Projeto da Sede da Associação Recreativa Penichense
Conjunto de documentação textual e gráfica relativa ao projeto da sede da Associação de Educação Física, Cultural e Recreativa Penichense, e a pedidos de financiamento para conclusão da construção.
Identificação
Análise
1964.04: Memória descritiva e justificativa do projeto da sede da Associação Recreativa Penichense, assinada pelo arquiteto Ferrão de Oliveira [embora, na capa onde se integra o documento, também conste o nome do arquiteto Mateus Júnior]. Os sócios e dirigentes há muito desejam construir um novo edifício para a sede da associação “que possa satisfazer às necessidades actuais e futuras em todos os campos da sua actividade”, tendo fornecido o programa que serviu de base ao estudo. Informa que o terreno, numa zona de expansão da vila, foi cedido pela Câmara Municipal de Peniche. Devido aos elevados custos implicados pela extensão da obra, realizar-se-á por fases “com o auxílio certo de todos os Penichenses”, dependentes dos fundos disponíveis. Prevê-se instalação de serviços administrativos (secretaria, sala da direção, sala de reserva/reuniões), instalações para sócios habitação do permanente no piso inferior, e o 1.º piso é ocupado pelo ginásio que servirá também como salão de festas e de baile e anexos. O edifício distribui-se, assim, por dois pisos, e numa zona chegará a 3 pisos com aproveitamento do elevado pé direito. “A expressão plástica do edifício pretende traduzir fielmente o que se passa interiormente”. São especificados os materiais. Existe um desenho de implantação, sem data.
1966.12.04: Memorial da autoria da direção da associação, dirigido ao Ministro das Obras Públicas. Fundada em 1902, “firmou-se como um valioso centro de irradiação cultural que tem beneficiado toda a população de Peniche, em especial as camadas populares que constituem a maior parte da sua numerosa massa associativa”. Tem como aspiração a construção de uma nova sede, para desenvolvimento das modalidades atuais e alargar a ação a modalidades de carácter gimnodesportivo, particularmente dirigidas à juventude da vila. A associação deu início à construção da 1.ª fase do edifício em terrenos excecionalmente cedidos pela câmara municipal, com recurso a verbas juntando dádivas e quotas dos associados (660.000$00) e crédito (755.000$00). A obra terá de ficar paralisada devido às dificuldades financeiras da associação perante as obrigações com o crédito contraído, necessitando angariar fundos. Refere-se que a 1.ª fase exclui acabamentos, sendo a conclusão apenas possível com a execução da 2.ª fase (no valor de mais de 1.000.000$00). Assim, solicita-se comparticipação ou subsídio para concretizar o empreendimento.
1967.08.29: A associação dirige-se ao Governador Civil de Leiria acerca da aprovação dos novos estatutos, necessários para a concessão de subsídios para conclusão da construção da sede.
1967.10.03: A associação dirige-se ao diretor-geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar a propósito da necessidade de alteração dos seus estatutos. A eventual concessão de subsídios pela câmara municipal para conclusão da obra depende dessa alteração. Aguardam também resposta sobre o pedido feito ao MOP.
1967.11.22: Aprovação dos novos estatutos da associação pelo Ministro da Educação Nacional.
1969.11.30: A associação dirige-se ao Comendador Artur Cupertino de Miranda, presidente do Conselho de Administração do Banco Português do Atlântico. Expõem a história e a missão da associação, que empreendeu a edificação da sede própria em 1965. Atualmente, “esgotados os recursos económicos (…) amealhados”, torna-se impossível concluir a obra, “nem sequer aproveitar uma comparticipação do Estado, já concedida, no valor de 25% (250 contos) dos trabalhos ainda por executar”. Assim, solicitam apoio financeiro do banco, carecendo de um empréstimo de 1.200.000$00; como garantia, propõem a hipoteca do imóvel. O empréstimo vem a ser concretizado.
1970.07.31: Contrato de adjudicação de empreitada entre a associação e o construtor civil António Gomes Machado, para acabamentos do edifício pelo valor de 1.338.000$00.
1970.09 / 1970.10: Formulários do Comissariado do Desemprego (delegação em Leiria) atestando que vários desempregados irão exercer funções de apontador na obra de construção da sede da associação.
1971.05.31: Ofício da direção da Associação de Educação Física, Cultural e Recreativa Penichense dirigido ao presidente da Assembleia Geral. Identifica-se que o empreiteiro da obra do edifício é António Gomes Machado, havendo um atraso no cumprimento do contrato relativamente à execução da 2.ª fase da obra da sede.
S.d.: Plantas do edifício (da cave ao 4.º andar), escala 1/100, com carimbo dos Serviços Municipais de Habitação da Câmara Municipal de Peniche. Destaca-se, no 4.º andar, a inclusão de uma sala de cinema com 120 lugares e, ao nível da cave e rés-do-chão, um tanque de aprendizagem para natação.
A consulta desta documentação foi gentilmente possibilitada pela direção da Associação de Educação Física, Cultural e Recreativa Penichense.
Para citar este trabalho:
Ana Mehnert Pascoal para Arquitectura Aqui (2025) Projeto da Sede da Associação Recreativa Penichense. Acedido em 03/09/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/pt/documentacao/processos/65037/projeto-da-sede-da-associacao-recreativa-penichense