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Junta de Freguesia de Manigoto, PinhelCasa do Povo de Manigoto, Pinhel

De acordo com Laurindo Monteiro, diretor do Museu de Pinhel, a Casa do Povo de Manigoto dinamiza grande parte da vida comunitária de Manigoto. O café é muito frequentado e devia ser das poucas aldeias que não tinham um café particular. Este é o lugar de encontro dos moradores de Manigoto e um lugar onde eram feitos bailes populares e atividades coletivas. A Casa do Povo de Manigoto funciona no andar de baixo. O edifício tem centralidade na localidade, dado que está no centro de Manigoto. No exterior tem uma fonte pública de utilização coletiva.

Segundo os testemunhos recolhidos no encontro “Memórias da Casa do Povo de Manigoto”, realizado em outubro de 2023, o edifício antes era uma escola primária. Esta escola era pequena e experimentou uma ampliação mais tarde. Onde atualmente é o café da Casa do Povo de Manigoto era a sala da antiga escola. Vários participantes foram a esta antiga escola. Um participante lembra: “eu aqui andei um ano e meio, a primeira classe... depois a meio ano é que mudámos” [à outra escola, do Plano dos Centenários]. Na sala grande da antiga escola eram dadas aulas para as quatro classes. A habitação da professora e um quintal ficavam próximos desta sala. Os alunos e alunas estavam misturados. Era uma escola mista.  

Depois de fechar a antiga escola, a Casa do Povo como lugar de encontro comunitário foi iniciada por jovens: “Esta [a escola, o edifício] ficou para a rapaziada”, “era aqui onde nos juntávamos”. Os jovens fizeram uso deste espaço e arrumaram o edifício para aproveitamento coletivo. Começaram a arranjar o edifício pouco a pouco. Pediram ao governador civil fundos para renovar o edifício. Um participante do encontro “Memórias da Casa do Povo de Manigoto”, lembra: "Chegámos junto do governador civil e dissemos: "Senhor governador, nós precisávamos de dinheiro para reconstruir aqui a casa que é para nós reunirmos aqui." Eles receberam cem contos, "nós nem sabíamos se aquilo era muito, se aquilo era pouco". Esse dinheiro foi usado para contratar o obreiro e para materiais, "só contratualizámos o obreiro, a pessoa que trabalhava na obra". Com esse apoio e muito trabalho voluntário dos jovens, reconstruíram a casa. O primeiro andar foi remodelado e ampliado. A Casa do Povo tornou-se o ponto central da povoação como lugar de encontro.

Um participante refere que havia a intenção de colocar um posto médico no primeiro andar. A opinião dos participantes da Casa do Povo era que o edifício podia ter uma ampliação na zona onde havia um quintal, para fazer esse posto médico, de modo a que as pessoas idosas não tivessem de subir as escadas. No final, o posto médico não foi construído lá.

A alternativa à ampliação no primeiro andar também tinha outra explicação. Quando o edifício foi ampliado com o primeiro andar, perdeu-se um telhado de quatro águas que existia anteriormente. Um participante afirma o seguinte: "Nós tínhamos aqui um telhado, já ninguém se lembra, mas... às quatro águas, perfeito, em madeira, feito por profissionais que já, que nesta altura já não existe. Nem existia um telhado como este que estava aqui! Tal e qual como era antigo... E nós não queríamos danificar aquilo, essa foi a razão".

O piso superior foi um acrescento posterior, e é atualmente a sede da Junta de Freguesia de Manigoto. Segundo a opinião de vários participantes, não é acessível aos idosos porque devem subir umas escadas.

Durante o encontro “Memórias da Casa do Povo de Manigoto” (2023), Regina Valente Simões, presidenta da Junta de Freguesia de Manigoto, confirma que "o edifício é da junta [de Freguesia]. Aqui, nós podemos fazer atividades na Casa do Povo". As melhorias são feitas através da Junta de Freguesia.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Data de Conclusão
1993
Comunidade

Localização

Localização
Lugar
Manigoto
Distrito Histórico (PT)
GuardaDistrito Histórico (PT)
Contexto
InteriorContexto

Estado e Utilização

Estado
ConstruídoEstado da Obra
Utilização Inicial

Descrição Breve

Importância, Particularidades, Similaridades, Posição Relativa (Geografia e Cronologia)

De acordo com os participantes do encontro “Memórias da Casa do Povo de Manigoto”, esta Casa do Povo tem uma componente social muito importante. Aqui as pessoas de diversas idades se encontram, o que é muito apreciado por várias pessoas que participaram no evento em 2023. Por exemplo um jovem salienta este aspeto como um dos mais positivos porque é um lugar acolhedor para qualquer pessoa. Os moradores vão à Casa do Povo e partilham tempo juntos, conversam, tomam café...

Atualmente o café é gerido de maneira privada por uma pessoa, mas o espaço continua a ser coletivo: o espaço do café pode ser utilizado independentemente do facto de o consumo ser ou não efetuado no bar.

O espaço exterior da Casa do Povo também é importante, dado que durante as festividades de Manigoto é um lugar de grande congregação de pessoas. A vida associativa desta casa do povo está intimamente ligada a outros coletivos que surgiram a partir dos anos 1990: o Grupo de Amigos do Manigoto (GAM), uma associação sem fins lucrativos que criou o Espaço Museológico do Manigoto. Vários dos participantes destes projetos também frequentam a Casa do Povo de Manigoto. Todos estes espaços desenvolvem atividades recreativas e culturais que valorizam o património do Manigoto.


A recolha e incorporação do testemunho oral foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base numa conversa mantida em abril de 2023 e num evento público e coletivo realizado em outubro de 2023. A conversa e o evento foram realizados em conjunto com o investigador Diego Inglez de Souza.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Junta de Freguesia de Manigoto, Pinhel. Acedido em 16/09/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/2210/junta-de-freguesia-de-manigoto-pinhel

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).