Posto de Socorros e Casa da Professora em Pombeiro da Beira, Arganil
Esta obra combina duas valências complementares aos equipamentos que já existiam em Pombeiro da Beira e foi viabilizada, aparentemente, pela intervenção determinada de Arminda Alves Caetano da Silva Sanches, esposa do então presidente da Câmara, Coronel Álvaro Duarte da Silva Sanches, irmã de Marcello Caetano e mãe do Ministro das Obras Públicas Rui Sanches. Através de pequenas notas, a professora primária Arminda Sanches fez chegar ao gabinete do Ministro a necessidade deste equipamento, que serve de posto médico e residência da professora, resolvendo assim dois problemas da freguesia com uma só obra.
A comparticipação do Fundo de Desemprego foi concedida em 16/8/1966 à "Comissão Pró-Construção do Posto de Socorros, em Pombeiro da Beira" para a construção desta obra, juntamente com a residência da professora da Escola Primária local.
O primeiro anteprojeto foi apresentado pelo Engenheiro civil Luis Alberto de Figueiredo do Vale em Fevereiro de 1965 e revisto em Março do ano seguinte, em função das recomendações decorrentes da apreciação do projeto pelo arquitecto M. Travassos Valdez, que assina a informação 32/65 da DGSU.
"Actualmente, os médicos que se deslocam a Pombeiro da Beira, não dispõem de qualquer dependência onde possam dar consultas e observar e tratar os doentes com um mínimo de condições de higiene e conforto, o que torna precária a assistência médica às populações, feita nestas condições. Também se tem sempre verificado a dificuldade de manter provido um dos lugares de professora do ensino primário com uma continuidade desejável por a sede da freguesia de Pombeiro da Beira não dispôr de qualquer pensão e não existir qualquer casa em que a respectiva professora se possa instalar com um mínimo de comodidade e dignidade, pelo que assim acaba por solicitar a sua transferência logo que lhe é possível." (Processo 226/MU/65, AHOTDU).
Em carta datada de em 17/5/1965 acompanhada de um anteprojeto e de uma estimativa do orçamento da obra, a Presidente da Comissão Pró-Construção do Posto de Socorros de Pombeiro da Beira Arminda Alves Cateano da Silva Sanches expõe as razões e oportunidades que justificavam o investimento:
"Pensou-se, portanto, tentar resolver estes dois problemas com a construção dum edifício, instalando no rés do chão o Posto de Socorros e no primeiro andar, a residência da professora. Tem suscitado grande interesse a ideia entre os naturais da freguesia, espalhados por África, América, Brasil, Lisboa, etc, e que com a maior solicitude, contribuem para o progresso das suas terras, sempre que se tratara dum melhoramento. (...) Um pombeirense, residente em Manaus, ofereceu um terreno em bom local, para a construção do Posto. Um engenheiro fez, gratuitamente, um projeto da obra, que, juntamente, envio a V.Exa. e outras ofertas se seguiram, que, até agora, perfazem quarenta mil escudos".
A informação da Direcção dos Serviços de Melhoramentos Urbanos n.º166/65 é favorável a realização do projeto mas sublinha que "não existe em Plano qualquer verba para esta obra", propondo a sua inclusão no futuro plano de Melhoramentos Urbanos a inaugurar em 1966, o chamado Plano Comemorativo. No entanto, em função das observações decorrentes da apreciação do projeto pelos técnicos da DGSU, que consideraram o "aspecto arquitectónico" de "concepção excessivamente modesta" um novo projeto remodelado é apresentado em 31/3/1966.
Aprovado o projeto e concedida a comparticipação, a entidade peticionária, através de sua presidente, pede ainda que a obra seja realizada através de administração direta, uma vez que a Comissão já dispunha de alguns materiais doados pelos beneméritos locais. A obra iniciou em 26/9/1966 e acabou por ser incluída no Plano Comemorativo de 1966, tendo sido dada por concluída em 6/10/1967, ainda que o Auto de Vistoria Geral só tenha sido lavrado em 19/6/1969. A obra foi inaugurada em 1970.
Notas
Esta obra é singular no sentido em que não parte de nenhum tipo ou programa pré-estabelecido, surgindo das necessidades concretas de uma freguesia onde existiam outros equipamentos construídos (escola primária, cantina escolar) e que procurava, através dos seus beneméritos, conquistar outras valências e serviços complementares. Em função do esvaziamento demográfico destas freguesias, este equipamento deixou de funcionar, ficando o edifício devoluto. Sua história revela também elementos da ação das figuras ativas destas comunidades, que aproveitaram das suas relações para contribuir com a realização de melhoramentos em suas freguesias.
A obra, que pouco se distingue das habitações comuns construídas no mesmo período na região, situa-se nas imediações das escolas primárias e do pavilhão gimnodesportivo e da sede da junta de freguesia e centro cultural, obras públicas realizadas ao longo do século XX que acabaram por conformar um núcleo estruturante da freguesia no prolongamento da Rua Visconde Sanches de Frias, onde estão a Igreja Matriz e o pelourinho de Pombeiro da Beira, que foi concelho até 1836, posteriormente integrado ao concelho de Arganil.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Pombeiro da Serra
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, em fevereiro de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Posto de Socorros e Casa da Professora em Pombeiro da Beira, Arganil. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/1352/posto-de-socorros-e-casa-da-professora-em-pombeiro-da-beira-arganil