Residência Calouste Gulbenkian, Castelo Branco
A construção de uma residência para estudantes liceais em Castelo Branco foi fruto do apoio financeiro concedido pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG). O plano teve origem na ideia desse organismo, durante a década de 1960, de construção de residências universitárias, que não veio a ter concretização. Em 1965, o Diretor-Geral do Ensino Liceal solicitou auxílio da FCG para a construção de instalações para estudantes do liceu deslocados em Bragança, Castelo Branco e Guarda. Esses estudantes, oriundos das zonas circundantes e de famílias com fracos recursos financeiros, ficavam acomodados “em más condições morais, pedagógicas e de salubridade”. Pretendia-se contribuir para a promoção social através da formação, valorizando os estudantes de forma social e intelectual e proporcionando um ambiente de convívio disciplinado, com possibilidade de atividades recreativas e culturais. Assim, o Conselho de Administração doou uma verba de 9.000.000$00 ao Estado para edificar três residências - uma em cada uma das cidades referidas, respetivamente com dotação de 3.000.000$00. Os requisitos aos quais deveriam obedecer as residências estudantis foram definidos pelo Decreto-lei n.º 46834, de 11 de janeiro de 1966.
Após um primeiro estudo realizado pela Direção de Edifícios do Centro da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), assinado pelo arquiteto Manuel Lopes Montalvão em 1966, ficou acordado que o anteprojeto seria delineado pelo Serviço de Projetos e Obras (SPO) da FCG. Foram tidas em conta sugestões do Ministério da Educação Nacional (MEN) para o programa, como o destino da residência a apenas um sexo, a capacidade máxima dos quartos para três estudantes e a integração de salas para oratório, estudo, refeições, estar e jogos. Os terrenos foram doados pela Câmara Municipal de Castelo Branco. O Decreto-lei n.º 47554, de 22 de fevereiro de 1967, estipulou o regime de construção para as três residências financiadas pela FCG, aceitando formalmente a doação
O projeto de arquitetura, apreciado pela DGEMN e pelo MEN, foi elaborado pelos arquitetos Jorge Sotto-Mayor d’Almeida e Manuel Roquette de Mello Campello do SPO. A construção ficou a cargo da DGEMN. Foi necessário um reforço de dotação para efetivar a construção; no total, foram dispendidos mais de 5.000.000$00. A construção estava concluída no final de 1970, havendo ainda alguns trabalhos complementares realizados nos inícios do seguinte. A residência foi inaugurada em 1971, iniciando o funcionamento no dia 1 de outubro. Volvido pouco tempo, o reitor solicitou que se resolvessem alguns problemas no edifício que se verificaram com o início da utilização.
Em 2023, a residência encontrava-se sem utilização, e a Câmara Municipal de Castelo Branco demonstrou interesse em requalificar o edifício perante a necessidade de alojamento estudantil na cidade - após ideias de construir um edifício novo para residência -, por forma a realizar um protocolo de cedência ao Instituto Politécnico de Castelo Branco. No entanto, em meados do ano seguinte, ainda não se tinham iniciado obras, pois dois dos pisos estavam ocupados por espólio documental do Ministério da Educação, Ciência e Inovação.
Notas
A construção da residência decorre da necessidade de alojar condignamente os estudantes liceais de Castelo Branco, tornando-se um equipamento de importância para impulsionar o acesso à educação. Em termos formais, este edifício é idêntico à residência construída em Bragança.
O edifício da residência está localizado nas proximidades do antigo Liceu e Escola Técnica, atuais Escolas Secundárias Nuno Álvares e Amato Lusitano, respetivamente, considerando que o seu propósito original se prendia com o alojamento de estudantes liceais. Implanta-se numa zona relativamente central da cidade, em cota elevada numa rua secundária. O acesso é feito através de uma escadaria em pedra, encontrando-se um medalhão com a efígie de Calouste Gulbenkian e uma legenda identificando a residência no muro.
A residência é composta por dois corpos perpendiculares, de 5 e 3 pisos, integrando quartos e serviços gerais. Ao corpo mais elevado está adossado um volume térreo, pelo qual se faz a entrada e se integraram salas de estar e de refeições. As fachadas são simples, com panos compostos por vãos ritmados.
Previa-se, segundo o programa, o alojamento de 62 estudantes, 4 professores (incluindo o diretor) e o guarda permanente com a família. A cave integrava serviços sociais, como sala de rádio e sala de jogos, serviços gerais (lavandaria, arrecadação, etc.) e habitação para o guarda. O piso térreo comportava uma sala com dupla função para refeições e festas, sala de estar, sala de estudo (no corpo baixo) e copa com self-service, bem como instalações para o professor-diretor, administração, serviços gerais e quartos. Os restantes pisos albergavam quartos para alojamento dos estudantes, com integração de quartos diferenciados para os professores (um por piso),
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Localização
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
Documentação
A informação constante desta página foi redigida por Ana Mehnert Pascoal, em setembro de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Residência Calouste Gulbenkian, Castelo Branco. Acedido em 03/12/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/28174/residencia-calouste-gulbenkian-castelo-branco