Bairro de Casas Pré-Fabricadas da Cooperativa Agropecuária Jama, São Lourenço, Loulé
Em 1977 o concelho de Loulé recebeu três lotes de habitações pré-fabricadas, em resultado da cooperação internacional na mitigação ao problema habitacional português, que foram enviadas pelo Ministère des Affaires Etrangères du Commerce Extérieur et de la Coopération au Développement a Portugal e depois canalizadas para o Algarve, à semelhança do que aconteceu com a ajuda dada por outros países europeus, as quais foram redistribuídas para outras regiões do país. O agravamento da falta de habitação adensou bastante com a vinda dos portugueses das ex-colónias após o 25 de abril de 1974, sendo necessário dar resolução definitiva à questão da habitação, uma das competências do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais (IARN) através da Comissão para o Alojamento de Retornados (CAR).
O Bairro da Cooperativa Agropecuária JAMA é um dos cinco bairros do Programa CAR na região, apoiados pela Bélgica, constituindo um dos três que foram implantados no concelho de Loulé. É composto por cinco casas pré-fabricadas - uma do tipo T2; uma do tipo T3; e três do tipo T4 - projetadas pelo arquiteto Guy Hardy para a firma belga SP Sodibat S.A..
A infraestruturação do bairro, implantado em zona rural a sul da EN 125 entre o Antigo Caminho Militar e a Ribeira de São Lourenço de Almancil, ficou a cargo da Câmara Municipal de Loulé (CML) que devia ter iniciado as obras em novembro de 1978, logo após a montagem das casas no local escolhido, o que não veio a acontecer. Em 1982 as cinco famílias aqui alojadas ainda aguardavam pela execução das redes de saneamento básico, abastecimento de água e ligação à rede elétrica. O isolamento geográfico do bairro impedia a ligação das infraestruturas domésticas às redes públicas, razão pela qual os serviços competentes sugeriam a construção de uma fossa séptica, depósitos individuais de água e uma derivação do ramal elétrico da Federação dos Municípios de Faro.
A obra de infraestruturação do bairro era comparticipada a 100% pelo Estado através do Gabinete do Planeamento da Região do Algarve (GaPA) mas, ainda assim, a CML não dava resolução aos projetos e às diretivas emanadas dos serviços regionais responsáveis pela execução do programa e as obras não eram executadas, impedindo a conclusão do programa da ajuda Belga.
Segundo anotações processuais, em meados de 1982, as famílias do bairro Jama estavam “a servir-se de água comprada" ou tinham que percorrer cerca de 1 km para recolher de um tanque "água [que] só serve para lavagens (…) pois no sítio é difícil encontrar água, pois que já particulares fizeram furos na zona sem êxito, portanto torna-se necessário o projeto de abastecimento de água; vão também lavar a roupa quando a água está boa, [sendo que] no verão a ribeira não tem água..."
Notas
O bairro da cooperativa Jama está implantado em terreno plano, numa zona rural a sul da EN125 e a nascente da Ribeira de São Lourenço de Almancil. É acessível por caminho de terra batida que deriva da estrada Antigo Caminho Militar que lhe passa a poente.
Habitação de emergência, do tipo bangalô pré-fabricado, com estrutura de betão armado, painéis sanduíche, em espuma isolante, nas 2 faces, de poliéster reforçado com fibras de vidro e cobertura em cimento amianto, imitando ardósia natural. Portas e janelas com vidro simples. Montadas no local sobre embasamento de betão.
Momentos-chave (clique abaixo para mais detalhe)
Localização
Estado e Utilização
Materiais e Tecnologias
A informação constante desta página foi redigida por Tânia Rodrigues, em junho de 2024, com base em fontes documentais.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Bairro de Casas Pré-Fabricadas da Cooperativa Agropecuária Jama, São Lourenço, Loulé. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/23104/bairro-de-casas-pre-fabricadas-da-cooperativa-agropecuaria-jama-sao-lourenco-loule