Piscina Municipal Descoberta, BejaPiscina Municipal, Beja
A construção de uma piscina municipal em Beja é um exemplo de como a vontade e a necessidade popular podem mover forças.
No início dos anos 60 do século XX, são várias as associações – como os Bombeiros Voluntários, o Cine Clube de Beja – coletivos, ou até mesmo pessoas singulares que se movem em prol da construção do equipamento. Alegam-se razões várias, desde o “clima rigoroso no verão”, a mais-valia de uma piscina ao ar livre, de uso colectivo público para se praticar um desporto como a natação, ou mesmo a incapacidade – relativamente aos custos elevados – de se fazer férias fora da cidade no litoral distante. A repercussão foi tal que foi levada a cabo uma “grande campanha [...] nos jornais locais para que se leve a efeito a construção de tão necessário benefício para a população”, com o apoio da Câmara Municipal de Beja.
Em outubro de 1964, decide-se que a exploração da piscina será municipalizada e que os Serviços Municipalizados de Beja tratarão de orientar a obra desde o início. O projeto fica a cargo do arquitecto José da Silva Lourenço.
Em junho de 1965, por despacho do Ministro da Educação, autoriza-se a comparticipação da piscina, estando previsto, também, financiamento pela Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (F.N.A.T.).
Os trabalhos da piscina são iniciados em novembro de 1965, que logo recebe a visita de Arantes e Oliveira, no mês seguinte.
Esta obra, parte do Plano Comemorativo de 1966, foi inaugurada a 15 de agosto desse ano.
A temporada de funcionamento da piscina ocorre, normalmente, de junho a setembro. José Filipe Murteira dos Santos conta que a exceção aconteceu algures nos anos 80 – a piscina não abriu durante alguns anos por falta de água na cidade de Beja, e “enquanto não houve água, eram colocados fardos de palha no fundo da piscina para não estragar a construção”.
Notas
Para a localização da piscina foi escolhido o espaço livre do topo norte do Estádio Municipal, “a qual mereceu a concordância de S. Excelência o Ministro das Obras Públicas”.
Procurou-se que “a implantação oferecesse as melhores condições de orientação quanto à luz solar e proteção dos ventos dominantes”.
O conjunto é fundamentalmente constituído por um tanque de natação, em que se combinam as bacias destinadas a nadadores e não nadadores e edifícios para recreio, bar, balneários e instalações sanitárias.
Por sugestão de Arantes e Oliveira, inverteu-se “o tanque principal de natação de modo a que o lado maior do L ficasse mais próximo do recinto destinado ao público”.
A estrutura dos edifícios é em betão armado com panos de enchimento de alvenaria de tijolo furado. A cobertura é uma laje aligeirada de betão pré-esforçado. A parede posterior deste edifício, orientada para Avenida do Brasil, é constituída por um muro de suporte de betão armado.
As obras mais recentes [2020-2022], de requalificação das partes de restauração, ginásio, balneários, apoios e sanitários, alteram a aparência do edifício de entrada, quando se passa na Avenida do Brasil. A alteração desta fachada oculta os pormenores da construção de 1966 e cerra a permeabilidade visual interior/exterior. Os materiais e detalhe outrora ali presentes – os revestimentos cerâmicos, em pedra, o reboco colorido, ou mesmo o ritmo dado pelos pilares em betão – dão lugar, agora, à parede branca e lisa. Também com esta intervenção, o painel de azulejos é transferido para outro lugar, ainda que na mesma fachada.
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Localização
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
Fórum
Documentação
A informação constante desta página, redigida por Joana Nunes, em setembro de 2024, foi reunida através de diferentes fontes documentais e bibliográficas e de contributos e testemunhos que pudemos recolher em Beja. Conta com o testemunho de José Filipe Murteira dos Santos.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Piscina Municipal Descoberta, Beja. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/25348/piscina-municipal-descoberta-beja