Construção de um Grupo de Moradias para Sócios Pobres da Casa do Povo de Santo António das Areias
Processo administrativo da obra e projeto de arquitetura.
Volume único com o projeto inicial (peças escritas e desenhadas), parecer técnico, projeto de alterações (peças escritas e desenhadas) e processo de atualização do orçamento.
Identificação
Processo n.º 896-GEH
Análise
1941.06 – Data da memória descritiva do projeto de construção de um pequeno bairro de Casas Económicas da Casa do Povo de Santo António das Areias, destinado aos seus sócios, especialmente aos que tenham direito ao subsídio de invalidez, por meio de uma renda acessível. O projeto tem por base um programa previamente estudado, de forma a obter a comparticipação necessária do Estado “visto reconhecer de antemão não poder, só por si, com o encargo total da construção agora prevista – 20 habitações”, estando previsto, no futuro, o alargamento do bairro “no sentido perpendicular à estrada”. Justifica-se a localização através dessa intenção de alargamento futuro e da facilidade na aquisição do terreno. Relativamente às moradias “procurou-se a parte económica sem contudo desprezar o necessário conforto e característica regional, e garantir a iluminação e ventilação naturais às diferentes dependências”, contando cada habitação com 2 entradas próprias (frente principal e pátio). No pátio preveem-se as retretes e instalações para animais domésticos (galinhas, coelhos, porco e burro). O estudo das fachadas “obedeceu ao cunho regional”. Refere-se a solução para o abastecimento de água (marco fontanário) e esgotos. Acrescenta-se que, “cada grupo de duas habitações é separado por uma rua”, tendo em consideração o futuro alargamento do bairro. O projeto é orçado em 373.100$00. Anexas, as medições do projeto que referem um custo de 37.310$00 por cada grupo de casas, bem como as peças desenhadas.
1941.11.13 – Parecer da Secção de Melhoramentos Urbanos (SMU) onde é referido o problema que a “Casa do Povo de Santo António das Areias pretende resolver (...) diferente do geralmente encarado, com que nos parece dever concordar-se inteiramente” já que pretendem dotar as moradias não somente da habitação, mas das instalações sempre necessárias, inclusive para o abrigo de animais domésticos “indispensáveis da sua vida rural”. No entanto, aponta-se a planta com solução pouco económica, pela presença do corredor, que poderá ser resolvido em conjunto com a não necessidade de fazer a entrada pela fachada principal. Sugere-se uma maior profundidade no terreno para instalação dos animais, afastando-os da habitação e acedendo-se a esta por meio da cozinha-sala, através dos arruamentos laterais. Sublinha-se a maior dificuldade de resolver o aspeto económico, e assume-se uma comparticipação do estado em 40% do valor. Atendendo a essas questões estima-se a renda em 74$00 e considera-se exagerada “para o nível de vida dos possíveis moradores”. Sugerem-se diferentes soluções construtivas para o revestimento, tetos e pavimentos, de forma a tornar o projeto mais económico. Referem também a importância de esclarecer a questão do sistema de esgotos. Concluem, considerando que o projeto carece “de uma revisão e remodelação”, ainda que bem apresentado.
1942.06 – Data da memória justificativa relativa ao aditamento ao projeto de casas económicas para sócios da Casa do Povo de Santo António das Areias. Os autores referem que a alteração resulta do parecer da SMU. Das alterações destacam-se a supressão do corredor e consequente supressão da porta principal e alteração da fachada (deslocação das janelas e colocação de floreiras), ficando o acesso garantido através das ruas laterais. A dimensão do pátio aumentou e contará com uma passadeira em lajes. As abobadilhas dos tetos foram substituídas por tetos de madeira com forro de esteira e os pavimentos, previsto em betonilha, passaram a tijolo. Suprimiu-se a varanda da fachada principal, por questões económicas e pela alteração condicionada pelo desaparecimento da entrada nessa mesma fachada. Referem-se as alterações ao nível das peças escritas e desenhadas e sublinha-se que o sistema de esgoto e abastecimento de água deixa de ser considerado e é merecedor de estudos próprios. Destaca-se ainda que, embora sejam indicadas nas peças desenhadas, as instalações para animais domésticos não constam do novo orçamento, por questões económicas, “mas julgou-se conveniente a indicação delas para que, de futuro, haja equilíbrio nas mesmas instalações”. Os autores terminam, referindo que, atendendo às modificações, o custo reduziu, sendo cada grupo de 2 moradias orçado em 35.300$00, ao contrário dos 37.310$00 inicialmente previstos, o que totaliza um custo total da obra de 353.000$00, visto o bairro projetado tratar-se de um conjunto de 10 grupos de moradias.
Anexam-se os desenhos que devem substituir os anteriores, agora sem efeito, bem como as medições, preços e orçamento atualizados.
1945.10 – Data da memória descritiva da atualização do orçamento elaborado em junho de 1941, e alterado em junho de 1942, feita de acordo com pedido da Repartição de Melhoramentos Urbanos (RMU), datado de 1945.06.25, em resposta ao pedido de revisão da comparticipação, solicitada pela Casa do Povo de Santo António das Areias em 1945.05.31. A comparticipação havia sido concedida em 1944.02.23. De acordo com o novo orçamento, cada grupo de 2 moradias totaliza o valor de 65.295$00, num aumento de 29.995$00.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Construção de um Grupo de Moradias para Sócios Pobres da Casa do Povo de Santo António das Areias. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/19683/construcao-de-um-grupo-de-moradias-para-socios-pobres-da-casa-do-povo-de-santo-antonio-das-areias