Alcácer do Sal
Lugar de ocupação remota, datando os primeiros povoados do período Mesolítico (segundo o sítio da autarquia), o Vale do Baixo Sado constitui-se num lugar propício à ocupação humana pelas atividades económicas em torno do rio e da agricultura de regadio que este permitia. Para além do sustento oferecido pela apanha de marisco e pesca, o Sado foi navegável até Porto-Rei afirmando este curso como forte artéria económica entre os povoados interiores do Alentejo e os do estuário do Sado, como Setúbal ou Troia, com Alcácer a beneficiar fortemente deste trânsito comercial.
Este movimento não passou despercebido às dinâmicas económicas do Mediterrâneo cujos povos passaram a cruzar este local, trocando os seus produtos pelos metais preciosos extraídos das minas do interior alentejano. Deste período chegou-nos um vasto espólio de cerâmicas (utilitárias e decorativas) que testemunham a passagem destas culturas pelo porto de Alcácer do Sal.
Até ao século XIII, Alcácer foi território contestado pelos vários povos que disputaram a Península Ibérica, tendo sido estabilizado como território português no reinado de D. Afonso II e entregue à proteção da Ordem de Santiago.
Ao longo do século XIX, a linha férrea foi ganhando uma importância no transporte de bens produzidos no interior do Alentejo, fazendo com que, até à primeira metade do século XX, o rio perdesse o seu destaque nestas dinâmicas.
Em 1965, as instalações da Câmara Municipal de Alcácer do Sal — que então compreendiam o Arquivo Histórico — foram destruídas por um grave incêndio, perdendo-se uma parte significativa da documentação produzida e arquivada por este órgão desde a idade média até então (segundo apresentação feita sobre o Arquivo Histórico Municipal de Alcácer do Sal). Este infeliz acontecimento terá tido um impacto na produção de história local que se mostra elusiva especificamente no que toca ao século XX.
Ainda assim, pela nossa própria investigação, podemos aferir a importância que a agricultura teve (e até certo ponto, mantém) na região, sendo que até à revolução encontramos maioritariamente casos de investimento publico no desenvolvimento de equipamentos relacionados com esta atividade, são casos disso o Centro de Secagem de Arroz, a Fábrica de Descasque de Pinhões, o Edifício-Sede da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sado ou a Cooperativa dos Olivicultores de Torrão.
Num período de transição, na década que envolve a revolução, encontramos casos de fortes parcerias com o sector social (principalmente religioso) para suprir necessidades tanto dos mais novos, com a construção de novas instalações para a Escola Secundária de Alcácer do Sal (antigo Externato Dr. José Gentil) e do Centro de Alojamento de Estudantes (permitindo a que jovens deste vasto concelho predominantemente rural pudessem aceder ao ensino liceal); como para os mais velhos, com o caso da Residência José Godinho Jacob, que apesar de já existente, foi durante este período que materializou instalações condignas para a missão que cumpria.
Após a revolução, e nomeadamente durante o período da reforma agrária, Alcácer foi palco de grandes alterações nas estruturas sociais e económicas: Grandes herdades foram desmanteladas e ocupadas, e a população foi empoderada para se organizar e reivindicar para si acesso a bens e serviços que não tinham tido antes: nomeadamente acesso à saúde através de centros de saúde, apoio na infância com a construção de cresces e da Oficina da Criança e acesso à cultura, por exemplo com o Centro Cultural dos Bairros de São João e Olival Queimado.
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Recursos
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2025) Alcácer do Sal. Acedido em 18/01/2025, em https://arquitecturaaqui.eu/comunidades/16435/alcacer-do-sal