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Testemunhos de Anabela Vassalo e Elói Pereira, Montalegre

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Título
Testemunhos de Anabela Vassalo e Elói Pereira, Montalegre

Conteúdo

Registo da Observação ou Conversação

Testemunhos da Anabela Vassalo e do Elói Pereira, dirigentes da Cooperativa Agrícola do Barroso, recolhidos em conversa nas antigas instalações da Repartição das Finanças de Montalegre, em outubro de 2023. Entrevista com as investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo.

Cooperativa Agrícola- Edifício CTT e Finanças

- Elói: Como é que chegamos aqui? Portanto, isto foi uma cooperativa fundada em 2014. No fundo foi a fusão -fusão entre aspas- entre duas associações de agricultores. Eles desenvolveram que como no Conselho não havia nenhuma cooperativa a representar os agricultores, então as duas associações de agricultores decidiram constituir uma cooperativa, forte. Só que quando constituiu-se a cooperativa, a cooperativa não tinha um espaço físico, não havia um espaço para... Então surgiu, fez-se vários estudos, ora aqui, ora lá, pronto, deixou já a conclusão que o melhor o melhor seria este espaço. Portanto estava aqui um espaço abandonado (…) e, pronto, e estamos aqui (…). Olhamos para outros (edifícios), na altura havia outras hipóteses, só que este era um espaço mais central, e pronto, optamos por este.

- Investigadora: E quais serão as outras hipóteses?

- Elói: As outras hipóteses eram um edifício, que era da guarda fiscal

- Investigadora: Aqui na Vila?

- Elói: Sim, principalmente estávamos em dúvida sobre esses. E pronto, optamos por este, por ser um espaço mais central (…) A Câmara Municipal foi que elaborou todo o processo, e depois o edifício foi cedido. A Câmara entrou em contato com o Estado, o Estado cedeu à Câmara, e depois a Câmara é que nos cedeu à Cooperativa.

- Investigadora: Então o edifício neste momento continua a ser do Estado, está cedido à Cooperativa, através da Câmara?

- Elói: Sim

- Anabela: A Câmara pegou aí vários edifícios que poderiam ser reutilizados e tentou ver quem é que teria interesse em utilizar. Nós já tínhamos feito diligências junto do município para tentar encontrar e saber se poderíamos ou não utilizar este espaço, e eles então pediram, mas com o pressuposto, que era para a Cooperativa, nunca para outro fim, aliás o protocolo que existe é que este espaço é cedido à Câmara para funcionamento da Cooperativa. Temos no entanto de fazer obras de melhoria -que foram feitas- para manter isto dentro do que é expectável, não é? Para a finalidade da Cooperativa e não para outros fins.

Edifício dos CTT e Finanças 

- Investigadora: Quais são os detalhes de reocupação é que tiveram de fazer aqui para ficar mais confortável

- Anabela: Aquecimento central, o aquecimento. tivemos que rever a instalação elétrica… Persianas, portas, janelas, teve de ser tudo revisto. Isolamentos mesmo, por exemplo esta parede aqui teve de ser isolada novamente. Houve várias… apesar que da época do edifício não estava assim… então, como alguns…

- Elói: Não tinham pelo menos vidros partidos, nem portas, nem vandalizado, nem pinturas, como acontece em alguns sítios. Pronto, estava devoluto, porque já estava fechado para aí há 30 anos. Este espaço aqui de baixo, mas pronto, mas estava, pronto, estava praticamente em bom estado, não era que estava degradado.

- Investigadora: E as despesas destas melhorias foram assumidas pela cooperativa?

- Anabela: Sim, sim, sim. Foi a cooperativa que assumiu todos os custos

- Investigadora: Ou seja, os sócios ficaram a dar mais, alguma parte mais importante?

- Anabela: Não, foi com fundos comunitários. Foi com candidaturas. Alguns fundos próprios da cooperativa, mas também com candidaturas.

Armazém da Batata

- Anabela: O armazém das batatas aquilo tem 500 metros quadrados. Câmaras frigoríficas… que o sistema tem de ser todo revisto, porque estamos a falar de sistemas, aquilo tinha um PT que entretanto foi foi… roubaram todo o material.

- Investigadora: Está fechado há muito tempo?

- Elói: Há mais de 30 anos

- Investigadora: É muito tempo para degradarem…

- Anabela: Neste momento funciona basicamente como armazenamento, e não propriamente para a finalidade, porque lá está, o investimento é muito elevado. Estamos a aguardar as candidaturas, a aprovação das candidaturas, e claro, tudo isto leva tempo.

Outras questões - Produção de batata

- Investigadora: Então o grande decréscimo de produção aqui em Montalegre tem a ver com com uma doença?

- Anabela: Sim, quer em Montalegre, quer em Trás-os-Montes. Porque Trás-os-Montes que é Montalegre, que é Peticas, que é Chaves, que é Bragança, que produziam batata de semente. E depois nos anos 70, 80 começou a desenvolver-se esse tal nemátodo e começou-se a espalhar pelos solos todos e chegou a altura que produzia a produção na vez de produzir 10 só produzia 2 ou 3. E o Ministério da Agricultura que depois faz a certificação dos campos de batata de semente tem de dizer “não, todos os campos que tiverem nemátodos não podem produzir”

A recolha e a sistematização deste testemunho oral foram elaboradas por Ivonne Herrera Pineda, com base numa entrevista realizada em dezembro de 2023.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Testemunhos de Anabela Vassalo e Elói Pereira, Montalegre. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/notas-de-observacao-ou-conversacao/22144/testemunhos-de-anabela-vassalo-e-eloi-pereira-montalegre

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).