Quartel dos Bombeiros Voluntários de Penamacor
A construção do quartel dos Bombeiros Voluntários de Penamacor foi iniciada em 1965, em terrenos cedidos pela Câmara Municipal, segundo projeto elaborado gratuitamente no ano anterior pelo engenheiro civil e de minas Manuel Martins, tendo sido interrompida volvidos quatro anos ao nível do 1.º piso por dificuldades financeiras. De facto, no final de 1976, noticiava-se no Jornal do Fundão que o quartel, conhecido como "Barracão", havia sido iniciado há 12 anos com paragem da obra (Jornal do Fundão, 31 de dezembro 1976). As obras foram custeadas através de subsídios concedidos pela Inspeção Geral dos Serviços de Incêndios e de fundos angariados em peditórios e festas organizadas pela direção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Penamacor.
A iniciativa foi retomada em 1973, com a elaboração de novo projeto pelo arquiteto José Pires Branco, chefe da 6.ª Zona de Urbanização e Arquitetura. A construção decorreu entre 1977 e 1980; no entanto, a receção definitiva da empreitada sucedeu a 13 de janeiro de 1983. Foi concedida comparticipação financeira estatal, através do Orçamento Geral do Estado, para conclusão da obra, bem como assistência técnica pela Direção de Urbanização de Castelo Branco. Em fevereiro de 1978, o Jornal do Fundão noticiava a comparticipação no valor de 3.281.000$00 (Jornal do Fundão, 3 de fevereiro de 1978), valor que aumentou com as revisões de preços. A primeira fase da obra foi adjudicada à firma Jorge Pereira, Lda. O terreno foi cedido gratuitamente pela Câmara Municipal de Penamacor e a promoção da obra partiu da iniciativa da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penamacor. Para além da necessidade de executar os trabalhos a mais, foram-se prorrogando os prazos de execução devido à carência de materiais como cimento e a falta de mão-de-obra especializada.
A construção da parada e da casa escola foi delineada pelo arquiteto Manuel Ferrão de Oliveira e pelo engenheiro Fernando Vendrell Henriques, e executada entre 1982 e 1985. Corresponde à 2.ª fase de intervenção, executada por administração direta. Estas obras também obtiveram comparticipação financeira estatal, através do PIDDAC, e foram realizadas sob alçada da Direção-Geral do Equipamento Regional e Urbano.
Foi ainda realizada uma 3.ª fase entre 1986 e 1990, correspondente à necessária ampliação através de um corpo de garagens com projeto assinado pelo engenheiro Ramalho Eanes do Gabinete de Apoio Técnico de Castelo Branco (1983), que veio a subir em altura através do acrescento de pisos durante a segunda metade da década de 1980, segundo projeto de ampliação do arquiteto Ferrão de Oliveira. Contou também com comparticipação estatal, inscrita no PIDDAC. Esta ampliação foi necessária devido ao crescimento do número de bombeiros e, consequentemente, da dimensão da frota de viaturas de combate a incendios, tornando-se "numa das corporações mais conceituadas da nossa zona" (ofício do Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Penamacor, 14 de outubro de 1987).
Notas
O quartel dos bombeiros foi implantado na área norte de Penamacor, próximo das estradas de acesso à vila e também da malha urbana, numa zona de desnível do terreno.
O edificio do quartel está implantado perpendicularmente à Rua dos Bombeiros Voluntários; a poente encontra-se o edifício construído na 3.ª fase, paralelo ao mencionado arruamento, junto à casa-escola. Ambos desenvolvem-se em torno da parada, através da qual se acede às zonas de estacionamento e às garagens.
O quartel desenvolve-se em dois pisos e possui cobertura de duas águas. Ao nível térreo localizam-se as garagens, cuja secção da fachada possui pormenor de pedra aparelhada. O piso superior possui varanda sobre as garagens. Os estudos iniciais previam no piso inferior, para além do parque de viaturas, arrecadações, sala de piquete, camarata com balneário, instalações sanitárias e vestiários, gabinete do comando e residência do permanente independente, com cozinha, despensa, dois quartos, casa de banho, arrecadação e terraço coberto. O piso superior integrava a zona associativa composta de vestíbulo, salão de festas, bengaleiro, secretaria, posto de socorros, arquivo, instalações sanitárias, cozinha com despensa e instalações sanitárias privativas, arrecadação, instalação sanitária.
O edifício contíguo, construído em altura a partir do piso térreo das garagens, desenvolve-se por três pisos, também possui telhado de duas águas e mantém a solução estética do primeiro edifício. O estudo previa inclusão de camarata para piquete com instalações sanitárias e balneários, gabinete para comando com instalação sanitária, sala de aula e sala de leitura independentes, distribuídos pelos restantes pisos.
A casa-escola, de três pisos em betão, possui cobertura em terraço e encontra-se à altura do edifício anteriormente descrito, ao qual está adjacente a este edifício.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
Documentação
A informação constante desta página foi redigida por Ana Mehnert Pascoal, em maio de 2024, com base em diferentes fontes documentais. Inclui ainda informação proveniente de recortes de imprensa local gentilmente partilhados por Francisco Abreu, a quem muito agardecemos.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Quartel dos Bombeiros Voluntários de Penamacor. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/10059/quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-penamacor