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Casa do Povo de Pinhel Centro Distrital da Segurança Social/Serviço Local de Pinhel

Constituída em 1 de Junho de 1936, a Casa do Povo de Pinhel estava instalada inicialmente na Praça Sacadura Cabral, em um "velho edifício, sem grande número de divisões, é certo, mas demasiado velho e bafiento para preencher os fins em vista. Além do citado edifício a Casa do Povo tomou conta de parte de um outro prédio, onde outrora funcionava um teatro, no qual montou um salão de festas e de jogos que está ao cuidado do centro local da Mocidade Portuguesa. (...) Como, no fim das contas estes dois prédios não satisfazem ao fim em vista, a Direção do organismo tomou a iniciativa de construir um edifício próprio, no que foi bem sucedida, pois obteve a aprovação da planta e projetos e conseguiu a comparticipação do Comissariado do Desemprego e do Fundo Comum das Casas do Povo. O edifício está a ser construído num vasto recinto localizado num dos melhores pontos da cidade, onde, além da sede, se construirão campos de jogos para a prática de várias modalidades desportivas. O edifício compõe-se de três corpos distintos, grosso modo, em zig-zag, dois dos quais já tem paredes mestras levantadas." (José Augusto dos Santos Silva, Subinspector da Inspeção dos Organismos Corporativos em Inspeção à Casa do Povo de Pinhel, 22 de Outubro de 1952, fls.1 e 2).

O testemunho de Fausto Varges, participante do encontro "Memórias da Casa do Povo de Pinhel", realizado em outubro de 2023, aponta a seguinte informação: "(...) o arquiteto Madeira, um senhor que estava, que [foi] presidente da Câmara também, depois, [é] que fez o projeto aqui deste edifício. Mas, claro, era preciso dinheiro, e a Casa do Povo não tinha fundos. Claro, havia o Fundo de Desemprego na altura, que subsidiava estas construções. E então, “vamos para a frente. O Fundo de Desemprego subsidia, pronto”. E começaram com as fundações. Lá, mas depois, paravam as fundações, e é preciso o dinheiro […] E foi andando, foi andando. E olha, e construiu-se este edifício. Este edifício grande, que em 1954 [1955] foi inaugurado. Inaugurado com pompa e circunstância."

"Quanto a instalações, foi recentemente inaugurada a nova sede com a presença de S. Exºa. o Ministro das Corporações. Esta é constituída por um magnífico edifício com três corpos distintos, admiravelmente concebidos. No corpo central está um belo salão de festas. nos outros dois, amplas salas, bem apetrechados sanitários e um balneário na cave. O local é dos melhores da cidade. " (António Pereira, Subinspector da Inspeção dos Organismos Corporativos em Inspeção à Casa do Povo de Pinhel, 20 de Janeiro de 1956, fl.14)   

"Tem o organismo a sua sede, na cidade de Pinhel, em edifício próprio, que foi solenemente inaugurada em 29 de Maio de 1955. Trata-se dum grande edifício, de harmonioso aspecto exterior, com três corpos distintos. No corpo central está um amplo salão de festas, com o senão de lhe faltar um palco, e nos outros 2 corpos, 4 salas e sanitárias e, na cave, balneário. Apesar da majestade e harmonia exterior do edifício, foi o mesmo mal concebido interiormente, isto é, quanto ao aspecto funcional. Além do mais, não foi prevista a instalação duma sala para o posto médico, problema hoje de grande acuidade, uma vez que está em vias de realização o acordo com a SMS (Federação das Caixas de Previdência) para prestação conjunta de assistência médica " (Fernando Salvador Coelho, Subinspector da Inspeção dos Organismos Corporativos em Inspeção à Casa do Povo de Pinhel, 2 de Junho de 1960, fl.5) .

De acordo com o testemunho de Fausto Varges, como participante do encontro "Memórias da Casa do Povo de Pinhel", a Casa do Povo de Pinhel tinha diferentes utilizações concebidas pelo arquiteto: "A parte cultural, lá acima, a biblioteca e sala de estudo, jornais, a leitura de jornais. Aqui o salão, parte cultural e musical: bailes, televisão, fazíamos ali o presépio do Natal, muito visitado pelas pessoas depois que vinham de fora e tal. E depois a parte desportiva: os balneários, a pensar que podiam arranjar um grupo de rapazes para jogar a bola, para o ginásio, para o ping-pong. Tínhamos aqui também a mesma parte cultural e desportiva, não é? Portanto, os balneários já foram feitos com essa finalidade. O arquiteto já pensou nisso".

Laurindo Monteiro, participante do encontro "Memórias da Casa do Povo de Pinhel" aponta uma função importante da Casa do Povo de Pinhel: "e depois disso, e aí numa vertente muito mais social, que era a Casa do Povo: a segurança social. Funcionava ali o gabinete do trabalho do senhor Fausto e, portanto, havia aqui uma associação entre casas do povo, evidentemente que estão associadas também a isso: à vertente assistencialista daquilo que é hoje a segurança social". Até há pouco as pessoas diziam "vou pagar à Casa do Povo" para referir-se a pagar à Segurança Social.

Artur Pardalejo, participante do encontro "Memórias da Casa do Povo de Pinhel", lembra-se de que na Casa do Povo de Pinhel “nos anos 60 havia a televisão, principalmente nos domingos à tarde”. Lembra-se que foram momentos de encontro intergeracional e que a televisão despertou muito interesse nessa altura. Carlos Videira, atual presidente da Casa do Povo de Pinhel, também aponta essas experiências, e diz que havia um funcionário carismático que fazia o presépio no Natal, que tinha muito sucesso. Também tinha muito sucesso a televisão e as pessoas viam programas como "Bonanza". Quando tinha cerca de 10 ou 12 anos, lembra-se de se sentar calmamente a ver televisão.

De acordo com Carlos Videira, presidente da Casa do Povo de Pinhel, a Segurança Social funcionava no módulo que era uma extensão do edifício original da Casa do Povo (este acrescento foi feito nos anos 70, após o 25 de Abril). Este serviço não tinha nada a ver com o resto das atividades que se desenvolviam na Casa do Povo. Os funcionários públicos trabalhavam ali e pagavam uma renda pela utilização do espaço à Casa do Povo. No mesmo espaço, foram adaptadas salas para a formação, para o centro de emprego, para a formação profissional, mas agora (2023) não são utilizadas.

Também de acordo com Carlos Videira, para além da vertente social, cultural e desportiva, a Casa do Povo tinha também uma função assistencial. A este respeito, Laurindo Monteiro sublinha que a Casa do Povo de Pinhel tem um carácter mais institucional e assistencial, em comparação com outras como a Casa do Povo de Manigoto, de carácter mais comunitário.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Data de Conclusão
29/05/1955
Comunidade

Localização

Localização
Lugar
Pinhel
Morada
Rua Doutor Dinis da Fonseca, 3
Distrito Histórico (PT)
GuardaDistrito Histórico (PT)
Contexto
UrbanoContexto
InteriorContexto

Estado e Utilização

Estado
ConstruídoEstado da Obra
Utilização Inicial

Cronologia de Atividades

Atividades

Descrição Breve

Importância, Particularidades, Similaridades, Posição Relativa (Geografia e Cronologia)


Durante o encontro "Memórias da Casa do Povo de Pinhel", várias pessoas destacaram a importância deste edifício como elemento de modernidade em Pinhel. A este respeito, Laurindo Monteiro, participante do encontro "Memórias da Casa do Povo de Pinhel", afirma “é óbvio que temos de pensar também numa outra realidade, que é esta. Na década de 50, ainda hoje nós somos rurais, estamos no interior, o interior é aquele, mas na década de 50 era ruralidade pura”.

Laurindo Monteiro também afirma o seguinte sobre a Casa do Povo de Pinhel: "E via este espaço como algo diferente, até porque aqui à volta também não havia as construções, que há agora. Ela tinha um destaque urbano muito significativo, não só pela beleza arquitetónica que tem, pela monumentalidade que tem, mas aqui era um campo de futebol, e portanto, mesmo com a cerca do futebol, estava completamente evidenciado. E depois tudo isto era paisagem, tudo para ali era paisagem, eram vinhas e ela destacava-se aqui".

De acordo com um outro testemunho local, o parque por trás da Casa do Povo antes era o campo de futebol da cidade. O presidente da Câmara Municipal decidiu deslocalizar o campo de futebol para a periferia, para fazer ali um parque que a cidade não tinha. Segundo este testemunho, esta zona verde agora é um ponto central.


Documentação

Documentos 5

A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.

A recolha e incorporação de testemunhos orais foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base em conversas, entrevistas semi-estruturadas e um encontro público e coletivo realizado em outubro de 2023.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Casa do Povo de Pinhel . Acedido em 18/09/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/2233/casa-do-povo-de-pinhel

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).