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Refeitório para a Sopa dos Pobres, Barroselas, Viana do Castelo

Quando, em maio de 1948, a Comissão de Assistência Social de Capareiros solicitou a elaboração de um projeto para um refeitório com cozinha anexa, para a sopa dos pobres, já vinha a prestar assistência alimentar no meio local com o apoio de organismos oficiais, servindo mais de 200 refeições diárias e considerando-se “uma obra de invulgar envergadura na escala do meio”. Assim, o projeto para um novo edifício teve como base o programa elaborado por essa Comissão, “deduzindo dos conhecimentos práticos adquiridos ao longo da sua ininterrupta actividade”, e vinha substituir o “barracão de madeira em estado de ruína” no qual as refeições eram então preparadas, sendo depois servidas no exterior, sem condições de conforto. Este projeto previa a construção de dois refeitórios independentes (para adultos e crianças) com serviço comum de cozinha e copa, quarto do fiel espaço para administração de primeiros socorros, e já lhe tinha sido atribuída uma comparticipação do Estado no mesmo ano.

Após apreciação favorável do projeto em 1949, a proximidade do edifício projetado à Casa do Povo resultou em que o projeto tivesse de ser remodelado, em 1951.

Dois anos depois, a Comissão de Assistência Social de Capareiros ainda não tinha mandado elaborar novo projeto. No entanto, receosa do desmoronamento do edifício onde servia a sopa dos pobres, avançou, com os seus próprios recursos e os de benfeitores locais, com a construção de um novo edifício. Embora modesto, a Direção de Urbanização do Distrito de Viana do Castelo considerava, em comunicação de 1953, que este satisfazia plenamente e podia servir de ponto de partida para a obra a realizar.

Esta obra nunca chegou a avançar, mantendo-se no local apenas o edifício já existente em 1952. As primeiras demoras deveram-se à ausência de água considerada adequada pela Comissão Municipal de Higiene. Em novembro de 1955, era a própria natureza do edifício que preocupava o Conselho Superior de Higiene. No seu parecer, o Conselho considerou o orçamento demasiado elevado, questionando-se sobre a necessidade de tal despesa numa pequena freguesia rural onde existe uma cantina escolar, ou se com a mesma importância não seria possível assegurar “a alimentação dos pobres da freguesia, por exemplo, através da Conferência de S. Vicente de Paulo, nos seus próprios lares, com manifesta vantagem social e melhor respeito pela dignidade humana?”. O refeitório comum dos pobres de uma freguesia, julgava o parecer, “só pode considerar-se como solução de emergência em certos períodos de crise, e não como solução de carácter institucional”.

Em abril de 1956 a Direção-Geral de Assistência informou o presidente da Direção da Sopa dos Pobres de Capareiros, indicando julgar-se mais útil a criação de um posto de assistência social na freguesia. Num último esforço, a Comissão de Assistência Social de Capareiros contactou o diretor da Direção-Geral de Saúde, enfatizando a importância da obra numa das maiores freguesias do concelho, com aproximadamente 4.000 habitantes e pouco emprego, já que a indústria se limitava a duas serrações, com salários baixos. Nesta comunicação é clara a intenção de melhoria do edifício entretanto construído, que se referia funcionar desde 1948, e “reconhecendo-se a sua acção na saúde das crianças principalmente e na dos adultos que podem assim comer pelo menos uma boa sopa, quando não ganham o suficiente para se sustentarem”.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Notas

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

O Refeitório para a Sopa dos Pobres situa-se no limite norte da freguesia de Capareiros, no lugar de Barroselas, junto à Estrada Nacional 308 e à estação de caminho de ferro de Barroselas. Encontra-se no que era o centro cívico da freguesia, no terreno da Casa do Povo, próximo das escolas, da antiga sede dos Bombeiros Voluntários e antigo posto posto dos CTT, e ainda do atual Centro de Saúde e do Centro Social e Cultural de Barroselas.

O Refeitório é um pequeno edifício em cantaria de pedra, com telhado de quatro águas e um alpendre de entrada, voltado para o interior do terreno onde também se localiza a Casa do Povo e a Sociedade Columbófila de Barroselas - sem janelas voltadas para a rua. Em 1952, o edifício era composto por um refeitório com cozinha e despensa, e um pequeno anexo para o armazenamento de lenha.

Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)

Data de Conclusão
1952
Atividades

Localização

Comunidade
Lugar
Capareiros
Morada
Rua do Alambique
Distrito Histórico (PT)
Viana do CasteloDistrito Histórico (PT)
Contexto
CosteiroContexto
UrbanoContexto

Estado e Utilização

Utilização Inicial

A informação constante desta página foi redigida por Catarina Ruivo, em julho de 2024, com base em fontes documentais.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Refeitório para a Sopa dos Pobres, Barroselas, Viana do Castelo. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/38975/refeitorio-para-a-sopa-dos-pobres-barroselas-viana-do-castelo

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).