A Casa do Povo de Anha foi constituída em fevereiro de 1937, abrangendo uma freguesia com 4.000 habitantes, em 1944.

Os primeiros anos de existência da Casa do Povo foram atribulados. Por um lado, foram marcados pela resistência de antigos núcleos do Partido Democrático à instituição - resistência essa que se considerava, num relatório de inspeção de 1944, “destituída de perigo, presentemente, pois o principal chefe da oposição - um importante lavrador da localidade - esteve cerca de 3 anos detido nas prisões da PVDE”. Referia-se a utilidade desse exemplo, "pois os acólitos do irrequieto “caudilho” desapareceram ou aquietaram-se.” Por outro lado, de acordo com o mesmo relatório de 1944, a ação da Casa do Povo foi, durante estes anos, dominada pelo problema da construção do seu edifício-sede, iniciada e finalizada em 1940, por um custo total de 74.617$00. Para esta construção, a Casa do Povo recebeu uma comparticipação do Estado de 33.333$26, e outra, entre 1942 e 1943, para o arranjo do terreno anexo. Em 1944, funcionavam nas instalações da Casa do Povo a Junta de Freguesia e um posto médico.

Após ultrapassados os encargos com a construção da nova sede e até, pelo menos, 1954, os relatórios de inspeção à Casa do Povo descrevem um período de ação intensa da instituição. Através de um acordo com o Grémio da Lavoura, a Casa do Povo facilitava as entregas e distribuição dos contingentes de milho e sulfato de cobre, numa freguesia então essencialmente agrícola, que produzia milho, trigo, centeio, cevada, vinhas, frutas e madeiras, e vendia os seus produtos nos dias de feira, em Viana do Castelo, Darque e Capareiros. Em 1954, dispunha de um grupo cénico, de uma banda de música e tinha criado, há alguns anos, duas escolas de instrução primária, numa das quais funcionava um curso noturno para os sócios. Na mesma altura, a Casa do Povo vinha também a desenvolver esforços para a resolução de problemas locais, “como seja um distribuidor de correio local (já conseguido), um posto telefónico público (também já conseguido e que ficou instalado na Casa do Povo), ligação com Viana do Castelo por carreira diária de camionete, a criação de um posto municipal rural de bombeiros”, a construir em terreno da Casa do Povo, anexo à sua sede.

No entanto, em 1961, relatava-se um decréscimo na ação da Casa do Povo, que vinha a conceder poucos dos subsídios a que era obrigada e, de toda a atividade, mantinha apenas a banda de música.

Ao longo das décadas seguintes, a Casa do Povo de Vila Nova de Anha foi conhecendo diferentes valências, conforme nos contou Filipe Silva, presidente da Junta de Freguesia da localidade em 2024. Aquando da criação da Extensão de Saúde de Vila Nova de Anha, entre a segunda metade da década de 1970 e a década de 1980, esta foi instalada na Casa do Povo. No final dos anos 1980, com a construção do novo edifício do Centro Social Paroquial, esta valência foi transferida para essas instalações. Não mantendo já a função social que caracterizava a ação das Casas do Povo até ao 25 de Abril de 1974, e perdendo então a valência da saúde, a Casa do Povo começou a dedicar-se exclusivamente à vertente cultural, com a criação do Rancho Folclórico, em 1983 e, na década seguinte, de um grupo de teatro - duas atividades que continuavam a existir em 2024. Na mesma altura, as instalações da Casa do Povo eram ocasionalmente utilizadas para atividades desportivas, tais como ginástica funcional, pilares e dança.

Para mais detalhes, consultar a secção Momentos-chave, abaixo.

Para o registo pormenorizado dos testemunhos recolhidos sobre a experiência e memórias de uso deste edifício, consultar a secção Documentação, abaixo.