Paços do Concelho da CovilhãCâmara Municipal da Covilhã
Em 1944.02.05 , começaram as tratativas para a elaboração do projeto dos novos Paços do Concelho da Covilhã, quando o Presidente da Câmara Municipal da Covilhã Luís Vitor Tavares Baptista enviou para o arquiteto João António de Aguiar o "esboço do programa para o edifício dos Paços do Concelho". O documento anexo lista os ambientes, indicando as dimensões de cada sala destinada a abrigar os serviços da CMC, Tesouraria, Delegacia de Saúde, Repartição Técnica, Comissão Municipal de Turismo e o Comando da PSP. A discussão do projeto, envolvendo também os Engenheiros Chefes da Repartição de Melhoramentos Urbanos da DGSU e da Repartição Técnica da Câmara Municipal, prosseguiu até 1946.07.22, quando a CMC, então presidida por Carlos Coelho, obteve do Ministério das Obras Públicas através do Fundo do Desemprego, a comparticipação para a obra (Portaria de 12/7/1946; Processo 167/MU/45). Durante o ano de 1947, o prazo da obra foi sucessivamente prorrogado por conta das dificuldades em desmontar o maciço rochoso situado na parte posterior do edifício, o que também acabou por conduzir a ligeiras modificações do projeto, com a introdução de um volume de balneários e de "uma nova solução para a fachada", problema que despertava o interesse do Presidente da CMC, de acordo com carta do arquiteto de 1948.01.05.
As diferentes versões do projeto foram analisadas aos pormenores por Filipe Serra Carlos em Os Paços do Concelho da Covilhã (2011). O novo projeto e a proposta de comparticipação da construção do novo edifício dos Paços do Concelho da Covilhã, orçado então em 5.850.00$00 foram apresentados em 1948: "Quanto ao edifício, o projeto definitivo respeita, sem modificação sensível, as linhas gerais do ante-projeto, tendo-se apenas introduzido algumas alterações nos alçados laterais e posteriores que se consideram aceitáveis, e ainda modificado o desenvolvimento das escadarias exteriores que os circundam, o que permitiu a abertura dos vãos de janelas para a iluminação e ventilação das dependências do primeiro piso melhorando-se assim as condições de salubridade dos serviços a instalar naquele pavimento e nas do 2º piso cujas janelas se alteraram." Em 1949.05.13 foi aberto o concurso para a adjudicação da empreitada de construção do Edifício dos Paços do Concelho, vencido pela proposta do construtor civil João da Costa Riscado. Em 1952.04.04 o Engenheiro Chefe da Repartição Técnica Municipal informou ao Presidente da CMC que "o edifício em construção se encontra quase concluído, no tosco, com exceção da caixa da escada principal e elevador e do muro de suporte do acesso, na zona norte." Em 1955.04.20, o Presidente da CMC Coronel António Matoso Pereira informou que "A Câmara, no desejo de abrir ao público, quanto antes, a arcaria do novo edifício dos Paços do Concelho, deliberou, por unanimidade, que a Repartição Técnica Municipal providencia no sentido de serem rapidamente ultimados os trabalhos necessários - construção e colocação de portões, instalação elétrica e colocação de candeeiros, etc. - indispensáveis a atingir-se aquele objetivo." Neste ano, a CMC organizou um concurso para o fornecimento das estátuas de Frei Heitor Pinto e Pero da Covilhã, que seriam instaladas no átrio do edifício, premiando o escultor João Fragoso para a primeira obra e deixando vago o da segunda. Em 1957, o escultor Salvador d'Eça Barata Feyo foi encarregado de elaborar a estátua de Pero da Covilhã.
Depois de ajustes e pormenores que demandavam a atenção do arquiteto Aguiar, a obra só foi inagurada em 1958.10.11 (Carlos, 2011, p.78), depois de sucessivos reforços na comparticipação e trabalhos a mais realizados pelo empreiteiro.
Notas
Filipe Serra Carlos vê no projeto dos Paços do Concelho da Covilhã, obra do arquiteto João Augusto Aguiar, um dos efeitos de uma inflexão ocorrida na arquitetura portuguesa nos anos 1940 representada pela Praça do Areeiro em Lisboa, projeto de Cristino da Silva de 1938, inspirada em "motivos setecentistas e monumentalidade nazista". A realização dos Paços do Concelho também é, vista a partir do conjunto da Praça do Pelourinho do qual é a peça principal, uma realização emblemática das políticas de construção de obras públicas do Estado Novo, que reorganiza a porção central da cidade. Juntamente com o "Palácio dos Correios" de Adelino Nunes, o Teatro-Cine da Covilhã de Raul Rodrigues Lima e a agência da CGDCP de António Maria Veloso Reis Camelo, os Paços do Concelho da Covilhã formam um "uníssono de quatro vozes" da arquitetura do Estado Novo, de acordo com Joana Brites (in Monumentos n.º29, 2009, pp.126-133).
O edifício dos Paços do Concelho da Covilhã é a principal peça do conjunto de edifícios construídos em torno da Praça do Pelourinho durante o Estado Novo, compondo um conjunto bastante característico da arquitetura do período, que inclui sedes de entidades públicas como os edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones e a agência da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, o Teatro-Cine da Covilhã, o Hotel Sol Neve e os blocos do chamado Centro Cívico. Para a construção deste conjunto, foram demolidas várias quadras do edificado existente, dando origem à uma série de novos arranjos viários articulados pela rotunda da Praça do Pelourinho, situada no eixo que liga o edifício dos Paços do Concelho à Igreja da Misericórdia, uma das únicas construções preservadas durante a construção deste conjunto urbano notável e característico da arquitetura e do urbanismo dos anos 1940 em Portugal.
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Documentação
A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, em Setembro de 2023, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Paços do Concelho da Covilhã. Acedido em 07/12/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/895/pacos-do-concelho-da-covilha