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Cooperativa Agrícola da Granja, Mourão

O conjunto edificado da Cooperativa Agrícola da Granja foi promovido por esta entidade a partir da data da sua fundação, em 1952. A área geográfica da cooperativa abrange todas as freguesias do concelho de Mourão, bem como as freguesias de Amareleja e Póvoa de São Miguel, do concelho de Moura.

Inicialmente, a principal atividade foi a produção de azeite, para a qual foi construído e equipado um lagar que funcionou, com as máquinas originais, até 2001, quando foi instalado novo equipamento. Para além disso, a cooperativa disponibilizava aos seus sócios máquinas e ferramentas agrícolas para a ceifa e moagem de cereais.

No final da década de 1950 surge uma nova iniciativa, envolvendo a criação de uma adega-destilaria para produção de aguardente de figo. Através do respetivo projeto, datado de 1960, podemos perceber quais as construções que existiam nesta data: o lagar de azeite como peça central do conjunto, rodeado por um pátio de serviço, pelos eirados para azeitona, por um armazém de azeite, por uma moagem de trigo e pela habitação do guarda.

O projeto de 1960, desenhado pelos arquitetos Fernando Gomes da Silva, Leopoldo de Almeida e Octávio Rego Costa, contemplava um grande conjunto de instalações das quais apenas foi construído o edifício da adega (orçamentado em 1500 contos), com as suas características coberturas abobadadas. Os edifícios não construídos incluíam um silo para trigo, celeiros para cevada, aveia, centeio e farinhas para gados, um parque coberto para viaturas agrícolas, e uma banda escalonada de três habitações unifamiliares (para o adegueiro, o guarda do lagar e o fiel do parque). A licença para construção da adega deu entrada na Câmara Municipal de Mourão em julho de 1964.

Em 1965 a Cooperativa Agrícola da Granja virou a sua ação para a produção de vinho, que passou a ser a sua atividade central. Gradualmente cessaram as outras atividades (área de cereais e parque de máquinas), com exceção da produção de azeite. Com a instalação de um novo lagar, em 2001, parte do edifício do lagar original passou a funcionar como museu da cooperativa, onde se podem ver as máquinas do antigo lagar, fabricadas pela Metalúrgica Duarte Ferreira, do Tramagal.

Em 2023-2024 foi remodelado e ampliado um edifício existente no recinto da cooperativa (antigos celeiros?) para servir de elemento central no projeto de enoturismo e olivoturismo da Adega da Granja Amareleja. O edifício, denominado Casa Experiencial do Vinho e do Azeite, ou simplesmente Casa, trata-se de um pavilhão de tamanho generoso, com alguns vãos envidraçados de grande dimensão e pedra aparente nas fachadas.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Data de Conclusão
1952
Comunidade

Localização

Localização
Lugar
Fonte Velha
Distrito Histórico (PT)
ÉvoraDistrito Histórico (PT)
Contexto
RuralContexto

Estado e Utilização

Estado
ConstruídoEstado da Obra
Utilização Inicial
Outros ˃ Agricultura e Pescas ˃ AdegaTipologia Funcional
Proprietário
Utilizador

Cronologia de Atividades

Atividades

Descrição Breve

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

O conjunto edificado da Cooperativa Agrícola da Granja localiza-se a norte desta povoação, já fora do seu tecido urbano, localizado a cerca de 13 quilómetros de Mourão, pela estrada N385. É composto por três elementos destacados: o edifício do lagar de azeite, a adega e o edifício de apoio ao enoturismo e olivoturismo (um edifício existente que foi reaproveitado para esta função).

O edifício do lagar de azeite é composto por um conjunto de forma retangular – de aparência vernacular com telhados de duas ou quatro águas e beirado tradicional – que se acede através de um pátio murado. Do lado esquerdo da entrada deste pátio fica a antiga casa do guarda. Do lado nascente localiza-se o volume comprido dos antigos armazéns de azeite e moagem de trigo, hoje ocupados com funções administrativas. No centro do conjunto está o edifício do lagar propriamente dito (que alberga também um museu), composto por um volume bastante largo de onde sobressai um volume mais pequeno, exibindo a denominação da cooperativa.

O conjunto da adega caracteriza-se pelos volumes de coberturas abobadadas, rodeados pelos vários edifícios de apoio e depósitos que foram sendo instalados ao longo do tempo. O edifício da adega é constituído por dois pisos, o piso de entrada (o principal, de grande pé-direito) e um piso em cave. O piso principal contém as diversas funções de produção, inicialmente dedicada à aguardente de figo (zona de cubas de fermentação, depósitos de fermentação de figo e silos de bagaço, destilaria, depósitos de aguardente, entre outros). Alberga também outras funções de apoio (escritório, laboratório, armazém de vinhos engarrafados, refeitório, caldeira). Na cave foram localizadas as instalações sanitárias e balneários do pessoal. O piso principal foi elevado um metro acima do nível do solo para melhor ventilação da cave, e esta diferença de cota é vencida, no alçado sul, através de uma rampa. Existiu um especial cuidado, por parte dos projetistas, na pormenorização das abobadas (formadas por filas paralelas de fusos cerâmicos ligados por argamassa) e da escada de planta hexagonal, que percorre todos os pisos do edifício.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Cooperativa Agrícola da Granja, Mourão. Acedido em 19/09/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/18666/cooperativa-agricola-da-granja-mourao

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).