Centro Cultural em Beja
Pasta com correspondência e peças escritas e desenhadas do ante-projeto: memória descritiva e desenhos de arquitetura, e especialidades.
Identificação
Análise
1969.04.16 – Fernando Nunes Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal de Beja, endereça uma carta a José de Azeredo Perdigão, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, expressando a necessidade de um Centro Cultural naquela cidade.
“Nestas condições parece-me de considerar a, por enquanto, hipótese, de se vir a construir um imóvel que preencha a lacuna existente, contendo os serviços cuja necessidade se apontou.
Esse edifício, que poderia chamar-se Palácio da Cultura, Centro Cultural, ou qualquer outro nome mais indicado, reuniria, em princípio de esboço, uma Biblioteca Municipal, um Museu Municipal, diversas salas para conferências, a exposições, concertos e quaisquer outras actividades de carácter cultural.”
É feito um pedido de auxílio financeiro, fazendo referência ao recente financiamento da instituição para a instalação do Arquivo Distrital de Beja.
1969.04.26 – O pedido é negado pela Fundação Calouste Gulbenkian, alegando a falta de “projetos concretos, devidamente estudados e orçamentados”.
1971.06.03 – José de Azeredo Perdigão recebe o Presidente da Câmara Municipal de Beja, que se fez acompanhar de um ofício e do ante-projeto do Centro Cultural, da autoria de Ruy d’Athouguia. No documento, Fernando Nunes Ribeiro apresenta uma ideia “mais consolidada” e apela à generosidade da Fundação: “Fora as grandes cidades, como Lisboa, Porto e Coimbra, não dispõem os outros aglomerados urbanos de possibilidades para se conseguir o enunciado acima [como a difusão de conhecimento e ‘cultura intelectual’]. Os habitantes desses aglomerados necessitam de percorrer grandes distâncias para, esporadicamente, assistirem a manifestações culturais e, salvo honrosas exceções, não só não ampliam os seus conhecimentos como até esquecem que os tinham”.
Localizar-se-ia no mesmo lugar onde foi construída, anos mais tarde a Casa da Cultura. O edifício gira em torno de um pátio, tratado como “local de reunião”. No piso térreo estão dispostos os acessos ao piso superior, onde se localizam todas as instalações de uso público (biblioteca, museu, auditório, galerias de exposição e ateliers). O auditório abre-se sobre as galerias de exposição. Os acabamentos resumem-se entre paredes de betão aparente, reboco branco, caixilharias em alumínio bronze e telha de cor. A proteção solar dos vãos obtém-se pelo seu recuo e compartimentação em relação ao plano das fachadas.
O projeto que figura neste processo não vai avante.
No entanto, considera-se pertinente a associação do mesmo à obra da Casa da Cultura de Beja, porque para além da localização ser a mesma, é uma primeira expressão da necessidade de um edifício de cariz cultural na cidade.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Centro Cultural em Beja. Acedido em 22/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/25278/centro-cultural-em-beja