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Testemunhos no evento "Arquitectura Aqui em Sines. Equipamento Coletivo de interesse Local no Alentejo Litoral: Arquivos, Obras e Memórias"

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Identificação

Título
Testemunhos no evento "Arquitectura Aqui em Sines. Equipamento Coletivo de interesse Local no Alentejo Litoral: Arquivos, Obras e Memórias"
Data
2025.02.04

Conteúdo

Registo da Observação ou Conversação

Evento “Arquitectura Aqui em Sines. Equipamento Coletivo de interesse Local no Alentejo Litoral: Arquivos, Obras e Memórias” realizado em Fevereiro de 2025 no Centro de Artes de Sines. Atividade organizada em parceria com o Arquivo Municipal de Sines e facilitada pelos investigadores Ricardo Agarez e Leandro Arez.

Gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que participaram neste evento.

Agradecimentos especiais à equipa do Arquivo Municipal de Sines que nos apoiou em toda a produção e execução deste evento: Sandra Patrício, António Campos e Gonçalo Chinita

Seguem-se alguns dos contributos que foram partilhados durante o evento:

Salões do Povo (Sines, Paiol, Foros da Pouca Farinha e Casoto, e Sociedade Musical União e Recreio Sport Sineense)

Após nota de Leandro Arez sobre a sigla da Sociedade Musical União e Recreio Sport Sineense - URSS - ser  provocatória para o regime, participante conta que a Sociedade Musical URSS foi proibida em 1945 e a Câmara Municipal apreendeu os instrumentos, sendo que sempre que quisessem usar os instrumentos, teriam de os pedir à CMS. Estes instrumentos não seriam emprestados à Sociedade Musical URSS enquanto coletivo, levando alguns dos membros a intitular-se "Banda dos Esquecidos" e tocando sem uniforme.

A propósito do processo de construção dos Salões do povo, participante reforça que o Arquivo Municipal de Sines recebeu o espólio da Junta de Freguesia de Sines (JFS) com a atividade das Comissões de Moradores, que foi documentada em fotografia pela JFS. Também o Centro de Trabalho do Partido Comunista de Sines cedeu bastante documentação relativa às Comissões que foi posteriormente digitalizada pelo Arquivo Municipal

Parque Desportivo Municipal João Martins

A conversa desvia para o tema do IOS (Parque Desportivo Municipal João Martins), que não tinha à data sido identificado pela equipa Arquitectura Aqui no levantamento prévio.

Segundo Participante, o primeiro Salão do Povo, em Sines, encostado à "Banda" (Sociedade Musical URSS), estava sem telhado e também (à semelhança dos Salões dos Povo das Comissões de Moradores) também foi reconstruído com a solidariedade da população (doação de materiais, jornadas de trabalho). Esse edifício, anteriormente o "Pavilhão do Carnaval" pertenceria à Câmara por usocapeão mas teria sido parte do complexo do Instituto de Obras Sociais (IOS), que foi ocupado pela população no 1º de Maio de 1974.

No terro, ter-se-à situado a "Quinta de S. Sebastião", mas que entretanto foi passado para o Instituto de Obras Sociais. do lado oposto à sede da Sociedade Musical, encontra-se uma série de edifícios pré-fabricados (Jardim de Infância "A Conchinha") que tinham função de colónia de férias para os benificiários do IOS. 

Complexo Agrícola (Armazém de Trigo, Armazém da FNPT e Grémio da Lavoura de Sines)

Na altura ainda havia comboio e este conjunto de apoio à indústria agrícola do conselho desenvolve-se nessa relação. Apesar da associação entre Sines e o mar, que existe, também havia grande produção de arroz e cortiça.

Mercado Municipal de Sines

O arquiteto Martinez dos Santos, autor de um dos projetos iniciais para o mercado (não construido) já era conhecido dos participantes por ter sido autor da torre de aviação do aeródromo de Sines, bem como dos edifícios de apoio ao parque de campismo. Uma participante destaca que o teria visto assinar algum documento dizendo que seria o inscrito número um da Ordem dos Arquitetos [talvez Associação ou Sindicato].

Participante contou que conhecia o construtor civil e que, na ausência do presidente da câmara, foi este participante que desempenhou esse papel na cerimónia de inauguração.

A arrematação das bancas foi muito concorrida. Participante recorda que as pessoas envolvidas entraram em disputas de licitação para terem lugar no mercado. 

Participante diz que não sabe o que se passa na Câmara porque já haviam assegurado financiamento e um projeto aprovado, mas que entretanto não tinha acontecido nada. 

Participante conta que leva a mãe todos os sábados às 8h da manhã para comprar os biológicos, gaba a qualidade dos produtos.

Participantes falam da tentativa de uma grande distribuidora de adquirir o espaço mas que foi barrada, no entanto quando questionados sobre o sentimento de posse da população sobre o mercado, os participantes revelaram que apesar de acharem que esse sentimento existiu e os presentes partilhavam dele, já não se verificaria tanto como antes. Lamentam a quantidade de lojas que estiveram ocupadas e que estão abandonadas agora, não desocupadas, mas em condições lastimáveis. 

Participantes estimam que tentativa de aquisição pela grande distribuidora teria acontecido há cerca de duas décadas, coincidindo com a notícia de 2006 já encontrada. Ao serem inquiridos sobre quem ao certo se terá movido no sentido de impedir essa compra, para além de respostas mais genéricas como "a população", um participante refere a importância que o Partido Comunista Português teve nesse processo, reconhecendo que algumas pessoas podiam não estar à vontade para o reconhecer (a Câmara era da CDU, na altura). 

A conversa segue sobre o Quartel dos Bombeiros voluntários de Sines

A recolha e incorporação dos testemunhos orais foi elaborada por Ricardo Agarez e Leandro Arez, com base num encontro público e coletivo (2025).

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2025) Testemunhos no evento "Arquitectura Aqui em Sines. Equipamento Coletivo de interesse Local no Alentejo Litoral: Arquivos, Obras e Memórias". Acedido em 19/09/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/pt/documentacao/notas-de-observacao-ou-conversacao/61257/testemunhos-no-evento-arquitectura-aqui-em-sines-equipamento-coletivo-de-interesse-local-no-alentejo-litoral-arquivos-obras-e-memorias

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).