Casa do Povo de S. Facundo, Distrito de Santarém
Conjunto de documentação textual referente a inspeções realizadas à Casa do Povo de S. Facundo, em Abrantes
Identificação
Análise
1953.04.07 - Relatório de inspeção ordinária à Casa do Povo de S. Facundo, elaborado pelo Subinspetor dos Organismos Corporativos, Vítor Dias Guerreiro.
A Casa do Povo de S. Facundo foi fundada em 1939, sendo esta a sua primeira inspeção. Verifica-se que a Casa do Povo tem médico (com um ordenado mensal de 1.500$00 e indemnização por transportes de 300$00) e presta assistência através da concessão de subsídios por doença, morte, invalidez e medicamentos.
Quanto à sede da Casa do Povo, explica-se que ocupa “uma única e acanhada divisão, onde também se encontra instalada a sede da Junta de Freguesia e que ao mesmo tempo serve de dormitório às praças da Guarda Nacional Republicana, quando de serviço em S. Facundo (lá estavam os colchões a atestá-la…)”. Considera-se que esta sede “é das piores, das mais mesquinhas que até agora me foi possível conhecer. O mobiliário, naturalmente de harmonia com a moldura que o encerra, é também desolador. E para maior tristeza ainda, o pós, encharcando tudo, e a desarrumação de papéis e livros estavam também presentes…”. A Casa do Povo dispõe também de um consultório privativo instalado numa casa arrendada que, embora modesto, se considera satisfatório.
Indica-se a necessidade de construir um edifício apropriado, “pois que nem a título provisório será possível melhorar a atual sede”, que se considera possível dada a situação financeira da Casa do Povo, contando com apoio do Fundo Comum.
1954.11.06 - Relatório de inspeção à Casa do Povo de S. Facundo, elaborado pelo Subinspetor dos Organismos Corporativos, António dos Santos.
Nesta visita, considera-se que, embora a Casa do Povo praticamente não tenha sede, “pois está instalada num cubículo pertencente à Junta de Freguesia, desfruta dum ambiente razoável”. Ainda assim, diz-se que é necessário que os dirigentes procurem uma casa com condições mínimas “para que o organismo desempenhe convenientemente a sua missão e os sócios passem a ter uma casa onde possam distrair-se”. Neste sentido, está prevista a construção de uma sede própria, mas que só “deverá construir-se no próximo plano bienal da Junta Central”.
1956.10.09 - Relatório de inspeção à Casa do Povo de S. Facundo, elaborado pelo Subinspetor dos Organismos Corporativos, Armelim Nunes Tomás.
Após tomada de posse de novo presidente da Assembleia Geral, “notou-se uma vida nova na Casa do Povo” - destacando-se a resolução provisória do problema das instalações até que seja possível construir edifício próprio, que resultou em que os sócios passassem a frequentar a sede. Refere-se que a Casa do Povo abre todas as noites entre as 19:30 e as 22:30 e aos domingos durante a tarde, tendo-se adquirido “jogos de sala e ping-pong para recreio dos sócios e a pequena biblioteca é bastante consultada”. Indica-se ainda que “a existência de dois aparelhos de telefonia é grande chamariz e contribui para retirar os trabalhadores rurais do ambiente nefasto da taberna”.
A Casa do Povo encontra-se então “razoavelmente instalada num edifício de um só piso, construído para habitação, pelo qual paga a renda mensal de 300$00”. Nota-se a falta de um salão, mas consideram-se as instalações adequadas. Refere-se um subsídio concedido em 1955 pela Junta Central das Casas do Povo (JCCP) para compra de mobiliário. O posto médico passou a estar instalado num prédio do presidente da Assembleia Geral, com uma renda de 40$00, dispondo apenas de mobiliário em mau estado de conservação.
1974.08.19 - Relatório de inspeção à Casa do Povo de S. Facundo, elaborado pelo Inspetor dos Organismos Corporativos José Maria Miguel Turbulento.
Descrevem-se as instalações da Casa do Povo como sendo “boas e amplas, embora o edifício onde se encontra a sede tenha já alguns anos”.
Refere-se que, apesar dos “acontecimentos políticos do 25 de Abril, os dirigentes não foram substituídos, contrariamente ao que, por todo o país, se passou”, tendo apenas o presidente da direção pedido a sua demissão.
Nesta altura, os vencimentos do médico e da encarregada do consultório são suportados pelas verbas da Caixa de Previdência de Santarém.
Na altura da inspeção, a Casa do Povo tinha cerca de 900 associados, sendo a população da freguesia de mais de 3.000 habitantes. A atividade cultural e social era praticamente nula, “deslocando-se ali as pessoas apenas quando vão receber os seus abonos e subsídios”.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Casa do Povo de S. Facundo, Distrito de Santarém. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/processos/46631/casa-do-povo-de-s-facundo-distrito-de-santarem