Casa do Povo de Côja, Arganil
Os estatutos da Casa do Povo de Coja foram aprovados em 22 de Dezembro de 1939, formalizando sua criação. A sede foi inicialmente instalada em um edifício próprio em 1943, ainda que não tivesse sido construído de raiz para abrigar esta entidade.
"A Casa do Povo dispõe de sede própria, adquirida em 1943 pela importância de 30.000$00 concedida ao organismo pelo Fundo Comum. Embora não se trate de um edifício construído expressamente para o fim, satisfaz plenamente os objetivos. "(Albino António de Melo, Subinspector da Inspeção dos Organismos Corporativos em Inspeção à Casa do Povo de Coja, 29 de Setembro de 1951, fl.13)
No começo dos anos 1950, a Casa do Povo de Côja empreendeu a construção de uma nova sede, cujas obras estavam a ser finalizadas em 1955, de acordo com a inspeção realizada naquele ano:
"Não foi no melhor dos momentos a passagem, agora, da IOC por este organismo. Com as obras da nova sede, quase completamente concluídas, perdeu-se a noção da necessidade de ordem nos serviços e nos arquivos (...) De posse de uma nova sede, o organismo fica com excelente ponto de partida para uma larga ação. O edifício reúne boas condições para se levarem a efeito iniciativas diversas, tanto nos campos recreativo e cultural, como nos de previdência e assistência. Já ali há filarmónica constituída e agora... é afinar cada vez melhor..." (Manuel Morgado Valério, Subinspector da Inspeção dos Organismos Corporativos em Inspeção à Casa do Povo de Coja, 15 de Fevereiro de 1955, fls.1 e 8)
Em uma nova inspeção, destacam-se as qualidades do edifício:
"O edifício, pertencente à instituição, é bastante vasto e tem, dependências apropriadas para o funcionamento simultâneo dos serviços médicos e de enfermagem, culturais e administrativos, mas nota-se a falta de algum mobiliário, tanto no posto médico como nas dependências reservadas aos dirigentes e ao serviço de secretaria." (Inspeção à Casa do Povo de Coja, 10 de Setembro de 1959, fl.3)
No começo dos anos 1970, a entidade promoveu a ampliação da sede, que passou a dispor de um cinema com balcão para 202 espectadores, sala de tv e de ping-pong, e de uma seção dedicada à saúde, com salas de consultas, tratamentos, estomatologia, Raios X e espera.
O engenheiro Civil António Monteiro dos Santos Moreira, na Memória Descritiva para a obra de remodelação da Casa do Povo de Coja datada de 1971.10.22, esclarece que o projeto, "visa, principalmente, a simplificação da fachada principal, alterando-se profundamente sua traça de modo a formar um conjunto de linhas simples, não perdendo, contudo, o conjunto de características que lhe dão um aspecto equilibrado e agradável à vista", o que sugere que uma versão anterior do projeto já havia sido submetida à apreciação superior. O orçamento para a empreitada perfazia então 1.633.823$00, pouco acima do custo dos trabalhos a executar previstos no "Projeto anterior", que equivaliam 1.616.551$72.
Notas
A ampliação da Casa do Povo de Coja procurava responder às novas valências que a entidade pretendia oferecer no início dos anos 1970, a partir da ampliação dos Serviços Médico-Sociais das Caixas de Previdência e das novas necessidades da comunidade, como esclarece o Engenheiro Civil António Monteiro dos Santos Moreira na Memória Descritiva do projeto:
"Por motivo do edifício existente não oferecer as condições necessárias para se conseguir todas as finalidades a que se destinam as 'Casas do Povo', pretende a Direção remodelar profundamente o edifício existente de harmonia com o programa indicado pelos Serviços de Planeamento de Instalações da Federação das Caixas de Previdência e Abono de Família. Assim, apresenta-se um estudo no qual o edifício é ampliado em superfície e altura, prevendo-se conforme mostramos plantas, no rés-do-chão, a sala de espetáculos, recepção, Serviços Administrativos, Serviços Médicos, de enfermagem e Serviço de Apoio e no 1º Andar ficará a zona cultural e recreativa, destinando-se o 2º Andar a arrumos. (...) Sob o aspecto arquitetónico, como se verifica pelos desenhos das fachadas, o conjunto projetado forma um todo equilibrado, enriquecendo à custa de elementos de cantaria de granito."
A Casa do Povo Côja é um organismo bastante ativo até os dias atuais (2023), sobretudo em comparação com a congénere de Arganil, que deixou de existir como instituição.
Durante uma visita à Casa do Povo de Côja, nomeadamente para o concerto do 25 de abril de 2023, observamos o interior deste edifício, que apresenta azulejos decorativos nas paredes e janelas com caixilhos de madeira. O teatro, de tamanho médio, exibe sinais de danos, como humidade visível no lado esquerdo do palco. No entanto, a atmosfera social da casa destaca-se por ser um ambiente familiar e animado. Confirmamos a dinâmica das atividades sociais e culturais locais em Côja, que já havia sido mencionada anteriormente como um lugar de grande vitalidade sociocomunitária. O ambiente é festivo e barulhento: muitas pessoas animadas e conversando, famílias e amigos dos músicos na plateia. A celebração do 25 de abril manifesta-se com grande expressividade: música tradicional, silêncios e concentração na plateia, cravos vermelhos como distintivo dos músicos.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Estado e Utilização
Documentação
A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, em janeiro de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
A recolha e incorporação de experiências comunitárias foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base em uma visita à Casa do Povo de Côja no 25 de abril de 2023.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Casa do Povo de Côja, Arganil. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/2033/casa-do-povo-de-coja-arganil