Bairro dos Centenários, Faro
Em julho de 1940 a Junta de Província do Algarve (JPA) assume a construção de um bairro para indigentes com os materiais provenientes dos pavilhões da Exposição Regional das Comemorações Centenárias que se realizou em Faro. À exceção da Empresa de Viação Algarve, todas as entidades que construíram pavilhões na Exposição ofereceram os referidos materiais.
O local inicialmente previsto para a construção do futuro bairro, que previa a edificação de 30 moradias no Cerro do Bruxo e cuja planta ficou à responsabilidade do sr. Carlos Porfírio, foi preterido a favor do terreno no Sítio de São Luís onde, a partir de 1943, se viria a materializar esta iniciativa.
Em meados de 1941, o projeto de arquitetura elaborado pelo eng.º Joaquim Barata Correia, foi aceite pela JPA e reencaminhado ao Ministro das Obras Públicas para aprovação. Já não previa a construção de 30 habitações, mas apenas de 19. Ao projeto foi, no entanto, negado o apoio financeiro do Estado através da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) que emitiu parecer negativo.
Nem por isso a JPA desistiu da sua intenção de construir um bairro modesto destinado a melhorar as condições de vida de algumas famílias carenciadas de Faro. Volvido mais um ano, a JPA propõe uma colaboração com a Câmara Municipal de Faro (CMF) e assim se concretizou a construção de oito blocos de dois fogos cada (e com quatro compartimentos por cada habitação), no total de 16 modestas moradias, construídas em duas fases consecutivas.
Sobre o que não houve dúvida em momento algum foi o de atribuir ao bairro o nome de "Bairro dos Centenários", numa alusão clara à importante iniciativa comemorativa, decorrida anos antes e da qual provinham parte dos materiais usados.
A CMF ficou responsável pela cedência do terreno, pela mão-de-obra e pelo transporte dos materiais que a JPA guardara para a construção do bairro. Após concurso público a empreitada foi entregue a Álvaro António Guerreiro Rabeca, pela quantia de 98.680$00, cabendo à CMF 27.000$00 e o restante à JPA.
Em janeiro de 1944 estavam concluídos e entregues os primeiros quatro blocos duplos e abria-se o concurso para a segunda fase, tendo ficado concluída em maio do ano seguinte. Sem canalização de água e esgotos, o bairro só foi inaugurado, pela JPA, a 4 novembro desse ano de 1945, tendo ficado decidido que passaria a constituir património municipal, mediante o respeito das condições de acesso e de um regulamento, documentos organizados pela JPA. Entretanto, em fevereiro de 1944, o arquiteto Jorge Oliveira, responsável pelo então recém-criado Serviço de Arquitetura e Urbanismo da JPA, elabora o projeto dum fontanário para resolver o problema de abastecimento de água aos moradores do bairro.
Recentemente reabilitado, a maioria das habitações estão atualmente entregues a associações e/ou a IPSS, que preservam e perpetuam a imagem e a história deste modesto bairro.
Análise
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Localização
Estado e Utilização
A informação constante desta página foi redigida por Tânia Rodrigues, em agosto de 2023, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2025) Bairro dos Centenários, Faro. Acedido em 13/03/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/18428/bairro-dos-centenarios-faro