O Lar de Terceira Idade de Miranda do Douro foi construído em terreno contíguo à Igreja da Misericórdia, durante a Provedoria de Mário Simão, na década de 1970. Foi ampliado na década seguinte, com uma comparticipação de 50.000.000 escudos do Ministério da Assistência Social. (Mourinho 2012).

Vários testemunhos recolhidos em Miranda do Douro notam que o Lar, na altura da sua inauguração, proporcionava muito boas condições a utentes que lá entravam ainda com boas capacidades físicas e mentais, e aí mantinham a sua autonomia. “Eles vinham para aqui, mas eles viviam”, diz-nos um testemunho anónimo (16 de junho de 2023). As características do edifício apoiavam esta vida. Os quartos eram amplos, com divisão destinada a despensa pessoal dos utentes e com varandas - abertas sobre a paisagem do planalto mirandês ou sobre um pequeno jardim interior - com floreiras integradas nas guardas, onde os utentes cuidavam das suas próprias plantas, por vezes ervas aromáticas. O jardim interior do Lar proporcionava um espaço de estar, antigamente muito utilizado pelos utentes.

A maioria dos testemunhos recolhidos carrega a mesma interrogação: Como foi possível construir um grande edifício em betão dentro da zona non aedificandi de Miranda intramuros, como definida por Portaria de 9 de julho de 1957? Manuela Ruivo conta que se recorda de conversas e textos do pai, vereador da Câmara Municipal de Miranda do Douro na segunda metade da década de 1970, que referiam a “luta imensa que foi, de facto, com os Monumentos Nacionais, por causa da construção do Lar de Terceira Idade. De facto, a cidade queria o Lar” (testemunho na iniciativa Cumbersas ne l Arquibo: Arquitetura Aqui em Miranda do Douro, 16 de junho de 2023). Outro testemunho complementa, “Na altura fez-se acreditar que o Lar de Terceira Idade de Miranda do Douro era um hotel de 5 estrelas.”

Em 2023, por desadequação das instalações às necessidades do Lar, planeava-se a construção de um novo edifício, fora da zona muralhada da cidade.