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Documentação

Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, Distrito de Santarém

Conjunto de documentação textual referente a inspeções realizadas à Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, em Abrantes.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Tipo de Processo
CorrespondênciaTipo de Processo
Designação do Processo
Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, Distrito de Santarém
Anos Início-Fim
1953-1958

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1952.11.29
Última Data Registada no Processo
1957.11.13
Financiamento
Síntese de Leitura

1952.11.29 - Relatório de inspeção ordinária à Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, elaborado pelo Subinspetor dos Organismos Corporativos (IOC), Vítor Dias Guerreiro.

A Casa do Povo teve os seus estatutos aprovados em 1934.01.11, abrangendo a freguesia de S. Miguel de Rio Torto. Sendo esta a sua primeira inspeção, afirma-se desde logo “que a Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto pertence ao grupo as melhores do distrito de Santarém.” No entanto, isto não se deve a um excecional movimento de receitas e despesas, ou a uma sede magnifica, mas porque “tendo a orientá-la uma pleiade de esforçados dirigentes, consegue, nos apertados limites das suas possibilidades materiais, realizar de forma satisfatória os seus objectivos” e porque se sente “que a Casa do povo é estimada, goza da simpatia da população, tem ambiente”.

No plano da ação social, a Casa do Povo dispõe de assistência médica e concede subsídios por doença, morte, invalidez e nascimento. Tem ainda trabalhado em matéria de educação e recreio, tendo organizado e mantido uma banda de música, e ainda realizado na sua sede bailes e sessões de cinema, montado uma biblioteca e instalado na sede um aparelho de TSF e uma mesa de ping-pong.

A sede encontra-se instalada num “casarão desconfortável - parecia um armazém, e foi-o com certeza antes de ter sido arrendado para a Casa do Povo”, tendo mobiliário escasso, pobre e envelhecido. A Casa do Povo está em vias de comprar um prédio, com apoio financeiro do Fundo Comum, faltando apenas celebrar a escritura e realizar as “indispensáveis obras de restauro e adaptação”.

A Casa do Povo dispõe de consultório médico privativo, inaugurado em 1949 e instalado em casa arrendada, que dispõe de condições satisfatórias.

1957.11.13 - Relatório de inspeção ordinária à Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, elaborado pelo Subinspetor dos Organismos Corporativos, António da Cruz Rodrigues.

A freguesia de S. Miguel do Rio Torto tinha, segundo o censo de 1950, 4.884 habitantes. Esta freguesia abrange os lugares de S. Miguel, Bicas, Arreceadas, e Arrifana, Carvalhal e Lameiras, “que constituem a Estação de Abrantes e formam a zona industrial da freguesia, com moagens e fábricas de massas, sabões, cerâmica, artefactos de cortiça, lagares de azeite, serrações, lavagem e penteação de lãs”. No entanto, embora grande parte da população esteja empregada na indústria, a Casa do Povo conta com 1.131 sócios. Alguns destes (300 a 350) são operários sindicalizados inscritos nas Caixas de Previdência, supondo-se “que se lhes deve uma grande parte da excepcional vitalidade do organismo”. Utilizam os serviços médicos na Casa do Povo, já que os médicos exercem também no posto de Rossio ao Sul do Tejo da Federação de Caixas de Previdência - Serviços Médicos Sociais.

A Casa do Povo dispõe de três médicos, dois dos quais dão, cada um, duas consultas semanais na sede, e fazem visitas domiciliárias. O terceiro dá consultas diárias no seu consultório em Rossio ao Sul do Tejo. Refere-se que os médicos “têm bom ambiente, tanto que nenhum outro médico é chamado a S. Miguel do Rio Torto, mesmo para indivíduos que não tenham assistência médica gratuita da Casa do Povo”. Refere-se, no entanto, que o posto médico da sede está bastante mal apetrechado.

A Casa do Povo “conta hoje com uma sede magnífica”, cuja compra do terreno, construção (incluindo projeto, fiscalização técnica, empreitada e trabalhos imprevistos”, aquisição de mobiliário, construção de esplanada em 1953 e processos administrativos custaram um total de 513.322$40.

A Casa do povo dispõe de uma banda de música, reorganizada em 1955, sendo a maior parte dos seus membros “indivíduos que não podem arredar-se dos seus empregos em dias de semana”. Desta forma, a banda não consegue participar em grande parte das festas, mas tem utilidade formativa e recreativa da população aos domingos e dias festivos. Dispõe também de um grupo de futebol, que vive das receitas dos jogos. Em 1957 arrendou-se um terreno para campo de jogos. O grupo está instalado em dois pequenos compartimentos da sede, estando integrado “numa Secção recreativa do organismo a que foram atribuídas, desde 1 de Janeiro do ano corrente, todas as receitas” de jogos (bilhares, ping-pong, dominó, damas, xadrez), bailes e sessões de cinema realizadas na sede ou ambulante. Refere-se que os bailes têm sofrido um decréscimo considerável desde 1954, “talvez porque já não seja tão grande a preocupação de arranjar receitas que eram urgentes para a construção da sede”. Sobre as sessões de cinema ambulante, refere-se que as receitas são boas, mas que refletem a necessidade de “dar um rumo ao cinema corporativo”, já que, “mesmo que os filmes da lista não ofereçam grandes preocupações, salvo dois ou três, só obedecem ao critério de lisonjear o gosto de um público já bastante deseducado”. Finalmente, indica-se que a biblioteca da Casa do Povo está a funcionar e que os dirigentes contam alugar o bufete em breve.

Nota-se que a previdência e assistência tem sido limitada.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Casa do Povo de S. Miguel do Rio Torto, Distrito de Santarém. Acedido em 24/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/46629/casa-do-povo-de-s-miguel-do-rio-torto-distrito-de-santarem

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).