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Construção do Albergue Distrital de Faro

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Identificação

Arquivo / Biblioteca
Tipo de Processo
Designação do Processo
Construção do Albergue Distrital de Faro
Anos Início-Fim
1949-1977
Localização Referida
Referência Inicial
Processo n.º 7/MU/50
Outras Referências
Processo n.º B-1/6 [Governo Civil]
Processo n.º 78 [MOP/DGCH/Direção das Construções Hospitalares do Sul]
Processos n.º CE-3-3; CE-2-10; CE-9/1; CE-11-5 [Câmara Municipal de Faro - referidos em Correspondência Expedida]

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1946.04
Última Data Registada no Processo
1977.06.03
Descritores
AlbergueTermos
Entidade Requerente / Beneficiária
Entidade Utilizadora
Projeto Estabilidade (Autoria)
Joaquim Lopes Belchior Engenheiro CivilPessoa
Outras Especialidades (Autoria)
João Hermínio Machado Gomes Engenheiro Eletrotécnico DSS 1950Pessoa
Construção e Equipamento
Joaquim Lopes Belchior EmpreiteiroPessoa
Financiamento
Intervenção / Apreciação
Luís Vaz de Sousa Governador Civil Faro 1948.09.07 1951.06.20Pessoa
Carlos Marques Loureiro Presidente Comissão Administrativa Albergue Distrital Mendicidade FaroPessoa
Alberto Pessanha Viegas Engenheiro Diretor DGSU/DUFPessoa
António Gomez Egea Arquiteto DGSU/RMUPessoa
Alfredo Fernandes Engenheiro Chefe DGSU/RMUPessoa
Manuel Duarte Moreira de Sá e Melo Engenheiro Diretor DGSUPessoa
João Paulo Nazareth de Oliveira Diretor DSMU 1956Pessoa
Decisão Política
José Frederico do Casal Ribeiro Ulrich Ministro MOP 1947.02.041954.04.02Pessoa
Augusto Cancela de Abreu Ministro MI 1947.02.041950.08.02Pessoa
Síntese de Leitura

1949 – «Plano de Trabalho», organizado pelo Governo Civil do Distrito de Faro, em resposta ao previsto pelo Decreto-Lei n.º 30.389, de 20.04.1940 que “sistematiza as normas e processo da ação policial repressiva da mendicidade regulando a sua geral observância em todo o País” e determina no seu artigo 1º “Em todas as cidades sedes de distrito serão criados na dependência dos Comandos distritais da polícia de segurança (…) albergues destinados a prevenir e reprimir a mendicidade nas ruas.”

1949.05.26 – Despacho ministerial. Na sequência do plano de trabalhos relativo à extinção da mendicidade no distrito de Faro, elaborado e apresentado pelo Governador Civil, Luís Vaz de Sousa, ao Ministro do Interior, Augusto Cancela de Abreu, este concede por despacho um subsídio de 1000 contos, “sendo 850.000$00 para a construção do edifício, cuja estimativa, prevista no esboço apresentado, era de Esc. 1.700$00 (sic) [contos] aproximadamente, e os restantes Esc. 850.000$00 para a aquisição do terreno, cujo valor, numa avaliação efetuada, foi calculado em cerca de Esc. 312.000$00”.

O processo de construção desta obra decorrerá desde o início um caminho paralelo e simultâneo ao percurso oficial conforme legalmente estipulado. Tendo tido inclusivamente um primeiro anteprojeto organizado pelo arquiteto Jorge Oliveira e submetido, apenas, à apreciação do Ministro do Interior (quando a lei determina que as construções públicas sejam submetidas a despacho do MOP por via da sua DGSU) durante a sua deslocação ao Algarve, que mereceu a seguinte determinação: “de que se deveria prever no citado trabalho o aproveitamento integral de todo o segundo piso, construindo-se mais 2 casernas, 1 refeitório e outras dependências de serviço”. Foi então remodelado o anteprojeto e apresentado um novo para seguir as instâncias legais e ser apresentado a apreciação superior.

1949.06.30 – Ofício da Comissão Administrativa responsável pela seção do Albergue Distrital do Comando de Polícia de Segurança Pública (PSP) de Faro, enquanto entidade peticionária (EP) do projeto, remetido à Direção de Urbanização de Faro (DUF), que solicita a apreciação da memória descritiva e da estimativa orçamental do projeto, anexos, que dá entrada com a antecipada “aprovação de Sua Ex.ª o Senhor Ministro” (a quem competia a área da segurança pública e social) e com o “conhecimento de Sua Ex.ª o Ministro das Obras Públicas”. Trata-se de uma versão resumida da memória descritiva original, assinada pelo arquiteto Jorge de Oliveira, que sublinha, entre outros aspetos, o reconhecimento dos “méritos do relatório do Ilmo. Governador Civil de Faro”; “o valor do inquérito organizado quanto ao problema de Assistência Social da Província”; a atribuição de um subsídio de 1000 contos concedido pelo o Ministério do Interior (MI); a “cooperação com as autarquias locais, [para] a resolução do Governo da Nação, de contributo tão valioso ao pôr em execução um plano tendente a melhorar, a resolver um problema de assistência, onde os pobres e a perfeição técnica da assistência só lucrarão com isso”; e reforça a importância da “criação de novas instituições, estimulando outras, promovendo a medicina preventiva e assistência profilática, quanto possível nos moldes mais modernos e seguindo as normas do serviço social”; o novo edifício será construído em “zona extrema da cidade” e “projetado de forma a corresponder inteiramente ao programa definido”, incluindo os “serviços gerais (…) hoje considerados indispensáveis ao bom e cómodo funcionamento de uma instalação deste género, sem contudo cair no exagero, tão frequentes entre nós, de imprimir um desproporcionado valor com ambiente oposto (…) da verdadeira função da instituição.”; Conclui, com a ressalva de que na construção “deverão ser empregados, na sua maioria os processo e materiais da região.”

1949.07.05Pedido de comparticipação, encaminhado à Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU), para apreciação superior na Direção dos Serviços de Melhoramentos Urbanos (DSMU) com a indicação (informal) do engenheiro diretor da DUF, Alberto Arcanjo Pessanha Viegas, referindo a importância de uma comparticipação a incluir ainda no ano de 1949, justificada com a existência de um subsídio do MI, com o empenho mútuo de todas as entidades regionais e locais e com a premente necessidade de “iniciar-se os trabalhos o mais depressa possível”, com vista a resolver “o problema da Assistência neste Distrito”. O pedido de comparticipação para esse ano não foi aceite, determinando o ministro das Obras Públicas o início das obras, com a comparticipação apenas a incluir no Plano de obras de 1950.

1949.12.20Projeto inicial: “Projeto do Edifício para o Albergue Distrital de Mendicidade de Faro”, da autoria do arquiteto Jorge Ribeiro de Oliveira. É constituído por peças escritas (memória descritiva e justificativa detalhada e orçamento) e peças desenhadas (plantas de localização, de conjunto e de expropriação; plantas das fundações, da cave, dos pavimentos e das coberturas; alçados, principal, nascente, poente e sul; cortes; pormenores dos vãos exteriores, dos vãos interiores, da cobertura de asnas e de betão armado; detalhes; redes de água e esgotos; e instalação elétrica). No projeto inicial o edifício desenvolver-se-ia em 3 pisos: a cave, a qual se acedia por uma escada de serviços, era constituída por cinco depósitos para arrecadação de lenha, de carvão, de géneros diversos, de azeite e de camas, uma lavandaria e uma rouparia, uma oficina, wc e mictórios, e uma zona de galeria; o piso 1 era constituído por 27 compartimentos destinados ao gabinete da direção, secretaria e sala de espera, uma zona de desinfeção, o posto de socorro e uma enfermaria, uma rouparia e uma rouparia geral, zona de engomados, lavabos e wc, dormitórios, dois refeitórios (uma para utentes internos, outro para os externos), áreas de distribuição de alimentos, de preparação de alimentos, cozinha, copas (suja e limpa), vestíbulo, vestiários e wc, sala de distribuição de senhas, sala de estar, uma barbearia, arrecadação de material de limpeza, outra não especificada, corredores e zonas de serviços que articulando todos os espaços e várias galerias; o piso 2, com 22 compartimentos que, para além de dormitórios, lavabos, duches, wc’s e mictórios, vestiários, zonas de arrecadação e de distribuição de roupas, de engomados e de costura, copas limpa e suja, contava também com quartos de isolamento, salas de aulas e de leitura, saleta e wc exclusivos para professores e um refeitório geral, para além dos terraços e galerias.

1949.12.28 – Ofício da EP remetendo à DGSU através da DUF, o projeto do Albergue Distrital de Mendicidade de Faro, em triplicado.

1950.01.18Análise do projeto de arquitetura e proposta de comparticipação (Informação n.º 5/MU/50), pelo engenheiro diretor da DUF Alberto Arcanjo Pessanha Viegas, remetida à apreciação superior do Diretor-Geral da DGSU.

Pessanha Viegas refere a necessidade deste equipamento, incluída no Plano de Assistência Social Distrital (organizado em 1942 pela Junta de província do Algarve) como sendo “por demais evidente se atendermos às suas múltiplas finalidades; recolha de mendigos de todo o Distrito, asilo dos velhos e dos rapazes e educação destes”.

Na sua análise do projeto aprecia positivamente o esquema geral da construção, na qual salienta a inclusão de uma “Sopa dos Pobres” para assistência a utentes externos à instituição e a “indispensável previsão de ampliações futuras (…) como é boa norma”;

Relativamente à localização (com parecer positivo da Câmara Municipal de Faro (CMF), refere-se à inconveniente proximidade da futura zona indústria prevista no Plano de Urbanização (PU), como uma mais-valia para local de formação dos jovens internos;

Quanto à implantação do edifício salienta a necessidade de retificar a diferença de cotas em relação a EN 125, a poente do futuro edifício;

Acessos, orientação e distribuição dos espaços e serviços do albergue mereceram igualmente alguns ajustes, nomeadamente tendentes à separação por género das instalações sanitárias adstritas ao pessoal trabalhador e à melhoria da distribuição e circulação entre os diferentes espaços (anexos estão duas plantas com as propostas de remodelação descritas);

Em relação aos materiais de construção propostos, considera-os “aceitáveis” embora preconize uma drástica redução das cantarias decorativas por considerar desproporcionais quando comparada a composição da fachada principal com as demais, “carregadas de motivos ornamentais (gradilhas, revestimentos de pedra do tipo [correção manuscrita] rústico” cujo resultado diz ser “demasiado artificial” e que apenas agradará “a quem goste do estilo utilizado”, não se coibindo ainda de frisar não ser “esse o caso do signatário”. Ainda em tom critico reforça que a economia sugerida por Jorge Oliveira no seu projeto, não se coaduna com o excesso decorativo e que a referida remodelação vai permitir cobrir a despesa com a necessária retificação das fundações;

Quanto ao orçamento, foi revisto e arredondado para cerca de 3000 contos, pelo que se propõe uma comparticipação “concedida em dois escalões pelo menos” com a sugestão da mesma ser ajustada no segundo escalão, depois de aferido preço final da empreitada. O que permite uma poupança de tempo nos procedimentos administrativos do processo de obra.

1950.01.19 – Ofício solicitando, ao Governo Civil de Faro, o parecer da Comissão Municipal de Higiene (CMH) para ser apreciado na Direção-Geral de Saúde (DGS) pelo Conselho Superior de Higiene e Assistência Social (CSHAS). O parecer positivo da CMH segue, conjuntamente com um exemplar do projeto, para apreciação superior a 10 do mês seguinte sendo apreciado positivamente pelo CSHAS no dia 15 desse mês, com a condição de sejam acauteladas as remodelações sugeridas para a separação entre zona limpa e zona suja na dependência destinada a desinfestação. O despacho do subsecretário de Estado da Assistência Social, T. Negreiros, aprova o parecer do CSHAS, mas reprova o projeto do ponto de vista orçamental. Por considerar o seu custo excessivo determina a 1950.02.16, que: “o processo deve ser revisto em ordem a procurar-se uma solução mais económica.”

Assinam o parecer do CSHAS: Augusto da Silva Travassos, Aníbal do Couto Nogueira, Fernando da Silva Correia, Augusto Braga de Castro Soares e Bernardino Álvaro V. de Pinho.

1950.01.19 – Ofício da Repartição de Melhoramentos Urbanos (RMU) solicitando, à Direção dos Serviços de Salubridade (DSS), a informação do projeto de eletricidade que segue anexo. O projeto foi analisado, em 1950.03.11 (Informação n.º 92/A), pelo engenheiro eletrotécnico João Herminio Machado Gomes que informa no sentido de aprovação do mesmo, desde que sejam cumpridos os reparos assinalados que resultam necessariamente na reorganização do orçamento.  

1950.04.29Informação n.º 126, da autoria do arquiteto António Gomez Egea e do engenheiro [assinatura ilegível] da RMU da DGSU relativa à apreciação do projeto de arquitetura, considerando: os pareceres da DGS e da DSS nas partes a que cada uma das direções compete; os pareceres da EP e da CMF relativamente à localização do futuro albergue; e a informação da DUF ao projeto com respetiva Proposta de Comparticipação.

A RMU concorda com a elevação das fundações para nivelar a cota de implantação do edifício; concorda com a necessidade de remodelar o projeto ao nível dos diferentes pisos, mas discorda das opções apresentadas pela DUF; considera excessivas as áreas de diversos compartimentos destinados a diferentes fins, salientando a existência de espaços sem qualquer função assinável; chama a atenção para um aspeto ainda não referido por qualquer das entidades que apreciaram o projeto: a ausência dos espaços, como quartos e/ou camaratas, destinados aos trabalhadores que cuidaram dos utentes internos. Ao ponto de vista estético, concorda com a informação da DUF, ao referir que “o projeto parece não atingir inteiramente o equilíbrio e sobriedade que o autor lhe pretendeu imprimir (…) não correspondendo (…) à sua finalidade pelo aspeto demasiado rico que apresenta. Os alçados laterais e posterior estão completamente desligados do principal, parecendo mesmo pertencerem a edifícios diferentes (…) [que] imprime ao edifício uma expressão imprópria da sua finalidade. De uma maneira geral parece-nos que os alçados deveriam ser remodelados, primeiro dentro do espírito de simplicidade que o edifício desta natureza deve apresentar e segundo dentro do equilíbrio do conjunto estético.”

Em conclusão, apesar de concordar na generalidade com a solução construtiva adotada, propõe-se a revisão do projeto pelo autor do mesmo devendo este abster-se de aproveitar quaisquer cantarias do edifício preexistente, com vista a baixar o custo da obra aquando da revisão do orçamento.

1950.08.04 – Informação n.º 221, da autoria do arquiteto António Gomez Egea e do engenheiro civil João José Lourenço d’Azevedo, da RMU: apreciação do projeto remodelado com base nos pareceres deste serviço (DGSU/RMU) e da DGS e estudo comparativo da estimativa orçamental entre os albergues de Setúbal, Santarém e Faro. Foram redimensionados compartimentos; reposicionados uns serviços e isolados outros; substituídos alguns materiais e técnicas construtivas; e simplificados os alçados com vista a reduzir consideravelmente os elementos decorativos. Em suma “conclui-se que o projeto se encontra agora em condições de merecer aprovação superior visto ter dado satisfação tanto ao preconizado pela Direção-Geral de Saúde como às observações feitas por esta repartição”.  A informação mereceu a concordância do diretor-geral da DGSU, engenheiro Sá e Melo, e o despacho (de 1950.08.16) do Ministro das Obras Públicas, Frederico Ulrich: “Parece que, de facto, o estudo pode servir de base ao projeto definitivo, devendo, neste, o autor procurar reduzir ao mais simples os acabamentos e simplificar as fachadas, no sentido de se obter a maior economia possível. Seria excelente que o custo total baixasse para a ordem dos 2.000 a 2.500 contos. E torna-se ainda indispensável prever a construção por fases.”

1950.11.22 – Projeto final: Remodelação do Projeto de Construção do Albergue Distrital de Faro, resultado dos pareceres da DGSU e do despacho ministerial que determina uma redução aproximada de 1000 contos no orçamento da obra e na sua execução por fases, o que levou em traços gerais à substituição da estrutura em betão no pavimento superior e eliminação de grande parte das cantaria que guarnecem os vãos exteriores. Na fundamentação do novo orçamento o arquiteto refere que “o edifício sofreu apreciável redução de área, simplificação nos acabamentos e no modo de execução de alguns processos de trabalho…”.

1950.12.05 – Informação n.º 409 – Análise das peças escritas do projeto definitivo para aprovação superior e Proposta de Comparticipação na importância de 1.350.000$00 esc., elaborada pelo engenheiro civil …. Morais, da RMU. O orçamento estima em 2.700.000$00 o valor total da obra, dividindo-se em duas fases: 1.503.000$00 (1ª fase) escalonada nos três anos seguintes e 1.197.000$00 (2ª fase), e prazo de execução da 1ª fase de 32 meses. A informação mereceu as concordâncias do engenheiro chefe da RMU, com a ressalva de que seja adotado o regime de concurso público para a execução da obra, e do diretor-geral da DGSU sendo autorizado o estudo da construção em duas fases, por despacho ministerial, a 1950.12.06.

A estudo apresentado pelo arquiteto Jorge Oliveira revela uma clara consciência do problema social que assola a região, propondo, portanto, a construção até ao segundo pavimento por forma a permitir o funcionamento independe do piso térreo do decorrer da obra. Com a devida impermeabilização, o segundo piso servirá de cobertura ao piso térreo destinado aos mais carenciados: “…inválidos de avançada idade (…) sem dúvida a [classe] mais necessitada de momento”.

1950.12.29 – Projeto de Arquitetura (1ª fase) – com ofício remetido à DUF, pelo arquiteto Jorge Oliveira, para ser informado e submetido a apreciação superior e a despacho ministerial, que foi promulgado a 1951.01.18, com determinação de abertura de concurso público com uma base de licitação na ordem dos 1.300.000$00 esc..

1951.03.23 – Portaria (DG n.º 77, II série, 1951.04.04) que determina a “expropriação por utilidade pública urgente” da horta onde se pretende construir o futuro Albergue Distrital, avaliada em 300.000$00 esc.. A expropriação amigável foi concretizada em 1951.07.24 a favor da Comissão Administrativa do Albergue Distrital de Mendacidade de Faro, representado pelo seu presidente, o comandante da PSP de Faro Carlos Marques Loureiro pelo valor definitivo de 342.000$00 esc.

1951.04.14 – Aprovação superior do Programa de Concurso e do Caderno de Encargos do projeto de arquitetura.

1951.05.18 – Concurso público para construção da 1ª fase da obra. Foram a concurso as propostas de Álvaro de Melo Gouveia (1.645.000$00 esc.), José dos Santos Silva (1.444.400$00 esc.) e Joaquim Lopes Belchior (1.396.800$00 esc.). Foi aceite a proposta de Joaquim Lopes Belchior, devidamente fundamentada pela DUF, por despachado ministerial de 1951.05.30 que autorizou a comparticipação do Estado, pelo Fundo de Desemprego, no valor inicial de 689.400$00 esc. escalonada em duas prestações (Portaria n.º 392, de 1951.06.13).

1951.06.29 – Reforço da comparticipação inicial, no valor de 27.223$50 esc., solicitado pela EP a 1951.06.09 para pagamento do projeto e direção dos trabalhos.

1951.08.01 – Ofício do comando da PSP de Faro, dirigido à DUF, solicitando a comparticipação do MOP para a compra do terreno. A DUF informa (no valor de 171.000$00 esc.) e encaminha o pedido à DGSU. Não sendo o pedido de comparticipação atendido, a direção do albergue volta a solicitar em 1952.03.07 a comparticipação do Estado, desta vez no valor total de comprar do terreno. Pedido que a DUF reencaminha às instâncias superior e cuja determinação volta uma vez mais negativa, advertindo a DGSU para ser darem início às obras de construção do edifício.  Para fazer face ao custo do terreno a EP retira do valor necessário do subsídio do MI atribuído à construção da 1ª fase, o que aumentará as dificuldades financeira da EP relativamente à conclusão da obra. 

1952.04.17 – A RMU da DGSU, desconhecendo o motivo da demora no arranque das obras solicita esclarecimentos à DUF, que justifica a demora com o facto da minuta do contrato de empreitada ainda se encontrar em Lisboa para a respetiva aprovação em Conselho de Ministros (CM). Esclarecimentos que volta a solicitar em 1952.07.01, mas, desta vez, à EP, o que uma vez mais comprova o decorrer do processo em duas frentes distintas e não apenas pela DGSU com legalmente estava estipulado. 

1952.12.31 – Contrato de empreitada para execução da 1ª fase da obra de construção do edifício, cuja minuta foi aprovada em CM a 1952.09.03 e visado pelo Tribunal de Contas a 19 de novembro seguinte.

1953.01.22Data de início da obra: demolição de construções existentes e limpeza do terreno.

1953.01.29 – A CMF ao tomar conhecimento do arranque das obras solicita, à DUF, cópia do projeto de arquitetura para que os serviços técnicos municipais possam fazer a apreciação da planta de localização do imóvel, uma vez que o local é abrangido pelo PU de Faro. Em consequência é simultaneamente pedido o parecer da Junta Autónoma de Estrada (JAE) por o terreno confinar pelo nascente com a EN 125, a qual refere nada objetar à realização da obra.  Em abril deste ano ainda se mantinha o impasse relativamente à implantação correta do edifício. Em maio o construtor da obra, enquanto engenheiro, é encarregue de organizar uma estimativa orçamental da nova implantação – “afastamento de mais de 6 metros, relativamente, ao eixo da estrada e 4 metros no sentido de Loulé…” –, remetida ao presidente da Comissão Administrativa do Albergue a 1953.06.12 e acompanhada do parecer do arquiteto Jorge Oliveira.   

1953.07.01 – Data prevista pela EP para o início da construção do edifício.

1953.10.14Estudo de aproveitamento de uma zona de cave para arrecadações, da autoria do arquiteto Jorge Oliveira, “o aproveitamento em referência permitirá dispor-se de um espaço destinado a arrecadação, prevendo-se o seu pavimento em betonilha, com paredes e tetos rebocados e caiados. Para assegurar o arejamento e iluminação, prevê-se simples aberturas de composição semelhante às projetadas.” A ideia de aproveitamento desta cave foi recuperada do projeto original (1949) em consequência da nova implantação do edifício que veio aumentar o espaço disponível e levou a EP a solicitar aprovação superior desde que, como informou a DUF, não resulte no aumente da comparticipação do Estado. Aprovado pela DGSU a 19 desse mês com a indicação de que terão de ser aumentados as áreas de ventilação.

1954.01.18 – 1º pedido de prorrogação do prazo de conclusão da obra e anulação do desconto de 5% associado.

1954.02.17 – Ofício da EP, dirigido à DUF, com o estudo do novo muro de vedação do edifício, da autoria do mesmo arquiteto, encaminhado para DGSU no dia seguinte.

1954.03.08 – Ofício da EP, dirigido à DUF, com o estudo da laje do segundo pavimento que servirá provisoriamente de cobertura enquanto não se der início à 2ª fase da obra, da autoria do engenheiro Joaquim Belchior empreiteiro da mesma obra. O estudo, que teve a concordância da EP e do arquiteto autor do projeto de arquitetura, foi encaminhado à DGSU para efeitos de aprovação superior, acompanhado de uma carta que justifica o pedido de alteração: “…a impermeabilização prevista era insuficiente, pondo em perigo a construção, devido a possíveis infiltrações e consequente deterioração dos acabamentos. O sistema de construção, agora apresentado melhorará sem dúvida a obra em si, apesar de resultar maior encargo pata o empreiteiro. No entanto, no intuito de bem servir e evitar percalços futuros, comprometo-me a executar a variante proposta sem quais quer encargos para a Entidade adjudicante.” O estudo foi informado a 1954.04.02, pelo engenheiro J. J. Azevedo, tendo obtido a concordância das entidades superiores: do engenheiro chefe Alfredo Fernandes - RMU, do engenheiro diretor Nazareth de Oliveira - DSMU (1954.04.08) e do diretor-geral engenheiro Sá e Melo - DGSU (1954.04.09).

1954.03.17 – Auto de medição n.º 1 calculado em 251.558$00 esc., dos quais 110,951$00 esc. pagos pelo Comissariado do Desemprego (CD).  

1954.07.08 – Auto de medição n.º 2 calculado em 156.218$28 esc., dos quais 78.107$00 esc. pelo CD.

1954.08.23 – Auto de medição n.º 3 calculado em 62.304$78 esc., dos quais 31.152$00 esc. pelo CD.

1954.10.02 – Auto de medição n.º 4 calculado em 56.084$69 esc., dos quais 28.042$00 esc. pelo CD.

1954.11.29 – Auto de medição n.º 5 calculado em 86.018$96 esc., dos quais 43.009$00 esc. pelo CD.

1954.12.11/12/13 – Visita do Ministro das Obras Públicas à obra de construção do Albergue Distrital, no âmbito da sua visita às obras em construção no Algarve. Resultou no seguinte despacho: “Visitadas as obras em curso, constituindo 1ª fase do interessante empreendimento, na importância de 1.600 contos, comparticipada em 50%. (…) [o] reforço dependerá da aprovação do respetivo projeto [da 2ª fase], a orientar segundo princípios de rigorosa sobriedade e incluindo o arranjo urbanístico exterior.”

1955.01.19 – Auto de medição n.º 6 calculado em 235.638$51esc., dos quais 117.816$00 esc. pelo CD.

1955.01.22 – A DUF solicita à Comissão Administrativa do Albergue o projeto de eletricidade correspondente à 1ªa fase da obra.

1955.04.01 – Auto de medição n.º 7 calculado em 24.258$50esc., dos quais 12.129$00 esc. pelo CD.

1955.04.16 – Visita à obra, realizada pela DUF, a quem compete a fiscalização da mesma. Foram verificadas as seguintes anomalias: instalação elétrica praticamente concluída sem que tenha sido apresentado o respetivo projeto para apreciação e aprovação; assentamento de materiais sem que a sua escolha tenha sido superiormente aprovada; e materiais que não cumprem o estipulado no caderno de encargos aprovado.

1955.05.26 – Ofício da DUF que informa a EP da inclusão no Plano de Melhoramentos para o presente ano, de 150 contos, verba atribuída à 2ª fase de construção do albergue e dependente da elaboração do respetivo projeto. Segue anexo o projeto de eletrificação, a título devolutivo. A deslocação do arquiteto Jorge Oliveira para Lisboa dificultava a celeridade do processo que em outubro desse ano ainda não tinha apresentado o projeto da 2ª fase de construção. Os serviços centrais terão contacto diretamente com o arquiteto que informa não ser possível entregar no presente ano o respetivo projeto o que resulta na transferência da verba atribuída para o ano de 1956/57.

1956.03.31 – A DSMU solicita, à Direção dos Serviços de Salubridade (DSS) da mesma Direção-Geral, a apreciação do projeto de eletrificação da 2ª fase. Informação da autoria do engenheiro eletrotécnico, João Hermínio Machado Gomes, que concluí: “o projeto não está em condições de merecer aprovação devendo ser remodelado e completado…”, por apresentar vários erros e omissões (ausência de Memória Descritiva e de Caderno de Encargos, de cálculos luminotécnicos e de queda de tensão).

1956.04.21Proposta de Comparticipação. Construção do Albergue Distrital de Faro - 2ª fase: 300.000$00 esc. A Informação n.º 30/MU/56 que fundamenta a proposta de comparticipação elaborada pela DUF refere que: “Atendendo a que o projeto foi aprovado em tempo oportuno na sua totalidade e que a 2ª fase se resume à parte dos trabalhos correspondentes àquele [2º] piso, não haverá lugar para considerações e ordem técnica sobre este estudo parcial. (…) O orçamento foi atualizado. (…) dum modo geral, se consideram elevados os valores nele contidos, em termos de se supor que a base de licitação da obra poderia ser fixada em 1.250.000$00, contra o total de 1.328.874$70 encontrado neste orçamento”. Relembrando os despachos ministeriais do ano transato que impõe o limite da presente comparticipação – assim, e em face dessas determinações, “esta comparticipação (…) será de cerca de 23% contra os 50% que normalmente soa atribuídos para obras desta natureza” –, adverte para um cenário em que as “disponibilidades financeiras da EP, faz temer que se torne impossível a esta executar a 2ª fase da obra e portanto concluir o edifício”.

1956.04.03 – Auto de medição n.º 8 calculado em 325.102$94esc., dos quais 162.551$00 esc. pelo CD

1956.05.05 – Ofício da EP reencaminhando à DUF em triplicado o projeto de arquitetura da 2ª fase. Uma das cópias foi enviada aos serviços centrais no mesmo dia.  

1956.10.13 – Ofício da EP, dirigido à DUF informando que o empreiteiro deu por concluída a 1ª fase da obra.

1956.12.11 – Auto de Recepção Provisória. A comissão de recepção da empreitada, constituída pelos: arquiteto António Gomes Egea (DGSU), engenheiro Alberto Pessanha Viegas (DUF) e capitão Carlos Marques Loureiro (EP) que, na presença do empreiteiro adjudicatário, engenheiro Joaquim Belchior, procederam à verificação dos trabalhos considerando “que os mesmo se encontram em condições aceitáveis”. O auto foi superiormente aprovado por despacho da DGSU no dia 20 desse mês.

 1957.04.03Exposição, dirigida pela EP ao Ministro do Interior, remetida ao Governo Civil (GC) de Faro António Batista da Silva Coelho para as devidas diligências na sua deslocação a Lisboa, que resume cronológica e financeiramente o processo de construção do albergue distrital, com o propósito de conseguir, através do MI, uma comparticipação da Direção-Geral da Assistência (DGA) que permita a aprovação em CM do orçamento da 2ª fase da obra e, consequentemente, o recomeço da obra. O despacho do Secretário de Estado da Assistência Social, de 20 de setembro desse ano, determina: “não há possibilidade de comparticipar as obras pretendidas”.

1957.04.16 – Ofício da EP, em resposta à DUF que, entretanto, questiona a demora no arranque da 2ª fase das obras, dando conta de que o início dos trabalhos aguarda resposta à exposição feita (1957.04.03) aos ministros do Interior e das Obras Públicas, através do GC de Faro. Resposta repetida a 11 de setembro desse ano, desconhecendo, à data, que o assunto versado na referida exposição dizia respeito às dificuldades financeiras da EP para concluir o edifício, aliás já prevista pelo engenheiro Pessanha Viegas (Dir. DUF) na sua informação que fundamenta a Proposta de Comparticipação da 2ª fase da obra, datada de 21 de abril do ano anterior.

1957.09.26 - Na sequência da recusa de ajuda financeira da DGA, Batista Coelho (GC de Faro) dirige-se pessoalmente à presença do engenheiro Sá e Melo (Dir. DGSU) que terá solicitado a organização da documentação que correu à revelia da sua Direção-Geral para dar resolução legal ao problema que, mais do que técnico ou social, se adensa rapidamente em termos político – “Devo informar V. Ex.ª que a obra no estado em que está, sujeita às intempéries, está a deteriorar-se. Verificam-se já muitas fendas abertas, devido às dilatações com o calor e às contrações no inverno. Os comentários da população, por se passar o tempo e a obra não perseguir, são desagradáveis, e têm especial relevo no campo político. Os adversários não deixam de explorar tal estado de coisas, contra o qual são bem fracos argumentos verbais. À boa vontade de V. Ex.ª e a sua valiosa interferência confio este assunto, certo de que merecerá o seu esclarecido interesse esta obra inacabada.”

Por despacho, do dia 30 desse mês, Sá e Melo (Dir. DGSU) determina a informação da documentação remetida pelo GC à DGSU, pelos serviços externos (DUF), na qual Pessanha Viegas fundamenta a total falta de verba por parte da EP para a conclusão da obra: “admitindo que o défice de 86 contos da 1ª fase foi coberto por outras receitas – o que duvido – não dispõem por enquanto a direção do albergue de verba alguma para 2ª fase, a não ser a da comparticipação [2ª fase: 300.000$00 esc.]” e propõe uma solução que terá necessariamente que passar por atribuir novo subsídio do MI no valor de 50% da estimativa orçamental da 2ª fase da obra. Contudo, o diretor da DUF salienta: “tenho dúvidas porém que lhe será impossível obter os 400 contos restantes, se se mantiver apenas em 270 contos o valor da comparticipação. É de muito relevo o programa assistencial que vem sendo executado no Algarve e no qual se salienta, quer pelo valor material quer pelo interesse assistencial, o Albergue em causa. Por outro lado, a parte já construída do edifício ficará sujeita a rápida deterioração logo que terminem (11/12/57) as responsabilidades de conservação do empreiteiro.” Concluí propondo um reforço adicional à comparticipação estipulada para a 2ª fase, no valor dos referidos 400 contos concedidos em 2 ou 3 anos, que será autorizado mediante comprovação por parte da EP dos restante 50% do valor global da 2ª fase da obra.

1957.12.16Proposta de Comparticipação (Reforço). Construção do Albergue Distrital de Faro - 2ª fase: 590.000$00 esc. A Informação n.º 79/MU/57, que fundamenta a proposta de comparticipação elaborada pela DUF no valor de 50% do orçamento atualizado aprovado (1.340.000$00 esc.), será escalonado nos três anos seguintes, sendo o prazo de conclusão da obra prorrogado até final do ano de 1960, conforme determinado superiormente.

1958.11.15 – Projeto da rede elétrica, assinatura ilegível.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Construção do Albergue Distrital de Faro. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/15844/construcao-do-albergue-distrital-de-faro

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).