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Quartel dos Bombeiros Voluntários de MoraQuartel dos Bombeiros Voluntários de Mora - Cruz Roxa

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mora foi criada a 9 de janeiro de 1940, sendo Manuel José Godinho o primeiro Comandante do seu Corpo de Bombeiros. A associação iniciou as suas funções graças a um donativo de João Lopes Aleixo (de Cabeção) e à cedência a título de empréstimo, por Américo Mexia Nunes Barata, de uma propriedade na Rua da Estação, a nordeste do centro da vila, onde se instalou o primeiro quartel da associação. Ainda nesse ano fundacional, o quartel passou a funcionar na Rua de Pavia.

Em 1945, Ana Elisa Nunes de Matos Fernandes e José Maria de Matos Fernandes doaram à associação um terreno com celeiros no Terreiro dos Frades, para aí se implantar um novo quartel. O projecto foi submetido em 1946 para apreciação e obteve financiamento no âmbito da política dos Melhoramentos Urbanos do Ministério das Obras Públicas (Processo 91/MU/46). A construção iniciou-se em 1949 e terminou em 1952.

No início da década de 1980 iniciou-se o processo que conduziu à remodelação e ampliação do quartel de bombeiros. As necessidades mais prementes eram relativas ao espaço exíguo do edifício e à ausência de uma garagem para as viaturas, que se degradavam ao ar livre. O projeto inicial desta fase data de abril de 1982 e é da autoria do Gabinete de Apoio Técnico de Montemor-o-Novo (arquiteto Joaquim Tenreiro), que então servia também os municípios de Arraiolos, Mora e Vendas Novas. A Câmara Municipal de Mora, que tinha contactado o GAT para o efeito, aprovou o projeto em junho de 1982, que teve também parecer favorável da Inspeção Regional de Bombeiros do Alentejo. O pedido de comparticipação (358/ERU/82) deu entrada na Direção-Geral do Equipamento Regional e Urbano (DGERU) em agosto do mesmo ano, tendo sido apreciado pela Direção de Equipamento do Distrito de Évora (DEDE) em dezembro, e pelos serviços centrais em março do ano seguinte.

Com base nas várias apreciações, o projecto foi remodelado por diversas vezes até estabilizar em julho de 1986. No final desse ano foi aberto concurso para a empreitada, vencido pela empresa Batimóvel – Engenharia e Construção, Lda., que iniciou a obra a 12 de maio de 1987, seguindo um orçamento inicial de 25 mil contos. Alguns imprevistos durante a construção e a realização de trabalhos a mais atrasaram a empreitada, cujos trabalhos foram concluídos no início de abril de 1989, por um valor total de cerca de 35 mil contos.

O novo quartel e sede da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mora foi inaugurado a 30 de abril de 1989. Após esta data foram também realizadas outras obras de menor dimensão: oficina e casa escola (1998), lavandaria e depósito de combustível (2000), camarata feminina e parque de viaturas de incêndio (2001-2002), e furo para abastecimento de água (2002).

Entre 2010 e 2014, o quartel foi alvo de obras de alteração e reabilitação, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), cofinanciado pelo Fundo de Coesão da União Europeia (Ministério da Administração Interna – Programa Operacional Temático Valorização do Território). A obra foi realizada pela empresa HACL – Sociedade de Construções, Lda., e o seu custo total foi de cerca de 380 mil euros, com comparticipação comunitária de cerca de 265 mil euros (referência do processo de comparticipação: POVT 03-0335-FCOES-000177).

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Notas

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

O Quartel dos Bombeiros Voluntários de Mora localiza-se na zona central da Vila de Mora, não muito longe das principais praças do casco histórico. O alçado principal do edifício original (concluído em 1952) dá para um pequeno largo (Terreiro dos Frades) na continuidade da Rua de São Pedro. Os edifícios que compõem a ampliação decorrida no final dos anos 1980 acedem-se a partir da Rua Manuel José Godinho.

Visto pelo seu alçado principal, o edifício original – de três pisos, um deles em semicave – é composto por dois corpos, um vertical (à direita) e um horizontal (à esquerda). O primeiro apresenta-se como o acesso principal, sendo constituído por duas janelas horizontais e uma circular, para além da entrada propriamente dita, onde uma pequena escadaria dá lugar a um hall. Antes da remodelação e ampliação, este corpo agrupava quase todas as funções de direção e funcionamento da associação e do corpo de bombeiros. O corpo horizontal – de telhado inclinado pronunciado e com quatro portões hoje transformados em janelões – albergava essencialmente a garagem dos veículos da corporação, que se tornou pequena ao longo das décadas. Ao nível da composição formal do alçado principal, a divisão entre os dois corpos é acentuada por um alto e esguio troço em pedra aparelhada aparente que recebe um dos dois postes de bandeira existentes nesta fachada.

Após a remodelação dos anos de 1980, o edifício original passou a albergar o bar (com cozinha e arrecadação) e a sala de jogos no 1.º piso (semicave); a sala de reuniões (na antiga garagem), o gabinete de direção, a secretaria e o posto de socorros no 2.º piso; e a habitação (T2) para o permanente no 3.º piso. O quartel propriamente dito foi instalado em dois novos blocos dispostos perpendicularmente entre si, mimetizando, em certo sentido, a divisão programática do quartel original. Um desses blocos – longo e estreito, com cobertura inclinada de uma só água – continha num único piso todas as funções necessárias do programa, à exceção do parque de viaturas (com arrecadações anexas), que ocupa um bloco mais largo, paralelo à Rua Manuel José Godinho. A disposição dos dois novos blocos conforma um largo espaço exterior recolhido da rua principal, a parada, que contém também alguns edifícios complementares e a casa-escola.

Os novos edifícios remetiam, em certo sentido, para uma arquitectura moderna revista e adaptada ao contexto local. Entre 2010 e 2014, o quartel sofreu uma nova obra de alteração e ampliação, cuja face mais visível foi o acrescento de um piso no bloco longo e estreito inaugurado em 1989. Do ponto de vista formal, o revisionismo dos anos 1980 foi substituído por uma arquitectura cúbica e despojada, característica das décadas de 1990 e 2000 em Portugal.

Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)

Data de Conclusão
1952
Atividades 2

Localização

Comunidade
Localização
Distrito Histórico (PT)
ÉvoraDistrito Histórico (PT)
Contexto
UrbanoContexto

Estado e Utilização

Utilização Inicial
Estado
ConstruídoEstado da Obra

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Quartel dos Bombeiros Voluntários de Mora. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/18648/quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-mora

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).