Construção do Mercado Municipal de Peniche
Conjunto de cinco de pastas de cartão de diversas cores, contendo documentação textual e gráfica referente à construção do Mercado Municipal de Peniche, incluindo projetos não concretizados.
Identificação
Análise
1930: Alçado principal de um mercado, assinado pelo arquiteto Paulino Montês.
1931.06.21: Desenhos de arquitetura (plantas, alçados) referentes ao projeto do mercado municipal de Peniche, desenhados por José Pereira da Silva.
1936: Memória descritiva acerca da conclusão do mercado, sem assinatura. Dado que não existe um mercado coberto em Peniche e que “as hortaliças, frutas e peixe são vendidas ao ar livre junto à via pública ao pó e sem condições algumas de higiene”, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal adquiriu um edifício iniciado por empresa particular para esse fim, sem ter sido acabado de construir. Este estudo corresponde à conclusão do edifício, com ampliação das lojas.
1940.06.06:O Comissariado de Desemprego informa não ter sido feito qualquer movimento relativo à comparticipação de 50.000$00 concedidos à Câmara Municipal de Peniche para a obra de conclusão do mercado.
1940.08.29: Anulação da comparticipação pelo Fundo de Desemprego. O processo na DGEMN (Secção de Melhoramentos Urbanos) vem a ser posteriormente arquivado.
1940.11.13: O arquiteto António Varela comunica que o projeto de modificação e conclusão do mercado municipal de Peniche está concluído. Segue-se um documento com o descritivo dos elementos a considerar (localização das bancas, dimensões das zonas de circulação, materiais e pormenores).
1940: Memória descritiva do projeto de conclusão do mercado, assinada pelo arquiteto António Varela. A empresa particular que iniciou a construção foi obrigada a ceder o edifício ao município devido a “motivos de ordem financeira”. Trata-se de uma obra indispensável pelo incremento da higiene na venda de géneros alimentares na vila, pelo valor económico e visto que não é aceitável condenar um edifício à ruína. Trata-se de um edifício de planta retangular, com torreões em cada ângulo. Mantém-se a organização do projeto inicial, com lojas de vendas em três lados e uma zona de criação no quarto e dois amplos pátios ao centro. No entanto, as lojas serão ampliadas, modificar-se-ão as frentes, reduzir-se-á as áreas dos pátios, haverá nova localização de escadas de acesso aos terraços entre outros aspetos. “O desenho dos alçados foi concebido no estilo, muito em moda, ao tempo da sua execução”; alteraram-se somente aspetos motivados pelos novos arranjos, nomeadamente duas novas entradas no eixo longitudinal. Encontram-se executados o exterior, a alpendrada e as divisórias das lojas, sendo necessário demolir as últimas; descrevem-se as alterações necessárias. O orçamento é de 502.000$00. Há desenhos referentes a este estudo (plantas, alçados, pormenores) assinados pelo arquiteto.
1942.05.30: Memória descritiva do projeto de conclusão, assinada pelo agente técnico de engenharia Clarimundo João Sá Viana Cardoso. O edifício está praticamente concluído em elevação excetuando os acabamentos. “A cobertura é constituída por um terraço que se prolonga para o interior dos pátios, formando um alpendre, que se desenvolve sobra os quatro lados. (…) existe ao nível do terraço uma ligação da parte norte à parte sul, formando uma ‘passerelle’”. A única obra distinta do acabamento do já existente é o projetado pavilhão do relógio. O orçamento é de 418.292$00.
1943.04.19: Parecer do Conselho Superior de Higiene, assinado por José Alberto de Faria, António Augusto Gonçalves Braga, Carlos d’Arruda Furtado, António Anastácio Gonçalves e Aníbal do Couto Nogueira. Assinala-se a falta de planeamento para a conservação de produtos, questiona-se a instalação de dois fontenários, considera-se que a cobertura simples seria melhor solução. Vem a obter resposta pelo delegado de saúde, que transcreve informação do arquiteto consultor, Paulino Montês.
1943.06.11: O projeto é aprovado pelo Conselho Superior de Higiene.
1943.07.24: Parecer ao projeto pela Secção de Melhoramentos Urbanos da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), assinado por Alfredo Fernandes, Dario Silva Vieira e Jorge Coutinho Júnior. Anteriormente havia sido discutido se o mercado deveria ser totalmente coberto ou apenas em parte, conforme o projeto inicial, que foi preferido. Assim, o projeto definitivo teve como base que os pátios fossem descobertos. Receberam dois estudos, um enviado pela câmara municipal e outro feito com base na solução adotada. O primeiro, para o qual se pretende obter comparticipação do Estado, merece muitos reparos, como a exiguidade da dimensão das lojas e a localização das escadas de acesso aos terraços – portanto, não é merecedor de aprovação. O segundo também se encontra incompleto e, apesar das melhorias, apresenta alguns inconvenientes; depois de reformulação, poderá ser submetido à aprovação superior.
1943.09.07: Considerando a recomendação ministerial da necessidade de “simplificar e tornar mais agradáveis as fachadas do edifício”, o diretor da DGEMN envia cópias dos projetos à Secção de Melhoramentos Urbanos para o concelho de Peniche. A obra está incluída no Plano de Melhoramentos Urbanos para 1943.
1945.01.23: Roga-se que a Secção de Melhoramentos Urbanos envie o projeto até final de março para ser dado andamento.
1945.02.08: A câmara municipal decidiu levar a obra a efeito com dispensa da comparticipação estatal visto que esta envolveria “dispêndio de avultada quantia incompatível com as suas possibilidades financeiras”.
Para citar este trabalho:
Ana Mehnert Pascoal para Arquitectura Aqui (2025) Construção do Mercado Municipal de Peniche. Acedido em 03/09/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/pt/documentacao/processos/64672/construcao-do-mercado-municipal-de-peniche