática desportiva e respetivo apoio, incluindo campo de futebol – em relvado sintético – e pavilhão gimnodesportivo.
O projeto geral do parque foi completado em julho de 1984, seguindo um estudo realizado pela Direção-Geral dos Desportos (DGD) que previa, segundo a Memória Descritiva do projeto, seis fases de construção: 1) polidesportivo descoberto; 2) balneários-vestiários do polidesportivo; 3) bancadas em volta do campo de futebol e pilares da cobertura do polidesportivo; 4) cobertura do polidesportivo; 5) paredes e acabamentos finais; 6) arranjos exteriores. Neste momento já estavam construídos no recinto o campo de futebol e respetivos balneários-vestiários, bem como o posto médico. A planta geral mostra também a casa do guarda, assim como um poço, junto do local para onde se previa a construção de uma piscina de aprendizagem, nunca realizada.
Durante a construção do polidesportivo descoberto, localizado no topo norte do campo de futebol, optou-se por aproveitar a obra para o transformar, desde logo, em pavilhão gimnodesportivo, com o seu comprimento orientado no sentido Este-Oeste. O pavilhão mede um total de c. 53m de comprimento por c.27m de largura, tendo uma altura, na sua cota mais alta, de 8,7m. Ocupa 1425m2 de implantação e tem uma área total de piso de 1720m2. Em planta, o edifício divide-se em três zonas distintas: a zona de público (no limite sul do edifício), a zona de apoio à prática desportiva (no seu limite poente) e a zona de prática desportiva. As duas primeiras zonas desenvolvem-se em dois pisos e a terceira beneficia de duplo pé-direito.
A entrada principal do edifício realiza-se através de uma porta dupla localizada no seu canto sudoeste, abrigada por uma pala triangular que acompanha todo o alçado poente. Neste canto de entrada (composto por vestíbulo, bilheteira e escadaria) convergem todas as circulações horizontais e verticais. Aberta para o vestíbulo existe também uma zona de bar com instalações de apoio (instalações sanitárias do público e arrecadações), bem como uma porta dupla de acesso ao grande vazio do recinto, de pé-direito total (c. 7,6m), dedicado à prática das várias modalidades de salão. O recinto inclui bancadas para o público e acessos ao módulo de apoio à prática desportiva, constituído por portaria, balneários, arrecadações para material desportivo e entrada independente para atletas a partir do exterior. Uma das arrecadações, localizada no canto noroeste do edifício e com acesso exterior, foi pensada para poder funcionar também como sala polivalente. O piso superior é constituído por uma galeria de público, balneários, posto médico / centro de enfermagem, sala de ginástica e arrumos.
A construção faz uso de um sistema misto que inclui pré-fabricação pesada – constituído por pilares para suporte da cobertura estrutural em “cascas de betão” (HP, pré-fabricadas e pré-esforçadas, tipo Silberkulh, conforme estudos da Indubel, representante em Portugal desta patente) – e construção mais convencional em paredes de tijolo furado, pilares de betão armado e lajes aligeiradas no piso superior, constituídas por vigotas de betão pré-esforçado e blocos de enchimento. Os intervalos entre as “cascas de betão” na cobertura são preenchidos por chapas onduladas isotérmicas (fibrocimento) – revestidas com tela betuminosa e lâminas de alumínio inferior e superiormente – alternadas com chapas translúcidas, permitindo a iluminação zenital difusa do espaço. As paredes exteriores de tijolo furado foram rebocadas e pintadas de cor branca, o que remete, em conjugação com alguns apontamentos a vermelho – na platibanda, na cobertura, na pala de entrada, na face exterior dos pilares, nos caixilhos, nas guardas e nos tubos de queda das águas pluviais –, para as cores do clube.
Os alçados resultam, no essencial, das características construtivas aplicadas, salientando-se, nos alçados mais compridos, a expressividade do sistema estrutural da cobertura (duplamente curva) em conjugação com janelas circulares (apenas no alçado sul). No alçado principal, de desenho mais retilíneo, destaca-se a pala triangular que resguarda a zona de acesso e as baixas janelas que iluminam as divisões interiores.
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Localização
Estado e Utilização
A informação constante desta página foi coligida por João Cardim, em abril de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Parque Desportivo Eng.º Joaquim António Moreira Carneiro, Évora. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/18587/parque-desportivo-eng-joaquim-antonio-moreira-carneiro-evora