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Conversa com Francisco Abreu e Manuela Abreu, Penamacor

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Título
Conversa com Francisco Abreu e Manuela Abreu, Penamacor

Conteúdo

Registo da Observação ou Conversação

Percurso e conversa com Francisco Abreu e Manuela Abreu, com as investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Ana Mehnert Pascoal. Estamos profundamente gratas pela sua generosidade ao convidar-nos para um passeio e ao partilhar connosco outras perspetivas sobre Penamacor. É este tipo de experiências que impulsiona o nosso trabalho.

Seguem-se algumas informações fornecidas durante a caminhada.

Bombeiros de Penamacor

O evento do Madeiro conta com a participação de um número cada vez maior de pessoas e a queima de lenha tem vindo a aumentar nos últimos anos. Por razões de segurança, esta atividade é acompanhada pelos bombeiros de Penamacor.

Antigos CTT

Numa rua [rua de São Estevão] que antigamente era de grande vitalidade comercial estava localizado o edifício dos CTT. Nesse edifício atualmente está a Caixa Geral de Depósitos.

Outras questões

Para além da dinâmica agropecuária, em Penamacor havia bastante comércio. Especialmente na rua 25 de Abril e na rua de São Estevão o comércio era muito importante. Por exemplo, havia uma garagem com bombas de gasolina fora e com reparação de automóveis, uma loja de venda de produtos de uso agrícola e combustíveis ou óleos para as máquinas agrícolas, uma loja de alfaiate, etc. Só algumas destas lojas ainda funcionam, e a maioria delas já fecharam.

Vemos um edifício antigo, perto da igreja de São Tiago, no Largo 5 de Outubro. Este edifício pertence a uma família abastada de Penamacor, tem um grande valor arquitetónico, mas está sem uso há várias décadas. Algo semelhante acontece com vários edifícios pertencentes a famílias abastadas que não preservaram ou encontraram novas utilizações para os seus imóveis, que se encontram atualmente fechados e sem uso. Manuela Abreu lamenta que um edifício com estas caraterísticas não esteja a ser utilizado e comenta que em qualquer cidade seria muito apreciado e valorizado como património. Menciona algumas reutilizações possíveis para este edifício que, apesar do tempo sem nenhum uso, ainda se encontra em relativamente bom estado. Por exemplo, poderia ser utilizado como alojamento turístico, ou ter escritórios ou lojas no rés do chão, o que dinamizaria a vida na zona, mas também geraria lucros para os proprietários.

A zona envolvente à Igreja de São Tiago foi recentemente requalificada desde que Penamacor foi reconhecida como Vila Madeiro. Por exemplo, existia uma casa antiga que foi demolida no âmbito desta requalificação da zona da praça. É nesta zona que se realiza a atividade do Madeiro [uma tradição muito antiga que se realiza no inverno, onde grandes troncos são recolhidos, transportados e queimados na praça].

O evento do Madeiro tem vindo a ganhar interesse turístico nos últimos anos. Embora mantendo alguns aspectos da tradição, o evento está a mudar em relação ao passado. Atualmente fazem uma feira de produtos artesanais e várias atividades. Durante dois ou três anos eles abriram a antiga taberna dos pais de Francisco Abreu para oferecer comes e bebes, coisas simples, “que era o que se vendia numa taberna”. Essa atividade teve muito sucesso, porque chegaram muitas pessoas de Penamacor e de outros lugares também. Mas como salienta Manuela, isso dá muito trabalho porque são vários dias.

A zona do castelo era habitada por pessoas de origem humilde. Vêem-se pequenas casas de pedra, algumas habitadas, outras degradadas e desabitadas. Aqui Francisco Abreu recorda que quando eram crianças brincavam e quando eram jovens também se juntavam nesta zona.

O comércio local em Penamacor era de grande importância. Temos o prazer de visitar a taberna dos pais de Francisco Abreu. É um espaço que está fechado ao público, mas Francisco e Manuela têm a amabilidade de nos abrir as portas. Esta taberna era gerida o seu pai e pela sua mãe e foi aqui que Francisco cresceu. Através do seu testemunho, ficamos a conhecer o passado e o quotidiano dos trabalhadores do lugar, pois era o seu ponto de encontro e onde passavam longas horas cada dia.

A recolha e incorporação do testemunho oral foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base numa conversa informal mantida em maio de 2024.

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Conversa com Francisco Abreu e Manuela Abreu, Penamacor. Acedido em 07/12/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/notas-de-observacao-ou-conversacao/48744/conversa-com-francisco-abreu-e-manuela-abreu-penamacor

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).