Urbanização do Bairro de Casas para Pescadores, em Albufeira
Processo composto por duas pastas: uma referente ao projeto de urbanização do bairro, elaborado pelo engenheiro civil Alberto da Silveira Ramos, em 1951, e acompanhado pelo projeto de arborização do bairro, elaborado, no mesmo ano, pelo engenheiro silvicultor Aníbal de Almeida Marques , da Repartição de Melhoramentos Urbanos (RMU) da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU): e outra pasta referente ao processo administrativo da obra composta pela documentação trocada entre as diferentes entidades interveniente no processo.
Identificação
Análise
1951.03.28 – "Projeto de Urbanização do Bairro de Pescadores de Albufeira", elaborado pelo engenheiro civil Alberto da Silveira Ramos, constituído por trabalhos de terraplanagem e arruamentos, no valor de 151.076$98 esc.; abastecimento de águas, no valor de 56.422$80 esc.; rede de esgotos, no valor de 71.218$14 esc.; e instalação elétrica, no valor de 56.266$04 esc., que procura ao máximo a economia dos trabalhos de urbanização, fatalmente dispendioso pelas características excecionais do terreno que, embora permita disfrutar de uma vista panorâmica sobre o mar, cria perfis de arruamentos acentuados alguns dos quais pouco agradáveis à vista e com concordâncias, entre o eixo principal e as vias secundárias, difíceis de solucionar de forma harmoniosa. O autor do projeto ressalva: “revimos os preços constantes no projeto e analisámos as obras previstas e não conseguimos fazer reduções que permitissem ir de encontro à diretiva indicada” de trezentos contos como limite máximo preconizado pelo Estado para bairros com 50 habitações. Motivo pelo qual os acessos às habitação e passeios ficaram, apenas, com “simples terra batida” e os arruamentos, principal e secundários, apenas, “pavimentados a macadame, quando a técnica exigiria que se previsse uma camada de desgaste de caráter definitivo.”
Considerando que o bairro de casas para pescadores de Albufeira deva “ser um dos mais belos do Pais”, Silveira Ramos ambiciona que no futuro a DGSU e a CMA “encontrem forma de, numa 2ª fase, se realizarem os trabalhos indispensáveis para que se possa considerar de facto concluída a obra de urbanização…”
1951.10.00 – Alteração ao projeto inicial relativamente a ligações entre alguns arruamentos, que permitem também alguma economia e oferece “ainda a vantagem de melhorar de forma bastante apreciável o ‘acesso’ ao edifício da F.N.A.T.”
1951.11.17 – "Plano de Plantação do Bairro de Pescadores em Albufeira", orçamentado em 12.737$41 esc., incluído nos trabalhos de urbanização do bairro. O projeto foi elaborado na Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU) pelo engenheiro silvicultor Aníbal de Almeida Marques que destaca a orientação preconizada pelos serviços do Estado na composição integral destes novos aglomerados urbanos: “constituem estes trabalhos de arborização um dos sectores mais importantes da urbanização de bairros, a que, portanto, se deve atender com cuidado e interesse.”
Segundo a Memória Descritiva o objetivo deste projeto é “[q]uebrar a monotonia inerente à uniformidade do casario; permitir sombras nos sítios mais adequados, nomeadamente nos arruamentos que permitem a plantação de arvoredo; pôr à disposição dos moradores possibilidade de colherem alguma fruta; e finalmente, introduzir linhas de verde com as vedações, que dão maior vivacidade ao conjunto, e representam economia em relação a muros de suporte…”
Tal como nos projetos de arquitetura, neste projeto de arborização ouve a preocupação de se escolherem “algumas espécies que deem a nota paisagista regional” para além das plantas a aplicar serem “escolhidas atendendo às condições agroclimáticas locais” e, como não poderia deixar de ser, considerando sempre a questão económica dos trabalhos.
A metodologia aplicada ao projeto foi: a utilização de sebes como delimitação dos logradouros privados e como barreira dada a proximidade do mar e a exposição aos ventos; o recurso a arbustos e arvoredo para preencher parcialmente dos grandes vazios criados por um terreno cujas dimensões permitirá, no futuro, a ampliação do bairro ou “quaisquer outras construções de interesse público”, sem, no entanto, desaproveitar a implantação privilegiada do bairro junto à praia e a panorâmica sobre o mar, motivo pelo qual se procurou “arborizar apenas os tratos de terreno mais próximos das habitações, seguindo as diretrizes dos arruamentos delineados (...) só colo[cando] espécies de pequeno porte”; e a colocação de tapete vegetal do tipo relva nos espaços fronteiros às casas, escolhido a pensar “nos filhos dos moradores, [que] armando o local em quartel-general de brincadeiras” irão naturalmente espezinhar essa relva.
A informação contida nesta página foi elaborada por Tânia Rodrigues, em abril de 2024, com base nos processos referidos.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Urbanização do Bairro de Casas para Pescadores, em Albufeira. Acedido em 22/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/18937/urbanizacao-do-bairro-de-casas-para-pescadores-em-albufeira