Bairro Económico, PortalegreBairro Económico de D. João III, PortalegreBairro da Fontedeira, Portalegre
O Bairro Económico de Portalegre, também em tempos conhecido por Bairro D. João II ou Bairro da Fontedeira, foi construído por iniciativa da Câmara Municipal de Portalegre através do programa de construção de Casas Económicas da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), destinando-se à gestão Instituto Nacional do Trabalho e Previdência.
Tanto quanto a documentação permite compreender, o município começou a manifestar a intenção de construir um bairro de casas económicas em 1938, solicitando uma visita da DGEMN para a escolha do terreno a implantar o futuro bairro - de acordo com o Plano de Urbanização de Portalegre, elaborado em 1937 pelo Arq. Miguel Jacobetty.
Definida a localização do bairro e realizado um inquérito habitacional em 1946, em 1947 é elaborado pelo Arq. Vasco de Morais Palmeiro um anteprojeto de um bairro de 50 casas económicas - ainda que mais tarde só 30 viessem a ser projetadas e construídas.
Assim, em novembro de 1948 o mesmo arquiteto propõe-se a executar o projeto de urbanização do bairro, bem como os projetos de 4 moradias-tipo, pelo valor de 40.000$00.
Aprovado o projeto, em dezembro de 1948 a empreitada de construção do bairro é adjudicada ao empreiteiro Demétrio Pinto Bandeira, pelo valor de 1.380.000$00.
Em janeiro de 1949, dar-se-ia início à obra.
Assim, em abril de 1949 o Ministério das Obras Públicas concederia à Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais uma comparticipação no valor de 310.000$00, através do Fundo de Desemprego, para a construção do Bairro Económico de Portalegre - orçado em 1.531.000$00.
Em março de 1950 a Direção dos Serviços de Construção da DGEMN e Câmara Municipal de Portalegre fariam uma avaliação de alguns terrenos a adquirir, na zona de expansão norte da cidade, com vista ao apoio financeiro do Estado.
Em dezembro de 1950, a empreitada de construção das vedações dos quintais é adjudicada a Demétrio Pinto Bandeira pelo valor de 39.930$00, através de concurso limitado.
Em agosto de 1951 o projeto de urbanização seria aprovado, após alterações efetuadas Secção Técnica da Câmara Municipal de Portalegre, já que o bairro deveria ser urbanizado de forma mais modesta e económica, por se localizar na transição entre a zona comercial-residencial mais enriquecida e a zona rural da cidade.
Em dezembro de 1951 o Ministério das Obras Públicas concederia à Câmara Municipal de Portalegre uma comparticipação no valor de 361.689$60, através do Fundo de Desemprego, para os trabalhos de urbanização do bairro - orçados em 447.026$00.
Em fevereiro de 1952, os trabalhos referentes às modificações escadas de acesso às moradias seriam adjudicados à Câmara Municipal de Portalegre por 2.000$00.
Em maio de 1952, de acordo com uma publicação do Ministério das Obras Públicas, o bairro e a sua respetiva urbanização estariam concluídos - sendo inaugurados a 24.05.1952 na presença do Governador Civil do Distrito de Portalegre.
Contudo, a obra não estaria definitivamente entregue e os trabalhos não estariam verdadeiramente concluídos, surgindo, em 1952, a necessidade de trabalhos complementares referentes à construção de guardas de escadas, escadas de acesso aos quintais, muros de suporte de terras e regularização dos logradouros.
A obra seria definitivamente entregue em agosto de 1952, tendo os muros de vedação dos logradouros sido projetados por um dos moradores do bairro, ficando, aparentemente, a sua construção a cargo dos respetivos moradores, de acordo com o projeto pré-estabelecido - ainda que em dezembro de 1953 não estivessem concluídos.
Entre 1958 e 1964, vários moradores do bairro solicitaram a realização de obras nas suas moradias, tais como a construção de caves, varandas e trabalhos de ampliação.
Análise
Na sua origem, o antigo Bairro Económico de Portalegre seria constituído por 30 moradias, projetadas de acordo com 4 projetos-tipo de tipologia T3, implantadas na zona de expansão Norte da cidade, junto ao hospital regional.
Este projeto-tipo procurou que o conjunto se integrasse arquitetonicamente com o ambiente local, tendo o arquiteto procurado inspiração na arquitetura rural.
Cada moradia compunha-se por 2 pisos entre os quais se articulavam as diferentes divisões: no rés-do-chão uma pequena sala de estar, casa de jantar, cozinha e despensa; no 1.º andar uma casa de banho e 3 quartos. Nas moradias de menor área a zona de sala de estar e casa de jantar era constituída por divisão única.
Estava ainda previsto no projeto de arquitetura a possibilidade de ampliação das moradias com mais 2 quartos, um por piso.
Todas dispunham de um logradouro, devidamente vedado.
As moradias podiam ser simples ou duplas (geminadas), sendo o acesso às mesmas feito por meio de uma escada, atendendo à sua implantação em terreno irregular.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
Notas
Os processos de obra dão conta de que a o concurso da empreitada foi divulgado pela imprensa local - num investimento feito pelo Ministério das Obras Públicas.
A informação constante desta página foi redigida por Tiago Candeias, em janeiro de 2025, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2025) Bairro Económico, Portalegre. Acedido em 22/02/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/20109/bairro-economico-portalegre