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Utilização Coletiva em
Portugal e Espanha 1939-1985

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Mercado Municipal, Mira de Aire

A construção de um mercado coberto em Mira de Aire partiu da iniciativa da Câmara Municipal de Porto de Mós, que na primeira metade dos anos 50 solicitou à Federação de Municípios da Estremadura que elaborasse um estudo para um edifício desse tipo. Mira de Aire encontrava-se então em progresso devido ao investimento industrial, prevendo-se que o mercado pudesse servir não apenas a população de c. de 2.500 habitantes, mas também os operários que aí trabalhavam, mas não residiam na freguesia, bem como as povoações limítrofes. Até então, o mercado realizava-se ao ar livre e sem as necessárias condições de higiene.

O estudo foi elaborado em 1953 pelo arquiteto António Varela e pelo engenheiro Alberto Augusto dos Reis, funcionários dos Serviços Técnicos da Federação de Municípios da Estremadura, e revelou-se, segundo o presidente da câmara municipal, do agrado da população sobretudo pela localização central escolhida para a sua implantação. O mercado projetado integrava várias secções: bancas de peixe, de legumes e de fruta, venda de criação de animais, flores, talhos, mercearias e produtos regionais. Um dos aspetos que veio a ser apontado pelos avaliadores do estudo referia-se à ausência de um gabinete para o veterinário. Por outro lado, os técnicos da Direção-Geral dos Serviços de urbanização consideraram a dimensão do edifício exagerada. Depois de se ter pensado em mudar o local de implantação, optou-se pela manutenção dos terrenos inicialmente adquiridos pela câmara municipal. Em 1957, os autores apresentaram três novas soluções para o edifício, julgando-se a variante com distribuição por dois pisos como a mais adequada, sendo necessário reduzir o volume de construção e eliminar a torre prevista para maior economia.

A construção foi inscrita no Plano de Melhoramentos Urbanos de 1957, na sequência de um pedido de comparticipação financeira estatal por parte da câmara municipal, que vem a ser concedida através do Fundo de Desemprego, num total de c. 300.000$00. Em adição, a câmara obteve um empréstimo por parte do Governo Civil de Leiria para poder fazer face às despesas da construção. Embora a primeira fase tenha sido adjudicada à firma de António Rodrigues Capela em 1959, os trabalhos ficaram parados, e acabam por ser acometidos à Sociedade de Pré-Fabricação e Obras Gerais Novobra, Lda. A obra terá estado terminada desde 1961, e volvidos dois anos o Ministro das Obras Públicas, Eduardo Arantes e Oliveira, alertou para a necessidade de o mercado entrar rapidamente em funcionamento. No entanto, a receção provisória da obra somente ocorreu em 1965. O edifício foi inaugurado por ocasião de uma visita de Arantes e Oliveira ao concelho de Porto de Mós em 1966, quando se celebravam os 40 anos do 28 de maio de 1926.

O edifício sofreu obras de remodelação por iniciativa da Câmara Municipal de Porto de Mós, inauguradas em 2022.

 

Para mais detalhes, consultar a secção Momentos-chave abaixo.

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Análise

Data de Conclusão
1965
Importância, Particularidades, Similaridades, Posição Relativa (Geografia e Cronologia)

Ao longo da sua carreira, o arquiteto António Varela projetou vários mercados para o território português, como o mercado de Peniche (adaptação), mercado de Abrantes (remodelação), mercado de Minde, mercado da Nazaré e mercado de Coimbra (não construído). O mercado de Mira de Aire revela alguma afinidade formal, nomeadamente pelo recurso a coberturas em abóbada e o uso de pedra natural nas fachadas, com o projeto de Minde (década 1950).

Análise Conjugada de Forma, Função e Relação com o Contexto

O edifício foi implantado numa rua com declive, no centro da povoação, o que permitiu a incorporação de dois pisos. Se as avaliações dos primeiros estudos consideraram as fachadas adequadas do ponto de vista arquitetónico, houve oposição quanto à torre com relógio proposta pelos autores, pois esse elemento poderia levantar dúvidas quanto à finalidade do edifício. Destaca-se a cobertura em abóbada de berço na parte central do edifício, elevada face às laterais, o uso de pedra aparelhada em parte da fachada principal e a integração de vitrais coloridos nos alçados principal e posterior, fruto da intervenção em 2022 (o que levou à remoção de grelhagens cerâmicas). A remodelação do edifício permitiu que as bancas fossem amovíveis, para possibilitar outros usos.

Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)

Atividades 2

Localização

Comunidade
Localização
Morada

R. Mousinho de Albuquerque, Mira de Aire

Distrito Histórico (PT)
LeiriaDistrito Histórico (PT)
Contexto
UrbanoContexto

Estado e Utilização

Utilização Inicial
Estado
ConstruídoEstado da Obra

Materiais e Tecnologias

Estrutura
Betão ArmadoMateriais Construção
Construção
Alvenaria de TijoloMateriais Construção
Alvenaria de PedraMateriais Construção
Acabamento e Decoração
Mosaico hidráulicoMateriais Construção
AzulejoMateriais Construção
Cantaria de pedraMateriais Construção

Documentação

Registos e Leituras

A informação constante desta página foi redigida por Ana Mehnert Pascoal, em junho de 2025, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.

 

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Para citar este trabalho:

Ana Mehnert Pascoal para Arquitectura Aqui (2025) Mercado Municipal, Mira de Aire. Acedido em 04/09/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/pt/obras/56557/mercado-municipal-mira-de-aire

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).