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Mercado Municipal, Miranda do Douro

O Mercado Municipal de Miranda do Douro, cuja construção se começou a planear em meados da década de 1960, terá sido concluído em inícios da década de 1980. Tendo sido originalmente projetado para proporcionar melhores condições à venda de produtos alimentares realizada no Largo do Castelo, em “barracões desmantelados” sujeitos às rigorosas condições climatéricas da região, o novo mercado foi construído tardiamente e, segundo testemunhos locais, nunca totalmente aproveitado.

A conceção e construção deste edifício foi iniciativa da Câmara Municipal de Miranda do Douro que, entre 1966 e 1968, solicitou comparticipação do Estado, através da Direção Geral dos Serviços de Urbanização, e encomendou um programa para o mercado e um anteprojeto de arquitetura ao arquiteto João Filipe Vaz Martins.

Este primeiro projeto localizar-se-ia num terreno com frente para o Largo do Castelo, nas imediações da local onde decorria a feira. Organizava-se em torno de um pátio ajardinado central, rodeado por uma galeria coberta para a qual abriam todas as dependências do Mercado, com a exceção de um conjunto de lojas situadas no primeiro piso de um dos seus corpos. A memória descritiva expressava a intenção de não “prejudicar esteticamente tão característica cidade”, utilizando-se “materiais regionais combinados com uma estrutura de betão armado”.

Entre outras observações presentes em apreciações do anteprojeto emitidas pelas entidades competentes ao longo de 1968, ressalta a ideia de que a solução em pátio pode não ser “a mais aconselhável para o rigoroso clima da região, admitindo-se que um edifício totalmente fechado” seria mais adequado, assim como a ausência de vários elementos necessários ao projeto. Em 1969, a Junta Nacional da Educação emitiu um parecer onde indicava que se deveria escolher novo terreno e apresentar novo projeto com “o necessário teor de integração ambiental”, já que não “se justifica, como é óbvio, a adopção de um terreno cuja vizinhança e características de aproximação com o imóvel classificado a torna altamente criticável”.

Só em 1976 se elaborou um novo projeto para o Mercado Municipal de Miranda do Douro, este da autoria do arquiteto local, Carlos Garcia. A Memória descritiva e justificativa descreve as condições de realização do mercado, que pouco se alteraram em oito anos, continuando a realizar-se “no Largo do Castelo ao ar livre, sobre terra batida”, tendo os barracões de apoio sido fechados entretanto por ordem da Câmara Municipal.

Este novo projeto afastava-se do Castelo, imóvel classificado, tendo sido elaborado para um terreno “entre a zona antiga e a nova zona em expansão”, onde se criava já uma nova Escola Preparatória e se construía um novo conjunto habitacional para uma população de 600 pessoas. Aludindo ao 11.º recenseamento da população, a Memória justificava áreas mais amplas que as normalizadas, pois o Mercado, de tipo misto, urbano-rural, “não abastecerá só a cidade, como todas as aldeias, cujos lavradores vêm fazer a feira”.

O projeto foi aprovado e, em 1977, a Direção Geral de Equipamento Regional e Urbano propôs uma comparticipação de 5.976.000 escudos para a obra de construção do novo Mercado Municipal, correspondendo a 60% do orçamento total da obra, de 9.960.000 escudos. A obra foi adjudicada por 24.209.677,90 escudos e os trabalhos de construção foram iniciados no mês de abril de 1981.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Data de Conclusão
c. 1981
Comunidade

Localização

Morada
Rua do Mercado, Travessa do Mercado, Rua 25 de Abril, Miranda do Douro
Distrito Histórico (PT)
BragançaDistrito Histórico (PT)
Contexto
UrbanoContexto
InteriorContexto

Estado e Utilização

Estado
ConstruídoEstado da Obra
Utilização Inicial
Proprietário

Cronologia de Atividades

Atividades

Descrição Breve

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

O Mercado Municipal de Miranda do Douro situa-se no eixo urbano que faz a ligação entre a cidade intramuros e uma nova zona de expansão para norte, que se consolidou a partir da década de 1970. Definindo um quarteirão entre as ruas do Mercado e 25 de Abril, o programa do Mercado organiza-se num bloco único, fechado, com amplos vãos que se abrem a nascente. O edifício adapta-se à modelação natural do terreno para formar duas plataformas a cotas diferentes. Na superior, cria-se uma zona para estabelecimentos comerciais individuais e permanentes, planeadas “com a finalidade de formarem a zona comercial do Bairro”. Na plataforma inferior, organiza-se o programa principal do Mercado.

As funções principais do Mercado organizam-se em torno de um corredor amplo e luminoso, com pé-direito duplo, que atravessa todo o comprimento do edifício. A nascente deste, onde a fachada é rasgada por vãos horizontais, dispõem-se bancas de venda ao público com acabamento em tijolo branco e bancas em pedra. A poente, na área do edifício que se encontra enterrado, organizam-se três lojas, bancadas de peixe e marisco e dependências de conservação, sem luz natural.

Materiais e Tecnologias

Estrutura
Betão ArmadoMateriais Construção
Construção
Betão descofradoMateriais Construção
Alvenaria de TijoloMateriais Construção
Acabamento e Decoração
Revestimento em AzulejoMateriais Construção
Tinta vitrificanteMateriais Construção
Tinta texturadaMateriais Construção
Lagetas de betãoMateriais Construção
Mosaico cerâmicoMateriais Construção
Mosaico hidráulicoMateriais Construção
Tacos de pinhoMateriais Construção

Documentação

Documentos 4

A informação constante desta página é fruto do trabalho de Catarina Ruivo e Ivonne Herrera e foi reunida através de diferentes fontes documentais e dos diversos contributos e testemunhos que pudemos recolher em Miranda do Douro, que permanecem anónimos. Conta com a preciosa informação partilhada pelos vários participantes do evento Cumbersas ne l Arquibo, realizado em 16 de junho em 2023 com a colaboração do Arquivo Municipal de Miranda do Douro, sobre o tema Arquitetura Aqui em Miranda do Douro: O Arquivo Vivo da Nossa Memória, e ainda com fotografias do espólio de Amadeu Pereira Leite, generosamente cedido pelos filhos e recolhido pela neta, Lara Leite.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Mercado Municipal, Miranda do Douro. Acedido em 18/09/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/1669/mercado-municipal-miranda-do-douro

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).