O Bairro Verde foi sendo construído ao longo da segunda metade da década de 1950, estando integrado no âmbito da construção da Barragem de Miranda do Douro e estruturas complementares. Embora o projeto para este conjunto, dos arquitetos João Archer de Carvalho, Manuel Nunes de Almeida e Rogério Ramos, previsse a construção de habitações definitivas para os técnicos empregados em tarefas de gestão e manutenção da barragem, foram apenas construídas habitações provisórias. Algumas destas encontravam-se ainda na zona do chamado Bairro Verde em 2023: “Casas isoladas construídas com paredes de madeira em elementos prefabricados apoiadas sobre bases de pedra modeladas no terreno” (Cannatà e Fernandes, 1997).

Estas habitações eram destinadas aos técnicos do quadro da Hidroelétrica do Douro, sendo delas excluídos a maioria dos trabalhadores da barragem, não qualificados ou com vínculos informais. Testemunhos locais referem que alguns destes trabalhadores, “conforme iam adquirindo estatuto diferente dentro da empresa, iam para o bairro verde”. Eram inicialmente alojados em blocos térreos, compostos por quatro casas geminadas com 3 quartos, casa de banho, cozinha e sala de estar. Depois, “conforme iam construindo casas, passavam para as casas”. Este testemunho é coerente com a informação encontrada em múltiplas atas do Conselho de Administração da Hidroelétrica, onde várias vezes se delibera sobre a construção de mais casas em Miranda do Douro.

De acordo com os diferentes testemunhos, o alojamento no Bairro Verde era uma aspiração comum: “Eram umas casas espetaculares! (…) era impecável, banhos de água quente. Tinham tudo. A empresa Hidrelétrica do Douro era top.”

Em 2023, parte das casas já não existia. Entre as que ainda resistem, várias foram sujeitas a obras de transformação e adequação - mais ou menos interventivos, enquanto outras se encontram em processo de degradação.