O Bairro Conde de Bertianos foi construído entre 1947 e 1969 - ao longo de três fases distintas, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, com financiamento do Estado.

O projeto para a primeira fase foi elaborado na Direção de Urbanização de Viana do Castelo, em 1952, após ter sido abandonado um projeto do arquiteto Mário Bonito para a construção de um bairro de 100 fogos no mesmo local pela Santa Casa da Misericórdia e a Câmara Municipal de Viana do Castelo. O projeto consistia num primeiro bloco de 10 casas, formando uma frente contínua para a Rua General Luís do Rego, que seguia um modelo já anteriormente utilizado para o Bairro da GNR na Ajuda, em Lisboa. Desconhecem-se as datas de início e conclusão da obra, que recebeu comparticipação do Fundo de Desemprego em 1954, tendo a sua urbanização sido comparticipada em 1956.

Dois anos mais tarde, a Santa Casa da Misericórdia dispunha já de um projeto para a ampliação do bairro, que não chegou a ser executado devido ao custo excessivo por fogo. Em agosto de 1961, a Misericórdia submeteu um novo anteprojeto para a construção de 6 fogos à apreciação da Direção de Urbanização de Viana do Castelo, com o objetivo de alojar famílias que habitavam em construções propriedade da mesma instituição, que viriam a ser demolidas para a construção do novo Mercado Municipal. A Direção de Urbanização apreciou o projeto favoravelmente, embora considerasse o mesmo como “moradias destinadas a famílias de alguns recursos”, sendo o custo elevado pela “maior área coberta, independência total dos fogos, excesso de escadas para número tão reduzido de fogos, equipamento mais completo do que o normalmente previsto para habitações deste tipo, como seja, banheira, bidé, etc., área de circulação interior bastante elevada.” No entanto, o projeto mereceu parecer desfavorável do Gabinete de Estudos da Habitação, que indicou, em janeiro de 1962, que a obra só seria comparticipada se as casas se destinassem a “famílias modestas, devendo o seu custo situar-se no valor médio de cerca de 40 contos/fogo”. O projeto foi alterado ao longo de 1962 e, em novembro desse ano, a obra foi adjudicada ao empreiteiro Luís Fernandes da Silva Carvalho. Os trabalhos decorreram entre fevereiro e julho de 1963.

Em 1966, a Santa Casa da Misericórdia avançava com a última fase de construção do bairro. Em novembro, a instituição solicitou ao Ministério das Obras Públicas um subsídio para a construção de 8 fogos na continuidade dos 6 anteriormente construídos, num terreno onde existiam 19 casas, ocupadas por famílias de baixo rendimento, que se pretendiam demolir. O subsídio foi aprovado em dezembro do mesmo ano. No entanto, em março de 1967, o Gabinete de Estudos de Habitação da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais questionava a localização do bloco projetado em anexo a uma capela existente. A apreciação da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização, emitida no mês seguinte, repetia a preocupação, insistindo que a nova construção deveria ficar isolada da capela. Em resposta, o provedor da Santa Casa da Misericórdia informou que a capela nunca se tinha encontrado isolada, mas sim encostada ao antigo Recolhimento, que se pretendia substituir por novas construções. Um ano mais tarde, em maio de 1968, a comparticipação foi autorizada pelo Subsecretário de Estado das Obras Públicas. Em junho, a obra foi adjudicada ao empreiteiro Luís Enes Fernandes Mina, tendo as obras sido iniciadas em outubro. Em dezembro do mesmo ano, o bloco encontrava-se em fase final de construção, impondo-se então a realização de obras de urbanização.

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