Estádio Municipal de Albufeira - Imortal Desportivo Clube, Albufeira
O Imortal Desportivo Clube de Albufeira, clube fundado em 24 junho de 1920, desenvolveu a atividade de várias modalidades desportivas em instalações descobertas, até aos anos 1970, no núcleo urbano da vila de Albufeira, altura em que com o apoio estatal transformou o campo em pavilhão coberto. Em 1981 deu início a um novo propósito desportivo, criar o Centro Desportivo Municipal de Albufeira (CDMA), encomendando o seu estudo ao Gabinete AP3 – Arquitetura e Planeamento, Lda.
Assinado pelo arquiteto Ricardo Hartmann, o estudo focava-se em quatro pontos: a necessidade do equipamento; a proposta; e o programa preliminar do projeto e a área de ocupação prevista.
A construção de um centro desportivo municipal, a construir em Albufeira, pretendia suprir a carência de espaços e equipamentos desportivos destinados a uma população que vinha crescendo e que não mostrava indícios de abrandamento. Destinava-se a ocupar os tempos livres e de lazer de uma população ativa, maioritariamente das camadas jovens, mas não só. A sua localização, na zona norte da Quinta da Palmeira, nos Caliços, beneficiaria das vantagens de estar numa zona de expansão da vila, com acessos facilitados ao centro urbano e com infraestruturas já programas ou em execução.
Conceptualmente propunha um conjunto de equipamentos em espaço aberto usufruindo “de uma boa localização e do clima privilegiado do Algarve (…) onde os automóveis fiquem na periferia e as deslocações se façam a pé ou em bicicleta, para o que se pretende a criação de ciclovias interligando os diversos pontos de utilização.” Em complemento das estruturas, os espaços envolventes seriam “tratados paisagisticamente, de modo a proporcionar áreas de repouso e lazer em contacto direto com a natureza, corolário da prática desportiva. (…) propõe-se ainda a criação de um bosque com locais adequados para a prática de pic-nics, (…) e também de uma praça para a realização de bailes e festas populares.” Em resumo, propunham-se, como programa preliminar, um Centro Desportivo constituído por vários grupos de equipamentos:
Edifício principal com salões diversos para convívio, leitura, ténis de mesa; bar e restaurante; esplanada e jardim; zona de administração; sauna e massagem; gabinete médico; instalações sanitárias e arrecadações.
Estádio com campo de futebol; pista de atletismo para corrida, saltos e lançamentos; compartimentos destinados a vestuário; instalações sanitárias; salas de treinadores e salas de árbitros; enfermaria; e arrecadações.
Pavilhão gimnodesportivo com campo polivalente para a prática de basquetebol, vólei, andebol, hóquei e ginástica; vestiários e instalações sanitárias; salas de treinadores e de árbitros; enfermaria; e arrecadações
Piscinas descobertas, olímpica, de saltos, e infantil; vestiários e instalações sanitárias; salas de treinadores; enfermaria; e arrecadações.
Campos de jogos descobertos para a prática de ténis, de basquetebol, vólei, andebol, futebol de 7; pista de patinagem; espaço para jogos infantis; e minigolfe.
Bosque para piqueniques e Praça para bailes e festas populares.
Espaços de manutenção com casa do guarda; depósito de equipamentos de manutenção; oficinas e arrecadações.
O ambicioso projeto do CDMA configurava-se num parque de grandes dimensões constituído por diversas instalações de carácter desportivo e recreativo que, pela sua distribuição por vários hectares, seria necessariamente construído por fases, tendo-se escolhido a construção da piscina para primeira fase da obra. O que parecia um projeto bem planeado, com o estudo prévio da piscina a ser aprovado por despacho do secretário de Estado de 24 de junho de 1982, tornou-se dum processo demorado, complicado e com várias alterações aos projetos das várias fases que se transformaram em muitos atrasos e contratempos.
Em 1985, com a subida do Clube à 3ª Divisão Nacional de Futebol, a direção solicita junto das instâncias superiores uma alteração nas prioridades dos equipamentos a construir para o CDMA, substituindo a obra das piscinas pela construção do campo de futebol e pista de atletismo, o que leva a novas alterações processuais. Em outubro desse ano o respetivo estudo prévio da obra que agora se priorizada estava aprovado, tendo-se liquidado parte da comparticipação atribuída pelo Estado. Mas o processo entra num período de abrandamento que só a nova direção desportiva, eleita em fevereiro de 1988 e presidida por José Vieira Xufre (antigo presidente do município), desbloqueia. Houve então necessidade de reformular todo o processo e reorganizar a construção do centro desportivo em diferentes novas fases, mantendo-se o início da obra pela construção do campo de futebol e respetivas dependências.
À revelia de todas as entidades regionais e centrais o Clube dá início às obras em meados de 1988, o que desencadeia novamente toda uma serie de procedimentos administrativos de regularização da obra. Embora não se conheça o desfecho administrativo da obra, o CDMA é hoje uma realidade da vida da cidade de Albufeira e dos seus habitantes.
Notas
O conjunto de equipamentos que hoje integram o parque desportivo e recreativo de Albufeira estende-se por vários hectares. Inicialmente projetado em zona de expansão urbana a norte do núcleo existente foi absorvido por bairros habitacionais entre os quais pontuam outros equipamentos públicos. Existem, no entanto, ainda várias bolsas de espaços verdes na malha urbana construída.
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Localização
Estado e Utilização
A informação constante desta página foi redigida por Tânia Rodrigues, em maio de 2024, com base em fontes documentais.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Estádio Municipal de Albufeira - Imortal Desportivo Clube, Albufeira. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/18913/estadio-municipal-de-albufeira-imortal-desportivo-clube-albufeira