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Tribunal Judicial de Soure [2]

Capa de papel branco com inscrições datilografadas “TRIBUNAL JUDICIAL DE SOURE” E “ED-257 / SOURE”, e anotações manuscritas a grafite, contendo documentação textual e gráfica.

Se tem alguma memória ou informação relacionada com este registo, por favor envie-nos o seu contributo.

Identificação

Tipo de Processo
Anos Início-Fim
1965
Localização Referida
Referência Inicial
PT/DGEMN/DSARH-005/257-3395/01
Referência Outros Arquivos

Existem cópias dos pareceres aqui contidos noutro processo do mesmo arquivo, com a referência  PT/DGEMN/DSC-4212-13.

Análise

Primeira Data Registada no Processo
1965.06.05
Última Data Registada no Processo
1965.08.31
Projeto de Arquitetura (Autoria)
Luís Amoroso Valgode Lopes Arquiteto 1965Pessoa
Intervenção / Apreciação
José Ferreira da Cunha Comissão Revisão DGEMN 1965Pessoa
José Figueiredo Mendes Barata Comissão de Revisão DGEMN 1965Pessoa
Francisco dos Santos Comissão de Revisão DGEMN 1965Pessoa
Raul de Mesquita Lima Inspetor CSOP 1965Pessoa
Raul Américo Maçãs Fernandes Inspetor CSOP 1965Pessoa
Síntese de Leitura

1965.06.05: Memória descritiva do anteprojeto do Tribunal Judicial de Soure, assinada pelo arquiteto Luís Amoroso Lopes. O programa foi fixado pelo Ministério da Justiça, impondo-se “uma certa dignidade arquitectónica” para corresponder ao prestígio das funções, o uso de materiais resistentes e solenidade nos acabamentos. O edifício terá dois pisos, com serviços de registos e notariado, arrecadação de móveis apreendidos, celas e residência para oficial-porteiro no primeiro piso, com arquivo judicial numa pequena cave, e localizando-se no segundo a sala de audiências, biblioteca, gabinetes dos magistrados e do chefe da secretaria judicial, salas de instrução de processos, de testemunhas, de advogados e de espera, gabinete de exames médicos e secretaria judicial. Há indicações específicas para determinadas salas. O terreno foi selecionado entre três hipóteses, ficando no centro da vila, limitado por vias públicas (existentes e projetadas). Após trocas com a DGSU, concordou-se com a orientação da fachada principal a norte, embora tal implique que a fachada posterior esteja virada para a zona central da vila. As restantes fachadas também terão tratamento de digna sobriedade. O edifício foi concebido “dentro de princípios funcionais clássicos, nas quais as dependências se desenvolvem à volta dum pátio central e ajardinado. (…) Como para o corpo da fachada principal se reservam as zonas de “passos perdidos”, limitadas a Norte por motivos de grande transparência, esse pátio ajardinado vê-se claramente do próprio exterior do edifício”. A solução é idêntica à empregue em Coimbra. Todas as fachadas são tratadas com cuidado considerando a localização de arruamentos em torno; a principal, a Norte, “é uma composição modelada bastante aberta e enriquecida por grelhagem forjada, ligando a dois corpos laterais, onde se prevêm os motivos de decoração escultórica ou indicativos da utilidade do edifício”, e a transparência permitirá vislumbrar a mancha verde do pátio interior ajardinado. Os alçados laterais obedecem ao parido modulado, com fortes cunhais de cantaria e pilastras com “aberturas numa inspiração clássica de setecentos”. A fachada posterior é mais singela, com uma varanda no topo nascente que acede à sala de espera. Para além da descrição da construção e materiais a empregar (com cuidado para as salas de maior destaque), está prevista a inclusão de obras de arte, nomeadamente painéis escultóricos para a fachada principal e tapeçaria decorativa manufaturada em Portalegre para a sala de audiências, ambos com base em temas relacionados com a história de Soure, bem como motivos decorativos forjados representando atributos da justiça. O orçamento é estimado em 4.081.150$00. Há peças desenhadas (implantação, plantas, alçados).

1965.07.02: Parecer da Comissão de Revisão da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), assinado por José Ferreira da Cunha, José Mendes Barata, Francisco dos Santos, sobre o anteprojeto do Tribunal Judicial de Soure, que julga em condições de aprovação. Trata-se de uma nova solução, que consiste na construção de um edifício próprio com terreno na zona central de Soure, localização sugerida pela Direção-Geral dos Serviços de Urbanização. O esquema das plantas está, no geral, delineado consoante as determinações do programa. Chama-se atenção para o facto de os passos perdidos do rés-do-chão serem abertos para o pátio central, o que poderá ser inconveniente no inverno e um perigo para a saúde considerando o contraste face ao interior aquecido. Listam-se alguns aspetos a melhorar nos vários pisos. A composição dos alçados “é, de um modo geral, equilibrada e de proporções bastante harmoniosas”. Serão empregues alvenarias de pedra nos alicerces e paredes exteriores, e alvenarias de tijolo nas divisórias, e uso de betão armado nos pavimentos, escadas e armação da cobertura. A estimativa orçamental é de 3.930.000$00.

1965.08.31: Parecer da 2.ª subsecção da 3.ª secção do Conselho Superior de Obras Públicas (CSOP), assinado pelo engenheiro Raul de Mesquita Lima (tendo o relator sido Raul Américo Maçãs Fernandes). A solução apresentada satisfaz a distribuição dos serviços constantes do programa, prevendo-se bom funcionamento, embora haja que rever a área para as secretarias dos registos e notariado para evitar discrepâncias, por exemplo, entre outros pormenores. Tal como recomendado pela Comissão de Revisão, o CSOP aconselha maior cautela nos estudos de estabilidade dado ser uma zona com médio risco sísmico. A solução arquitetónica é considerada equilibrada e a composição “adequada à austera finalidade principal atribuída à edificação a executar”. Julga-se o estudo merecedor de aprovação mediante consideração das alterações indicadas.

Para citar este trabalho:

Ana Mehnert Pascoal para Arquitectura Aqui (2025) Tribunal Judicial de Soure [2]. Acedido em 03/09/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/pt/documentacao/processos/61404/tribunal-judicial-de-soure-2

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).