Piscinas Municipais de ÉvoraParque das Piscinas Municipais, ÉvoraParque Municipal Eng.º Arantes e Oliveira, Évora
As Piscinas Municipais de Évora foram promovidas pela autarquia no início da década de 1960, embora já tivesse havido um projeto anterior, para a Horta dos Soldados (1955), reprovado pelo Ministério das Obras Públicas (MOP) devido à sua localização, pouco resguardada, junto às muralhas do aglomerado. A escolha da localização onde o complexo veio efetivamente a ser construído, próxima do Alto de São Bento e com vista privilegiada para a cidade histórica, é atribuída ao engenheiro António Lopes Rodrigues, administrador municipal.
O projeto foi impulsionado pelos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Évora (CME), tendo como autores o arquitecto Jorge Costa Maia e o engenheiro Gabriel Constante Júnior, técnicos com escritório conjunto em Lisboa desde 1951. O estudo inicial foi finalizado em 31 de agosto de 1961, após o qual se iniciaram, desde logo, os trabalhos de terraplanagem no terreno adquirido para o efeito. Para fins de comparticipação por parte do Estado, foi entregue o anteprojeto no MOP e no Ministério da Educação Nacional (MEN) em novembro de 1962.
Em 4 de outubro de 1963, a obra foi visitada pelo Ministro das Obras Públicas, o engenheiro Eduardo de Arantes e Oliveira, que iria mais tarde inaugurar o equipamento. Desta visita ficou a determinação, pelo ministro, de encarregar aos autores do projeto o estudo da demarcação de uma zona de proteção em volta do recinto das piscinas, de modo a salvaguardar o seu interesse turístico, a sua implantação desafogada e a panorâmica para a cidade histórica. Este estudo foi apresentado na CME e enviado à Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU) poucos dias depois da visita do ministro.
O projeto definitivo foi entregue na Direção de Urbanização de Évora em 24 de novembro de 1963, tendo sido aprovado pela DGSU em janeiro de 1964 e incluído no Plano Definitivo de Melhoramentos Urbanos do mesmo ano. A obra estava orçamentada em c. de 11 mil contos, excluindo a compra do terreno e a sua infraestruturação (acessos, abastecimento de água e eletricidade, saneamento). A comparticipação, de 15% desse valor (1650 contos) foi atribuída pela DGSU no âmbito da política de Melhoramentos Urbanos (n.º de processo 205/MU/62) e através do Fundo de Desemprego. Um subsídio adicional no valor de 300 contos foi solicitado ao MEN (via Direção-Geral da Educação Física, Desportos e Saúde Escolar), tendo sido aprovado em abril de 1964.
O equipamento foi inaugurado a 5 de setembro de 1964, embora o seu Auto de Vistoria Geral tenha sido lavrado em junho do ano seguinte. A conclusão definitiva das obras terá ocorrido apenas em agosto de 1970. Nos primeiros meses de 1972 foram executados trabalhos de reparação da calçada dos pavimentos das piscinas, e no equipamento do parque infantil.
Em 1983 foi realizado, pelo Serviço de Fomento e Administração Urbanística da CME (arquiteta Filomena Monteiro), o projeto de cobertura das varandas do edifício (em painéis de ripado de pinho), devido à deterioração do material de proteção solar original. Algumas áreas interiores do complexo (balneários e instalações sanitárias, entre outras) foram remodeladas em 2015, com projeto do Atelier Mais – arquitetura e design. Entre 2020 e 2022, após encerramento forçado devido à pandemia de Covid-19, o complexo foi alvo de obras de requalificação no valor de 500.000€, com apoio parcial (94.000€) do programa de Beneficiação de Equipamentos Municipais (BEM), reabrindo a 3 de junho de 2022.
Notes
As Piscinas Municipais de Évora – um equipamento originalmente denominado de Parque Municipal Eng.º Arantes e Oliveira – localizam-se a poente da cidade histórica, na estrada municipal para São Bento, próximo do Bairro da Malagueira, de construção mais recente. Num largo terreno implantam-se, por um lado, o recinto das piscinas propriamente dito e, por outro, uma zona arborizada denominada de Parque de Merendas, bem como áreas de estacionamento e espaços livres. Com exceção das moradias que compõe os sectores próximos do Bairro da Malagueira, não existem praticamente construções de relevo nos terrenos em volta do equipamento, tendo-se seguindo aproximadamente as indicações da zona de proteção estudada pela Câmara Municipal de Évora (CME) ao longo da década de 1960.
A entrada no recinto faz-se pela atual Avenida Eng.º Arantes e Oliveira, através de um pórtico de cobertura balançada, elegantemente desenhado e apoiado por duas estruturas de suporte que albergam as cabines de bilheteira. Desta entrada parte uma estrada alcatroada que conduz ao estacionamento automóvel, no limite norte do terreno, e a uma entrada lateral de serviço, a poente, pela Rua Prof. Francisco Albuquerque. Esta via divide o lote em três grandes áreas: a nascente, as piscinas; a Sudoeste, o Parque de Merendas; e a Noroeste, uma zona livre para onde chegou a estar planeada a construção de um campo desportivo polivalente descoberto (projeto de 1981, elaborado pela CME).
O recinto das piscinas é composto por um edifício central (que alberga, entre outros espaços, a piscina interior, de água aquecida e medindo 16,6x6m), um edifício anexo (bar), um edifício no limite nascente do lote (estação de tratamento de águas das piscinas exteriores), um ringue de patinagem (a uma cota mais baixa) e largas áreas ajardinadas onde se implantam, rodeados por lajes de granito, os quatro tanques exteriores do complexo: a Piscina Olímpica (50x20m, retangular e com os lados maiores ligeiramente curvilíneos); a Piscina de Saltos (unida com a anterior num ponto de onde sobressai uma ponte arqueada), de forma poligonal e tendo adjacente a icónica torre de saltos; a Piscina de Aprendizagem (retangular, 35x15m); e a Piscina Infantil (composta por duas cubas de alturas diferentes).
O edifício central é formado por uma conjugação de volumes em aparente simetria, de onde se destaca o volume de entrada, situado no piso 2 e perpendicular ao restante conjunto, acessível através de uma rampa, de dimensões generosas, disposta junto da entrada principal do complexo. Este volume alberga a receção, bar (com instalações sanitárias e bengaleiro em pisos intermédios) e acesso à varanda-esplanada, um longo corpo que intersecta o volume anteriormente referido, dando origem à imagem exterior mais característica do complexo. A varanda-esplanada é assente sobre pilotis e está parcialmente separada dos restantes volumes, o que lhe confere bastante leveza.
O piso inferior, volumetricamente simples, mas guarnecido com coberturas abobadadas, alberga a piscina interior, a respetiva estação de tratamento e aquecimento de águas, e restantes serviços de apoio: vestiários e duches para as várias piscinas (interior/exteriores; homens/mulheres; meninos/meninas), instalações sanitárias, arrecadações, entre outros. O edifício anexo inclui, entre outros, posto de socorros, bar de apoio às piscinas exteriores e instalações sanitárias.
Desde a sua inauguração e ao longo das últimas décadas, o complexo de piscinas de Évora tem sido alvo de diversas obras de conservação e reabilitação que resultam, por um lado, do natural deterioramento das instalações ao longo do tempo e, por outro, das necessárias adaptações à evolução dos modos de vida e das características da cidade de Évora. Mantém, no entanto, as características essenciais da sua imagem arquitetónica, das valências que procurou promover, e da sua relação física e visual com a cidade histórica, permanecendo como um dos mais importantes equipamentos de Évora contruídos no século XX, especialmente no que concerne ao seu território extramuros.
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Status & Uses
A informação constante desta página foi coligida por João Cardim, em março de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
To quote this work:
Arquitectura Aqui (2024) Piscinas Municipais de Évora. Accessed on 24/11/2024, in https://arquitecturaaqui.eu/en/buildings-ensembles/18489/piscinas-municipais-de-evora