Posto Territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR), Marvão
Em novembro de 1970 o presidente da Câmara Municipal de Marvão, João Dinis Carita, indicava que, apesar das obras de reparação previstas para o posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) que à época estava em funções estarem já projetadas, o edifício continuaria a não satisfazer as necessidades dos serviços. Sugeria, por isso, de acordo com o Comando Geral da GNR, abandonar a intenção de reparação e avançar com a construção de um novo posto territorial que pudesse dar resposta a essas necessidades e exigências.
Nesse sentido, tanto quanto a documentação recolhida e analisada permite perceber, em abril de 1971 é promovida pelo Ministério das Obras Públicas a elaboração de um projeto para o novo edifício, comparticipado pelo mesmo ministério, pese embora se entenda levar avante as beneficiações indispensáveis à utilização do edifício em utilização, dada a necessidade do corpo de segurança operar até à construção e conclusão das novas instalações.
Definida a localização do posto a contruir, o projeto é assim elaborado em dezembro de 1972, pelo Arq. Jaime Dias de Azevedo, de acordo com o programa de um posto da GNR de tipo B, definido pela Delegação dos Edifícios de Segurança e das Alfândegas. Com um orçamento total de 2.886.537$16, o projeto viria a ser a provado por várias entidades em março de 1973, entre as quais a Direção-Geral dos Serviços de Urbanização e a Delegação dos Edifícios de Segurança e das Alfândegas, dando-se a abertura do processo definitivo, em maio do mesmo ano, com vista a comparticipação do Estado – que é autorizada no valor de 3.000.000$00, sendo 1.500.000$00 assegurados pelo Estado (através do Fundo de Desemprego e do Orçamento Geral do Estado) e o restante montante através de um subsídio da Comissão de Coordenação das Obras Públicas do Alentejo.
Em janeiro de 1974 a empreitada é adjudicada, através de concurso público, ao empreiteiro Manuel Martins Sanches pelo valor de 3.146.326$40, sendo os trabalhos iniciados em julho desse mesmo ano.
Em junho de 1975 é concedido um reforço da comparticipação pelo Ministério do Equipamento Social e do Ambiente, sendo que a comparticipação viria a ser reforçada e os trabalhos a ser concluídos em maio de 1977 [no que respeita à construção civil].
Só em junho de 1977 seria elaborado o projeto de eletrificação, pela Federação de Municípios dos Distritos de Évora e Portalegre. Meses mais tarde, a Câmara Municipal de Monforte manifestava ao Ministério do Urbanismo e Construção a urgência na aquisição do mobiliário que permitisse o funcionamento adequado do posto, solicitando uma comparticipação do Estado para o efeito.
Ainda hoje [2024] o posto mantém a sua atividade enquanto posto territorial da Guarda Nacional Republicana de Marvão.
Notas
Localizado na zona extramuros da vila de Marvão, junto à Estrada Nacional N359-6 que dá acesso ao núcleo histórico, o Posto Territorial da GNR de Marvão insere-se na topografia local, nas imediações do Convento de Nossa Senhora da Estrela e do Centro de Saúde de Marvão.
O programa do edifício obedece a um projeto-tipo B de posto de GNR definido pela Delegação dos Edifícios de Segurança e das Alfândegas, constituindo-se, essencialmente, pelo posto propriamente dito e as habitações (do sargento e do cabo), organizando-se predominantemente num único piso, com exceção para uma das unidades de habitação e camarata que se localizam num piso superior.
Assim, no piso inferior, o corpo do posto constitui-se por um átrio de entrada que dá acesso ao interior do edifício. Neste, articulados através de um longo corredor, encontra-se uma arrecadação, uma arrecadação de material de guerra, uma sala de aula, uma cela, uma cozinha-refeitório com despensa, instalações sanitárias, quarto do plantão, secretaria, arquivo, e quarto do oficial do rodante. O corredor culmina, em ambos os extremos, nas escadas de acesso às dependências localizadas no piso superior, e no extremo direito dá acesso direto à habitação do cabo. Esta conta com cozinha com zona de lavagens e secagem de roupa anexa, 3 quartos, despensa, sala comum, e instalações sanitárias - articuladas por meio de um corredor central.A garagem é adossada no extremo oposto do edifício e a parada de instrução encontra-se numa numa posição relativamente central do edifício, definindo o recuo da zona central da fachada posterior.
Por sua vez, no piso superior, num dos extremos encontramos a camarata, em corpo recuado, com instalações sanitárias anexas. No extremo oposto, a habitação do sargento que conta com o mesmo programa e esquema funcional da habitação do cabo - o qual se completa com a presença de duas pequenas varandas voltadas para a fachada principal (num dos quartos e na sala).
A composição dos alçados, onde predomina a cor branca, teve em vista garantir o equilíbrio e harmonia geral do conjunto, constituindo-se os volumes de forma a assegurar a integração no ambiente e escala do local onde se implanta, sem deturpar a paisagem. Para garantir esse equilíbrio e harmonia, os alçados são igualmente pontuados por diversos vãos (que garantem a iluminação e ventilação) e por elementos em cantaria de pedra, com especial destaque pela entrada principal do posto territorial.
Todo o projeto do posto teve em vista o respeito pela economia geral do projeto.
Atualmente [2024] o posto territorial da GNR de Marvão mantém as suas funções e atividade, não parecendo ter havido grandes intervenções na arquitetura do edifício.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Posto Territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR), Marvão. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/19737/posto-territorial-da-guarda-nacional-republicana-gnr-marvao